23.1.18

À Deriva

Para onde vai a política brasileira?
Em destroços, caminhamos. Em repiques, andamos. Saltam aos olhos de quem quer que seja o quanto estão maltratando a vida pública nacional. Sem vergonha alguma são tomadas medidas absurdas e impopulares. Os compromissos com a nossa Nação são resolvidos num balcão de interesses escusos. Tudo gira em torno da manutenção do poder e dos privilégios. Que se dane o povo, dizem eles.
Um presidente fraco, interessado apenas em preservar-se no poder e criar uma fictícia imagem para a posteridade.
Um governo cambaleante e sem rumo algum e a tendência que se avizinha, infelizmente, é piorar.
Nunca vi na história da política brasileira tamanho desatino com as coisas populares e as coisas de Estado. São pobres no caráter e na entrega de resultados à população. Herdaram o descalabro e deles se fizeram seus continuadores com novos ares. Tudo titubeia. Tudo se obscurece. Tudo se deteriora.
O governo é reflexo do nosso sistema político carcomido e indefeso. Jogam-se com as regras do jogo para burlá-lo mais à frente. Que venham as eleições e lá tracemos o nosso futuro – dizem para si a maioria.
Uns poucos que bradam pela verdade e pela decência é como se pregassem ao deserto – pobres idealistas de uma causa que parece morta.
Ainda bem que recentemente a Justiça brasileira tenha se levantado contra as ilegalidades e se convertido no verdadeiro bastião da democracia e dos direitos. Não fosse ela, estaríamos irremediavelmente caracterizados como uma república de bananas.
Eu grito do lado de cá da vida e faço eco a outros tantos que veem este descalabro e tentam, de alguma sorte, influenciar os destinos da nação para que não se caia definitivamente à deriva.
São lutadores da democracia que não cansam de defender os interesses do País no além físico. Tancredo Neves não dorme com tanta preocupação em resolver algumas questões fundamentais que ele denomina como “nós-górdios da democracia brasileira”. Também fala das suas decepções e amarguras, mas sabe que cada um responde pelas suas ações e o que pode fazer é lamentar e pedir que cada um resgate a sua própria dignidade em vida.
Ulysses Guimaraes fica num pé e noutro, para lá e para cá, no Congresso Nacional e nos bastidores do governo, tentando influenciar pela inspiração que, os poucos que ainda o ouvem do velho MDB, digam um basta a tanto despautério e desordem. Pergunta-se, vez por outra, onde foi que eu errei?
Há outros, como Mário Covas e Villas-Bôas Corrêa, que tratam comigo de assuntos de ordem ética. Os comentários de cada um dariam facilmente para fazer um livro de grande monta para a nossa gente.
Eu estive, dia desses, com o espírito que se denominou numa de suas reencarnações como Tiradentes. Ele está febril com esta situação que se desenrola no nosso País. Febre de preocupação e desolamento porque não vê outra saída, a curto prazo, senão uma debandada de todo o pessoal que aí está e, em seu lugar, colocar uma “moçada” que já está preparada para mudar os rumos desse País.
Cada um, portanto, a seu modo, faz alguma coisa para que, num futuro próximo, tenhamos mais estabilidade política e econômica para podermos guiar a nossa nação em correntes mais calmas e numa direção mais tranquila e firme.
O povo, em todo o caso, deve ser o protagonista desses novos dias. A responsabilidade é tamanha e esperamos que o jogo democrático nos leve a melhores dias. Que as perdas ocorridas há pouco no cenário nacional não sejam repetidas por escolhas equivocadas. A soberania popular acima de tudo, mas devemos, no flanco que estamos, tentar mostrar as nossas ideias e, igualmente, praticar a boa política, respeitando a opinião geral da nação.
Fico aqui neste espaço – e noutros que me dão guarida – a apresentar as minhas ideias e esperando grandemente ser ouvido. Não para segui-las, porque este não é o meu intento, mas que possam ser analisadas à luz do bom senso e praticadas à medida que haja a concordância, influenciando outros, sensibilizando alguns mais.
Nossa luta é pela glória da nação. Não confundam com interesses políticos menores, indicando que se deve votar em candidato a ou b. Isso não. Compete-nos, no entanto, dar a nossa opinião e sermos coadjuvantes de um novo amanhã para o nosso Brasil.

Joaquim Nabuco – Blog Reflexões de um Imortal

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