I. O QUE É?
A prece ou oração é um dos modos de nos
comunicarmos com o plano espiritual superior, para:
- pedir: por nós ou pelos outros, o que
precisamos; Jesus estimulou-nos à oração, quando disse: "Pedi, e
dar-se-vos-á..." (Mateus, 7 vs. 7 a 11);
- agradecer: pelo que já recebemos ou
estamos recebendo; Jesus, exemplificou várias vezes dando graças a Deus (Marcos
8, v. 7; Mt. 26, v. 27; João 11, v. 41-42);
- louvar: quando, sentindo e entendendo a
sabedoria, bondade e poder de Deus, manifestamos-lhe nossa admiração,
contentamento, confiança. (Mateus, 5 v. 16.)
II. EFICÁCIA
Há quem não veja finalidade maior na prece
ou duvide de sua eficácia, argumentando:
1) Deus não precisa de nossos louvores ou
agradecimentos. E é inútil expor-lhe nossas necessidades, porque Ele tudo sabe
e, portanto, já as conhece.
2) Tudo no Universo se encadeia por leis
divinas e eternas, que as nossas súplicas não podem mudar.
Quem assim argumenta não sabe o que é a
oração nem como ela funciona.
Respondamos, de início:
a) Deus realmente não precisa de nossos
louvores ou agradecimentos, mas certamente se interessa pelos sentimentos de
suas criaturas. E nós temos necessidade de nos comunicarmos com o Pai, dando
expansão aos sentimentos puros, falando de nossas dificuldades e anseios a quem
é fiel e amigo, para ouvir, que nos entende e não nos atraiçoa.
b) Graças a Deus que há leis naturais e
imutáveis, que não podem ser derrogadas ao capricho de qualquer um. Se bastasse
pedir para obter, teríamos o caos no Universo, com tanto pedido infantil,
mesquinho, perverso, injusto.
A prece não derroga mesmo nenhuma das leis
divinas. Mas pode acioná-las em nosso favor. Ao orar, usamos a capacidade de
agir e pensar que Deus nos concede. Se obtivermos resultado favorável é porque
o que havíamos pedido era possível, faltando apenas que movimentássemos nossas
forças nesse sentido, o que fizemos com a oração.
III. MECANISMOS E EFEITOS
Para entender isto é preciso conhecer como
a oração funciona.
Ao orar numa prece sincera, verdadeira:
a) Abrimos as comportas da alma, emitindo o
pensamento aliado ao sentimento, dirigindo-o com a vontade.
b) As irradiações do nosso pensamento e
sentimento são propagadas pelo fluido universal, indo atingir seres (encarnados
ou não) ou planos de energia, formando-se entre nós e eles uma corrente
fluídica.
Como resultado da oração, temos uma extensa
variedade de efeitos, sempre benéficos, tais como:
1) O exame melhor, e de um ponto de vista
superior, do assunto que nos preocupa, permitindo vermos novos ângulos e
encontrarmos solução para eles ou, ao menos, motivos de aceitação ou
suportação.
2) Captação de pensamentos e energias
reconfortantes, fortalecedoras.
3) Atração de bons espíritos, que nos
ajudarão de todas as maneiras possíveis, até mesmo intervindo na solução dos
problemas, se as leis divinas permitirem.
Por tudo isso, o que, antes de orarmos,
parecia insolúvel ou insuportável, depois de orarmos encontra solução ou, ao
menos, se torna suportável, porque ficamos mais esclarecidos a respeito ou mais
fortalecidos para enfrentar e vencer.
- Prece Intercessória
Todos esses benefícios que obtemos para nós
com a prece, podemos proporcionar a outras pessoas, quando oramos por elas.
Podemos orar assim, também, pelos
desencarnados. Os espíritos, como os encarnados, gostam de ser lembrados nas
vibrações benéficas da prece. Os espíritos sofredores, ao serem lembrados,
sentem-se menos abandonados e infelizes; as preces lhes aliviam os sofrimentos
e os orientam para o arrependimento e a recuperação espiritual. ("O Céu e
o Inferno", de Allan Kardec, 2a parte.)
IV. COMO ORAR?
Não há posturas nem fórmulas especiais para
a oração, pois ela é uma ação espiritual.
As preces que os bons espíritos nos ensinam
visam:
- orientar aqueles que pensam que não oram
por não saberem coordenar seus pensamentos e colocá-los em palavras;
- chamar nossa atenção para determinados
assuntos e verdades espirituais.
Jesus, em várias passagens do Evangelho,
ensina como deve ser nossa atitude espiritual ao orar:
- Com humildade
Temos de reconhecer nossa necessidade e
estarmos receptivos.
Na parábola do Fariseu e do Publicano
(Lucas, 18 vs 10-14), o primeiro orava com orgulho, achando-se muito correto e
melhor que os outros, enquanto que o publicano se reconhecia errado e pedia
misericórdia; o fariseu continuou como estava; o publicano recebeu o amparo
pedido.
- Sem ressentimentos
Não podemos estar em clima de mágoas ou
desejo de vingança, quer sejam:
a) Nossos para com outros: "Mas quando
estiverdes em pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra
alguém, para que também vosso Pai que está nos céus vos perdoe os vossos
pecados". (Marcos, 11 vs. 25-26.)
b) De outros para conosco: "Se estás,
portanto para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares que teu irmão
tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai
primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta'.
(Mateus, 5, 23-24.)
- Com simplicidade
Não há necessidade de ostentação,
exterioridades (gestos, posições especiais) nem verbosidade excessiva.
"E, quando orardes, não sereis como os
hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças,
para serem vistos dos homens.
Em verdade vos digo que eles
já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e,
fechada a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em
secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os
gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis,
pois a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes
que lho peçais." (Mateus, 6 vs. 5-8.)
V. O ATENDIMENTO
Além das condições que vimos, a prece, para
ser atendida, deve:
- Ser um pedido justo
Jesus afirmou "Por isso vos digo que
tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim
convosco". (Marcos, 11 v. 24.) Naturalmente, Jesus se referia a um pedido
justo (possível, benéfico, oportuno). Em nossa ignorância, fazemos pedidos que
nos parecem justos mas, espiritualmente, talvez não o sejam. Neste caso, os
mentores espirituais não endossam nossos pedidos e até fazem pedidos contrários
aos nossos. É como Paulo esclarece: "o Espírito intercede por nós"
porque "não sabemos pedir como convém". (Romanos, 8 vs. 26-27.)
- Feito com perseverança
Geralmente, variamos muito em nossas
orações diárias, desistindo de um pedido e começando outros. Por isso, a maior
parte dos nossos incontáveis pedidos "não chega a Deus". Para obter
alguma coisa, é preciso uma certa energia (a fim de vencer a inércia das
criaturas e dos elementos) e uma certa insistência (porque o assunto às vezes
requer tempo para sua solução).
Na parábola do Amigo Importuno (Lucas I I vs.
5-13), Jesus aconselha que insistamos com fervor na oração, quando tivermos
alguma verdadeira necessidade espiritual, até obtermos o atendimento.
- Apoiado no merecimento
Existe um outro critério de avaliação
espiritual dos nossos pedidos: o do merecimento. Na Parábola do Juiz Iníquo
(Lucas, 18 vs. 1-8), depois de apresentar o caso de um juiz que não respeitava
a Deus nem temia aos homens mas acabou atendendo ao pedido de justiça de uma
viúva, porque ela insistia sempre, Jesus pergunta: "E não fará Deus
justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça
demorado em defendê-los?" O pedido justo e reiterado, formulado por quem
tem merecimento será atendido, pois toda oração assim, de alguma forma, traz
algum benefício para quem ora, mesmo que não seja o que esperávamos, mesmo que
não percebamos que fomos auxiliados.
VI. CONCLUSÕES
Quem ainda não exercitou o espírito na ação
da prece, pode descrer da força que ela possui. Quem ainda não recorreu à
prece, num momento de dor e desespero, ignora quanto conforto ela nos pode dar.
Quem não usa a prece diariamente, está perdendo oportunidades valiosas de se
ligar aos planos elevados do espírito, em que a nobreza, a bondade, o perdão, a
esperança e a paz sempre vibram e nos aguardam.
Mas quem está cumprindo seus deveres, está
orando. Quem trabalha alegre e não somente para si mesmo, está orando. Quem
estuda, procurando entender a vida e os seres, para agir com acerto, está
orando. Quem se esforça por amar e servir, está orando. Porque orar não é
apenas dizer algumas palavras ou formular alguns pensamentos. Orar é ligar-se
por uma atitude pura e ativa ao pensamento e à energia divinos que penetram
todo o Universo.
Livro: "Iniciação ao
Espiritismo", Therezinha Oliveira
Livros consultados:
De Allan Kardec:
- "O Evangelho Segundo o
Espiritismo", cap. XXVII.
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