Continuando com as nossas
reflexões sobre o capítulo 40 – “Quem Semeia Colherá”, de “Nosso Lar”, André
Luiz – notemos – afirma que foi ele a se sentir atraído para uma “visita ao
departamento feminino das Câmaras de Retificação”, na qual Elisa se encontrava
internada. Interessante: o espírito compromissado se sente, espontaneamente,
atraído pelo compromisso assumido perante a Lei Divina, insculpida na
consciência!...
Elisa, conforme nos relata
André, sequer conseguira identificá-lo, mas ele não tivera grande dificuldade
em reconhecê-la.
Narcisa, a respeito,
pronuncia frase lapidar, que nos merece meditação atenta: “Todos nós, meu
irmão, encontramos no caminho os frutos do bem ou do mal que semeamos. Esta
afirmativa não é frase doutrinária, é realidade universal.” (grifamos)
*
Precisamos ainda colocar em
destaque o seguinte: quando André teve rápido envolvimento com Elisa, ele,
então, era muito jovem, e ela, ao que tudo indica, era mais experimentada no
campo da sedução afetiva. Todavia, mesmo assim, a sua consciência não deixou
de, parcialmente, responsabilizá-lo pelo destino da infeliz jovem que se
entregara aos desmandos da existência.
Quando André, sem se
identificar, pergunta a Elisa se ela o odiava, a moça respondeu:
- “No período do meu
sofrimento anterior, amaldiçoava-lhe a lembrança, nutrindo por ele um ódio
mortal; mas a irmã Nemésia modificou-me. Para odiá-lo, tenho de odiar a mim
mesma. No meu caso, a culpa deve ser repartida. Não devo, pois, recriminar
ninguém.”
*
Sobre a Terra, na condição de
encarnados, são muitos os que imaginam que as suas faltas – principalmente as
consideradas mais leves –, cometidas em momento de imaturidade ou insensatez,
ficarão esquecidas... Ledo engano! A Lei é a Memória Integral da Vida, e, com
certeza, conforme nos ensinou Jesus: “Até que o céu e a terra passem nem um i
ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra.” Ou seja: o espírito
não se sentirá redimido, enquanto, num canto qualquer de sua consciência,
permanecer a mais insignificante pendência cármica.
*
Vejamos ainda mais: muitos
anos haviam se passado do ligeiro caso entre André e Elisa, todavia, ela sequer
lhe esquecera do timbre de voz... Evidentemente, André não era mais o jovem de
antanho, e, por certo, o tempo lhe alterara a fisionomia e até mesmo o som da
voz – não obstante, o rapaz marcara tão profundamente o espírito da jovem que
ela o “adivinhava”: - “E a sua voz – disse Elisa, ingenuamente – parece a
dele.”
André, embora não se
revelasse de pronto, por razões expostas no capítulo, não estava com a intenção
de disfarce, mas, o credor sempre pressente a presença do devedor – aliás, o
“pressentimento” entre André e Elisa era recíproco – um parecia estar à espera
do outro! Por que ambos ter-se-iam conduzido, quase no mesmo período, a “Nosso
Lar”?!
*
Mais tarde, quando André
desencarna, e, então, a sua esposa, Zélia, consorcia-se com Ernesto, não
estaria ele já se submetendo à chamada “lei de talião”?! Não estaria agora, por
sua vez, experimentando o abandono afetivo a que votara uma jovem de quem arrebatara
o coração?!
*
Qual haveria de ser, junto a
André, o futuro de Elisa?!
Não há quem nos cruze o
caminho por mera obra do acaso.
A mãezinha de André Luiz não
havia comunicado a ele a intenção de reencarnar proximamente com o intuito de
auxiliar o ex-esposo, Laerte, em relação a duas mulheres que, em novo
matrimônio com ele, haveriam de receber na condição de filhas?!...
*
Não convém, pois, que
coloquemos apenas as “barbas de molho” – coloquemos todos os “pelos” que nos
cresçam no corpo e na alma, com os quais, muitas vezes, aos olhos argutos da
Lei, pretendemos, inutilmente, ocultar as nossas próprias faltas.
INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade
na Internet
Uberaba, 18 de dezembro de
2017.
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