20.2.13


Igreja e Fé
Depois da morte de João Paulo II tivemos um ambiente de confusão na Igreja Católica. O que fazer? Que rumos tomar? Afinal, com o papado de Woityla inauguramos a era da fraternidade pública, um pastor que ia atrás de suas ovelhas viajando mundo afora. Um carisma ímpar que atraía multidões e atenção à Igreja. Um papa, porém, profundamente conservador nas práticas e costumes. Assim foi João Paulo II que tanto bem trouxe a humanidade. Depois veio o Cardeal Ratzinger. Uma interrogação. Um homem que se destacara pelo seu vigor teológico e não pela sua prática sacerdotal.
O homem se sobrepôs ao papa. É certo que ele mudou algumas posturas que se esperava mais radical, mas nada de novo se fez numa Igreja cambaleante a procura de luz. Ratzinger fez o que pode dentro de suas limitações. É um soldado da Igreja e procurou cumprir o que lhe cabia e fez até onde pode. Até onde as suas forças intelectuais e físicas permitiram. Até onde a política de Roma permitiu. Um gesto nobre o fez transferir a responsabilidade de condução da Igreja para outro irmão em Cristo, não mais ele. Ele desistiu porque não encontrou mais meios para prosseguir na sua luta pastoral. Foi digno de sua parte e inaugurou, depois de algum tempo, uma era nova para a Igreja, uma era de renúncia papal.
Mas o que se espera para a Igreja do Cristo?
Há muito tempo me junto ao coro daqueles que desejam mudanças, mudanças graves no seio da Igreja. A Igreja não pode mais tomar decisões como se estivesse isolada no mundo. Não mais. Os tempos medievais se foram. A sociedade que vivemos é plural, mais intelectualizada, com novos anseios, sobretudo de liberdade, e há temas complexos, uma agenda nova, que a Igreja necessita se posicionar e até liderar comportamentos.
O que vejo atualmente é uma Igreja triste. Uma Igreja paralisada, amarrada, sem forças para agir. Quando o faz é para coibir práticas, proibir ações libertadoras e por aí adiante. A Igreja precisa renovar-se. Pena que o atual papa não conseguiu liderar este movimento de mudanças tal como fez oportunamente o nosso querido João XXIII. Ele sim entendeu seu tempo e além dele. Ao promover o Concílio Vaticano II abriu a Igreja para o mundo e é exatamente isto que precisamos hoje: abrir a Igreja para o mundo.
Para este tentame, o diálogo é fundamental. Não há como se inserir num mundo novo sem conhecê-lo melhor, sem sentir o pulsar do povo, suas angústias e receios. O que pretendemos do lado de cá da vida é novamente conspirar para o bem. Vamos influenciar sim neste processo decisório. É fundamental, vital, para o futuro da Igreja.
Como fazer isso?
Vamos conversar com os “papáveis”. Vamos sugerir mudanças. Vamos procurar aqueles mais sintonizados com os tempos novos e os anseios populares. Há bons homens e com o compromisso com o Cristo em seus corações, então vamos conversar com eles durante o sono. Vamos intuí-los. Vamos sensibilizá-los.
Este jogo de bastidores, meus irmãos, é intenso nas duas esferas da vida. Não pensem que do lado de cá é diferente. Aqui, então, há outras forças que atuam decisivamente para o empobrecimento da Igreja como veículo de transformação moral dos povos. Há gente transvestida em pele de cordeiro, mas que são verdadeiros lobos da maldade. E dentro da Igreja.
Não podemos ficar de braços cruzados neste momento grave que vive o mundo. A Igreja tem sua contribuição a dar e nós, os espíritos-católicos não vamos esmorecer na tentativa de eleger um papa confiável, de moral equilibrada, de visão antecipada das coisas e que tenha coragem de conduzir a Igreja neste período de mudanças planetárias que se avizinha.
Não importa qual a sua origem geográfica, a sua raça, os seus princípios teológicos, nada disso importa, o que importa é a sua fé inquebrantável, é o seu vigor em liderar parte do povo de Deus na Terra, um homem comprometido com o Cristo, enfim.
Deixo-os com a paz de Jesus e na esperança que vamos construir tempos novos para a Igreja de Roma.
Deus ampara a todos.
Maria nos guarda com seu imenso amor.
Jesus nos guia em direção ao reino de Deus na Terra.
Um abraço,
Helder Camara

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