ANDRÉ LUIZ/CHICO XAVIER
Precisamos compreender que a
redação erudita e gramaticalmente perfeita nas obras de André Luiz, pertence a
ele, o seu Autor espiritual. Os diálogos são recontados por ele, de vez que,
com certeza, a palavra dos espíritos infelizes não poderia ser tão precisa em
seus argumentos quanto nos parece ser. André realizou verdadeira síntese,
preservando, claro, a essência das lições transmitidas. E, em mediunidade, é
quase sempre assim que acontece, cabendo ao espírito autor de qualquer obra, em
parceria com o médium, tornar a sua redação tão clara e fiel quanto possível
aos acontecimentos, sem, no entanto, faltar com a verdade dos fatos aos
leitores.
*
No capítulo sobre o qual
refletimos – “Operações Seletivas” –, André continua a relatar a palavra de um
dos “juízes” que efetuava a avalição daquela pequena multidão desencarnada,
distribuindo sentenças de acordo com a sua orientação teológica – um tribunal
“montado” além da morte, para “suprir” as expectativas daqueles que,
mentalmente, esperavam ser “julgados”, a fim de que, segundo as suas concepções
de crença religiosa, fossem destinados ao Céu, ao Inferno ou ao Purgatório.
Impressionante como a sugestão mental prevalece nos espíritos por séculos,
incapazes de conceberem ideias diferentes das que lhe foram impostas.
*
“Amaldiçoados sejam pelo
Governo do Mundo – prosseguia o implacável “juiz” – quem nos desrespeite as
deliberações, baseadas, aliás, nos arquivos mentais de cada um.”
“Quem nos acusa de crueldade?
Não será benfeitor do espírito coletivo o homem que se consagra à vigilância de
uma penitenciária? e quem sois vós, senão rebotalho humano? Não viestes, até
aqui, conduzidos pelos próprios ídolos que adorastes?”
Notemos que o espírito estava
convicto de que, em nome das Leis Divinas, lhe competia julgar e sentenciar
aquelas almas fora do corpo, que haviam cometido inúmeros equívocos na
experiência terrestre...
*
Ante a turba que começou a
gritar por perdão, o “magistrado” continuou:
“Perdão? Quando desculpastes
sinceramente os companheiros de estrada? onde está o juiz reto que possa
exercer, impune, a misericórdia.”
Por mais nos pareça estranho,
concluímos que, infelizmente, tais “tribunais” são necessários por corrigenda
às mentes infantilizadas, que não estão amadurecidas para as realidades que
transcendem.
*
Neste instante, o “juiz”
solicita que se aproxime uma mulher, determinando que ela confessasse os seus
crimes.
“A desventurada senhora bateu
no peito, dando-nos a impressão de que rezava o ‘confiteor’ e gritou,
lacrimosa:
- Perdoai-me! Perdoai-me, ó
Deus meu!”
E começa a relatar que matara
quatro filhinhos, com o auxílio de seu esposo, que lhe fora comparsa.
O “magistrado” indaga, em voz
alta:
“Como libertar semelhante
fera humana ao preço de rogativas e lágrimas?”
“A sentença foi lavrada por
si mesma! não passa de uma loba, de uma loba, de uma loba”...
A ali, de consciência
culpada, a recordação de seus crimes vindo à tona, o espírito daquela mulher,
sob a indução hipnótica das palavras do “magistrado”, começa a se transfigurar,
no fenômeno denominado “licantropia”...
*
Quantos de nós não traremos,
escondida sob a condição humana, a forma de uma fera qualquer?! Quantos,
realmente, pelos crimes cruéis que são capazes de praticar, mais nos parecem
animais do que gente?! – com todo o respeito que os animais, nossos irmãos
inferiores, nos merecem, muitos deles em condições de docilidade que os
considerados humanos ainda não demonstram possuir?!...
INÁCIO FERREIRA – Blog
Mediunidade na Internet
Uberaba – MG, 24 de dezembro
de 2018 (*).
(*)
Informamos aos nossos irmãos e irmãs que estaremos de volta com as postagens do
Blog no dia 21 de janeiro de 2019. Muito grato.
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