Questão 194 do Livro dos Espíritos
NUNCA
DEGENERAR
O espírito de um homem de bem, jamais volta à
Terra animando o corpo de um celerado. Não há condições de um espírito
retroceder em seus sentimentos; ele sempre avança, esta é a lei do progresso,
que é força de Deus. No entanto, a alma de um celerado em uma reencarnação,
pode, em outra, voltar animando o corpo de um homem regenarado; basta
arrepender-se e continuar se esforçando, para não cair em faltas
novamente.
A própria matéria em si não degenera, não muda para pior, a
não ser na forma. Tudo cresce nos caminhos de Deus e a nossa maior alegria é
essa, a esperança que acode nossas venturas na aquisição das qualidades nobres
que conhecemos, bem como de outras que desabrocham na criatura renovada.
A marcha da evolução da própria civilização nos mostra o progresso em tudo, e em
todos os lugares, nos homens e mesmo na natureza. Analisando as religiões,
notaremos o quanto elas progrediram desde seus nascimentos. Isso nos prova que
tudo melhora, a fim de alcançar novos dias de glória. A imortalidade é sempre a
esperança de todas as criaturas.
A Doutrina dos Espíritos tem a missão de
colocar o homem mais de perto com o mundo espiritual, treinando-o para uma
constante comunicação, de sorte a trocar experiência e abrir campo de trabalho
em favor do bem-estar da sociedade; para isso, usa a mediunidade como porta
aberta para o diálogo entre vivos e mortos. E, acima de todas as coisas, vem
trazer novas notícias da grandeza e do valor de Jesus Cristo sobre as nossas
vidas, como sendo Ele um sol que aquece as nossas almas em todas as jornadas
empreendidas. Ele faz-nos crer no valor da prece e do trabaho honrado, na
sublimidade da caridade e no respeito às leis naturais da vida. Quem disse que o
Evangelho de Jesus degenerou, esqueceu-se da misericórdia do Mestre, que aceitou
que a Boa Nova do reino fosse envolvida na letra , um vez que os homens, depois
do quarto século, não tinham capacidade de viver esse Evangelho verdadeiro, na
condição em que ele foi escrito. Jesus, por isso, prometeu, ainda em sua estada
na Terra, que enviaria outro consolador, para fazer os homens crerem na grande
esperança, relembrando tudo que Ele tinha dito em espírito e verdade. Se não
fosse assim, se houvesse degeneração, o Mestre não falaria da vinda do
consolador. Não houve, tornamos a dizer, degeneração. O que houve foi uma
espera, para que essa humanidade criasse maturidade para entender o que foi dito
pelo Mestre há dois mil anos. O progresso se encarregaria de aprontar, de educar
os homens para esse grande evento, onde a felicidade pudesse não mais figurar
como uma utopia. Agora conhecemos o Evangelho na sua plenitude, porém, não basta
somente conhecer; é preciso vivenciar os seus ensinamentos ou, pelo menos, se
esforçar para essa vivência, para então passarmos de espiritos endurecidos, para
seres conhecedores da verdade e libertos da ignorância.
Livro: Filosofia
Espírita III - João Nunes Maia - Miramez
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