26.2.13


POSIÇÕES RETRÓGRADAS

Do ponto de vista religioso, o avanço da Ciência é incompatível com as posições retrógradas que muitos adeptos do Espiritismo vêm adotando – posições excessivamente conservadoras que, em face da Razão, cerceiam a evolução do pensamento.
Estas atitudes que não se coadunam com as características da Doutrina e o seu natural dinamismo, se manifestam, por exemplo, quanto às pesquisas que vêm sendo realizadas com as células-tronco, na questão da inseminação artificial e suas implicações, no que diz respeito ao aborto terapêutico, nas experiências genéticas de natureza reprodutiva...
Aos que, em nome do Espiritismo, levantam semelhantes “bandeiras”, como se fossem os seus equivocados porta-vozes oficiais, bastaria que dessem uma olhada na resposta que os Espíritos Superiores forneceram à questão de número 692, de “O Livro dos Espíritos”, para que passassem a pensar de maneira diferente.
Vejamo-las: - O aperfeiçoamento das raças animais e vegetais pela ciência é contrário à lei natural? Seria mais conforme a essa lei deixar as coisas seguirem o seu curso normal? – Tudo se deve fazer para chegar à perfeição, e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir os seus fins. Sendo a perfeição o alvo para que tende a Natureza, favorecer a sua conquista é corresponder àqueles fins.
Evidentemente que nem tudo o que a Ciência faz, a princípio, é acertado e bom, porém não se pode negar que ela sempre está se empenhando no sentido de proporcionar maior bem estar à Humanidade.
Nós, os espíritas, não podemos esquecer de que foi a própria ortodoxia religiosa que, no passado, provocou a cisão existente entre Religião e Ciência, dando ensejo ao materialismo.
Em vão, a pretexto de salvaguardar duvidosa ética, os extremistas se oporão ao progresso da Ciência, que simplesmente continuará a ignorá-los em seu fanatismo.
Na questão 782, de “O Livro dos Espíritos”, Kardec interrogou: - Não há homens que entravam o progresso de boa fé, acreditando favorece-lo, porque o veem segundo o seu ponto de vista, e frequentemente onde ele não existe? Resposta: – Pequena pedra posta sob a roda de um grande carro e que não a impede de avançar.
Convém, portanto, que os espíritas em geral, em vez de organizarem passeatas contra o progresso inexorável, inclusive no delicado campo do relacionamento entre dois seres, como no caso da chamada união homoafetiva, esmerem-se no sentido de fazer com que a Ciência se aproxime da Fé, porque, se a Fé sem a Ciência é mero fanatismo, a Ciência sem Fé é perversão dos valores da inteligência.
O Espiritismo, através de suas mentes arejadas, precisa começar a pensar grande, entendendo que, no mundo atual, não há espaço para o moralista espírita, que, substituindo a Bíblia pelo “O Livro dos Espíritos”, esbraveja colérico, de boca espumante, erguendo-o como se fosse uma pedra a ser atirada contra os infiéis...
São novos, extremamente novos, os tempos que se anunciam, e se o Espiritismo deseja manter-se atual em sua Mensagem, que acreditamos seja de Vida Eterna, não cometa a asneira que, ao se oporem à força avassaladora do avanço da Ciência, praticamente, todas as religiões cometeram, e, justamente por isto, se encontram agora agonizantes em seu leito de morte.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 25 de fevereiro de 2013. 

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