POSIÇÕES RETRÓGRADAS
Do ponto de vista
religioso, o avanço da Ciência é incompatível com as posições retrógradas que
muitos adeptos do Espiritismo vêm adotando – posições excessivamente
conservadoras que, em face da Razão, cerceiam a evolução do pensamento.
Estas
atitudes que não se coadunam com as características da Doutrina e o seu natural
dinamismo, se manifestam, por exemplo, quanto às pesquisas que vêm sendo
realizadas com as células-tronco, na questão da inseminação artificial e suas
implicações, no que diz respeito ao aborto terapêutico, nas experiências
genéticas de natureza reprodutiva...
Aos que, em nome do Espiritismo,
levantam semelhantes “bandeiras”, como se fossem os seus equivocados porta-vozes
oficiais, bastaria que dessem uma olhada na resposta que os Espíritos Superiores
forneceram à questão de número 692, de “O Livro dos Espíritos”, para que
passassem a pensar de maneira diferente.
Vejamo-las: - O aperfeiçoamento das
raças animais e vegetais pela ciência é contrário à lei natural? Seria mais
conforme a essa lei deixar as coisas seguirem o seu curso normal? – Tudo se deve
fazer para chegar à perfeição, e o próprio homem é um instrumento de que Deus se
serve para atingir os seus fins. Sendo a perfeição o alvo para que tende a
Natureza, favorecer a sua conquista é corresponder àqueles
fins.
Evidentemente que nem tudo o que a Ciência faz, a princípio, é acertado
e bom, porém não se pode negar que ela sempre está se empenhando no sentido de
proporcionar maior bem estar à Humanidade.
Nós, os espíritas, não podemos
esquecer de que foi a própria ortodoxia religiosa que, no passado, provocou a
cisão existente entre Religião e Ciência, dando ensejo ao materialismo.
Em
vão, a pretexto de salvaguardar duvidosa ética, os extremistas se oporão ao
progresso da Ciência, que simplesmente continuará a ignorá-los em seu
fanatismo.
Na questão 782, de “O Livro dos Espíritos”, Kardec interrogou: -
Não há homens que entravam o progresso de boa fé, acreditando favorece-lo,
porque o veem segundo o seu ponto de vista, e frequentemente onde ele não
existe? Resposta: – Pequena pedra posta sob a roda de um grande carro e que não
a impede de avançar.
Convém, portanto, que os espíritas em geral, em vez de
organizarem passeatas contra o progresso inexorável, inclusive no delicado campo
do relacionamento entre dois seres, como no caso da chamada união homoafetiva,
esmerem-se no sentido de fazer com que a Ciência se aproxime da Fé, porque, se a
Fé sem a Ciência é mero fanatismo, a Ciência sem Fé é perversão dos valores da
inteligência.
O Espiritismo, através de suas mentes arejadas, precisa começar
a pensar grande, entendendo que, no mundo atual, não há espaço para o moralista
espírita, que, substituindo a Bíblia pelo “O Livro dos Espíritos”, esbraveja
colérico, de boca espumante, erguendo-o como se fosse uma pedra a ser atirada
contra os infiéis...
São novos, extremamente novos, os tempos que se
anunciam, e se o Espiritismo deseja manter-se atual em sua Mensagem, que
acreditamos seja de Vida Eterna, não cometa a asneira que, ao se oporem à força
avassaladora do avanço da Ciência, praticamente, todas as religiões cometeram,
e, justamente por isto, se encontram agora agonizantes em seu leito de
morte.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 25 de fevereiro de 2013.
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