17.12.17

A SAÍDA DE CHICO XAVIER DA COMUNHÃO ESPÍRITA CRISTÃ

Quando Chico rompeu com a Comunhão Espírita, em 1975, eu ocupava lá o cargo de secretário. Participei da reunião de diretoria em que ele comunicou e seu desligamento. Estava brabo. Não deixou ninguém abrir a boca. O tempo todo, somente ele falava. Em diversas oportunidades, havia avisado que se a instituição continuasse a crescer ele sairia.
Haviam colocado aparelhos de ar-condicionado nas paredes do salão do Centro. Ele mandou arrancar. Protestou contra o piso de cerâmica caro com que substituíram o chão de vermelhão queimado.
- Eu não posso ficar num centro em que as pessoas pobres tenham vergonha de entrar... Se alguma estiver doente e passar mal, como é que há de vomitar neste chão? – disse com energia.
E tem gente mal-informada que diz que Chico era moleirão. Não sabe o que diz e escreve.
Conversando com os diretores da CEC, ele chegou a dar tapas na mesa! Eu testemunhei isso com os meus próprios olhos:
- Mas, Chico, - argumentou um dos diretores – como é que a casa há de sobrevier sem você? Como manter o serviço de assistência, a sopa?...
Ele respondeu:
- Enquanto vocês trabalharem com desinteresse, na caridade, Jesus não há de deixar faltar nada... A obra pertence a ele, e não a mim, ou a você. O Espiritismo não depende de Chico Xavier, ou de qualquer outro, seja médium ou não.
Passado o primeiro impacto, os diretores do CEC deliberaram voltar à carga, pressionando para que ele ficasse. Elegeram, então o Dr. Hernani, a quem Chico respeitava muito, agora na casa do médium. Mais uma vez, Chico foi firme e incisivo:
- Tenho muito respeito pelo senhor, Dr. Hernani, mas elegeram o senhor como “testa de ferro”... O senhor quase  nunca aparece em nossas reuniões, não participa ativamente não sabe o que acontece ou o que deixa de acontecer. O senhor vai me perdoar, mas a minha decisão está mantida e é irrevocável. Eu já dei à Comunhão o que eu poderia ter dado – estou doente e vou trabalhar numa casa menor, compatível com as minhas atuais possibilidades de saúde.
Não houve recurso. Chico, quando tomava uma decisão, dificilmente voltava atrás! Recordo-me de que, na última reunião pública de que participou, ele me disse ao sair, sem que, na minha imaturidade, eu pudesse entender:
- E você tome cuidado, porque agora á você que eles vão querer colocar sentado nesta cadeira... – disse-me apontando para a sua cadeira vazia. – Vão querer você trabalhando como médium para eles.


Livro: Chico Xavier - o médium de pés descalços – Carlos A Baccelli

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