Quando Chico rompeu com a
Comunhão Espírita, em 1975, eu ocupava lá o cargo de secretário. Participei da
reunião de diretoria em que ele comunicou e seu desligamento. Estava brabo. Não
deixou ninguém abrir a boca. O tempo todo, somente ele falava. Em diversas
oportunidades, havia avisado que se a instituição continuasse a crescer ele
sairia.
Haviam colocado aparelhos de
ar-condicionado nas paredes do salão do Centro. Ele mandou arrancar. Protestou
contra o piso de cerâmica caro com que substituíram o chão de vermelhão
queimado.
- Eu não posso ficar num centro em que as pessoas
pobres tenham vergonha de entrar... Se alguma estiver doente e passar mal, como
é que há de vomitar neste chão? –
disse com energia.
E tem gente mal-informada que diz que Chico era moleirão. Não sabe o que diz e escreve.
E tem gente mal-informada que diz que Chico era moleirão. Não sabe o que diz e escreve.
Conversando com os diretores
da CEC, ele chegou a dar tapas na mesa! Eu testemunhei isso com os meus
próprios olhos:
- Mas, Chico, - argumentou um
dos diretores – como é que a casa há de sobrevier sem você? Como manter o
serviço de assistência, a sopa?...
Ele respondeu:
- Enquanto vocês trabalharem com desinteresse, na
caridade, Jesus não há de deixar faltar nada... A obra pertence a ele, e não a
mim, ou a você. O Espiritismo não depende de Chico Xavier, ou de qualquer outro,
seja médium ou não.
Passado o primeiro impacto,
os diretores do CEC deliberaram voltar à carga, pressionando para que ele
ficasse. Elegeram, então o Dr. Hernani, a quem Chico respeitava muito, agora na
casa do médium. Mais uma vez, Chico foi firme e incisivo:
- Tenho muito respeito pelo senhor, Dr. Hernani, mas
elegeram o senhor como “testa de ferro”... O senhor quase nunca aparece em nossas reuniões, não
participa ativamente não sabe o que acontece ou o que deixa de acontecer. O
senhor vai me perdoar, mas a minha decisão está mantida e é irrevocável. Eu já
dei à Comunhão o que eu poderia ter dado – estou doente e vou trabalhar numa
casa menor, compatível com as minhas atuais possibilidades de saúde.
Não houve recurso. Chico,
quando tomava uma decisão, dificilmente voltava atrás! Recordo-me de que, na
última reunião pública de que participou, ele me disse ao sair, sem que, na
minha imaturidade, eu pudesse entender:
- E você tome cuidado, porque agora á você que eles
vão querer colocar sentado nesta cadeira... – disse-me apontando para a sua cadeira vazia. – Vão querer você trabalhando como médium
para eles.
Livro: Chico Xavier - o médium de pés descalços – Carlos A Baccelli
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