Igreja e Fé
Depois da morte de João Paulo II tivemos um
ambiente de confusão na Igreja Católica. O que fazer? Que rumos tomar? Afinal,
com o papado de Woityla inauguramos a era da fraternidade pública, um pastor que
ia atrás de suas ovelhas viajando mundo afora. Um carisma ímpar que atraía
multidões e atenção à Igreja. Um papa, porém, profundamente conservador nas
práticas e costumes. Assim foi João Paulo II que tanto bem trouxe a humanidade.
Depois veio o Cardeal Ratzinger. Uma interrogação. Um homem que se destacara
pelo seu vigor teológico e não pela sua prática sacerdotal.
O homem se
sobrepôs ao papa. É certo que ele mudou algumas posturas que se esperava mais
radical, mas nada de novo se fez numa Igreja cambaleante a procura de luz.
Ratzinger fez o que pode dentro de suas limitações. É um soldado da Igreja e
procurou cumprir o que lhe cabia e fez até onde pode. Até onde as suas forças
intelectuais e físicas permitiram. Até onde a política de Roma permitiu. Um
gesto nobre o fez transferir a responsabilidade de condução da Igreja para outro
irmão em Cristo, não mais ele. Ele desistiu porque não encontrou mais meios para
prosseguir na sua luta pastoral. Foi digno de sua parte e inaugurou, depois de
algum tempo, uma era nova para a Igreja, uma era de renúncia papal.
Mas o que
se espera para a Igreja do Cristo?
Há muito tempo me junto ao coro daqueles
que desejam mudanças, mudanças graves no seio da Igreja. A Igreja não pode mais
tomar decisões como se estivesse isolada no mundo. Não mais. Os tempos medievais
se foram. A sociedade que vivemos é plural, mais intelectualizada, com novos
anseios, sobretudo de liberdade, e há temas complexos, uma agenda nova, que a
Igreja necessita se posicionar e até liderar comportamentos.
O que vejo
atualmente é uma Igreja triste. Uma Igreja paralisada, amarrada, sem forças para
agir. Quando o faz é para coibir práticas, proibir ações libertadoras e por aí
adiante. A Igreja precisa renovar-se. Pena que o atual papa não conseguiu
liderar este movimento de mudanças tal como fez oportunamente o nosso querido
João XXIII. Ele sim entendeu seu tempo e além dele. Ao promover o Concílio
Vaticano II abriu a Igreja para o mundo e é exatamente isto que precisamos hoje:
abrir a Igreja para o mundo.
Para este tentame, o diálogo é fundamental. Não
há como se inserir num mundo novo sem conhecê-lo melhor, sem sentir o pulsar do
povo, suas angústias e receios. O que pretendemos do lado de cá da vida é
novamente conspirar para o bem. Vamos influenciar sim neste processo decisório.
É fundamental, vital, para o futuro da Igreja.
Como fazer isso?
Vamos
conversar com os “papáveis”. Vamos sugerir mudanças. Vamos procurar aqueles mais
sintonizados com os tempos novos e os anseios populares. Há bons homens e com o
compromisso com o Cristo em seus corações, então vamos conversar com eles
durante o sono. Vamos intuí-los. Vamos sensibilizá-los.
Este jogo de
bastidores, meus irmãos, é intenso nas duas esferas da vida. Não pensem que do
lado de cá é diferente. Aqui, então, há outras forças que atuam decisivamente
para o empobrecimento da Igreja como veículo de transformação moral dos povos.
Há gente transvestida em pele de cordeiro, mas que são verdadeiros lobos da
maldade. E dentro da Igreja.
Não podemos ficar de braços cruzados neste
momento grave que vive o mundo. A Igreja tem sua contribuição a dar e nós, os
espíritos-católicos não vamos esmorecer na tentativa de eleger um papa
confiável, de moral equilibrada, de visão antecipada das coisas e que tenha
coragem de conduzir a Igreja neste período de mudanças planetárias que se
avizinha.
Não importa qual a sua origem geográfica, a sua raça, os seus
princípios teológicos, nada disso importa, o que importa é a sua fé
inquebrantável, é o seu vigor em liderar parte do povo de Deus na Terra, um
homem comprometido com o Cristo, enfim.
Deixo-os com a paz de Jesus e na
esperança que vamos construir tempos novos para a Igreja de Roma.
Deus ampara
a todos.
Maria nos guarda com seu imenso amor.
Jesus nos guia em direção
ao reino de Deus na Terra.
Um abraço,
Helder Camara
Nenhum comentário:
Postar um comentário