Questão nº525
O fenômeno mediúnico é de
todos os tempos e ocioso seria mostrar, num estudo simples, o papel que lhe
cabe na gênese de todos os caminhos religiosos.
Importa anotar, porém, que os
povos primitivos, sentindo a influência dos desencarnados a lhes pesar no orçamento
psíquico, promovem medidas com que supõem garantir-lhes segurança e
tranqüilidade no reino da morte.
Egípcios, assírio-caldeus,
gregos, israelitas e romanos prestam-lhes homenagens e considerações.
E para vê-los e ouvi-los
conservam consigo certa classe de iniciados característicos.
Equivalendo aos médiuns
modernos, havia sacerdotes em Tebas, magos em Babilônia, oráculos em Atenas,
profetas em Jerusalém e Arúspices em Roma.
Administrações e
cometimentos, embaixadas e expedições, exércitos e esquadras movimentam-se,
quase sempre, sob invocações e predições.
A civilização faraônica
adquire mais largo esplendor, ao pé dos túmulos.
A comunidade ninivita
consulta adivinhos e astrólogos.
Especifica a tradição que a
alma de Teseu, em refulgente armadura, guiava as legiões helênicas, em
Maratona.
Conta o Velho Testamento que
dedos intangíveis escrevem terrível sentença no festim de Baltasar.
A sociedade patrícia celebra
as festas lemurianas, com o intuito de apaziguar os espíritos errantes.
Contudo, quase todas as
manifestações de intercâmbio, entre os vivos da Terra e os vivos da
Espiritualidade, evidenciavam-se mescladas de sombra e luz.
No delírio de símbolos e
amuletos, em nome dos mortos, estimulavam-se preces e libações, virtudes e
vícios, epopéias e bacanais.
Com Jesus, no entanto,
recolhe o homem o necessário crivo moral para definir responsabilidades e
objetivos.
Em sua luminosa passagem, o
fenômeno mediúnico, por toda parte, é intimado à redenção da consciência.
É assim que surpreendemos o
Divino Mestre afirmando-se em atitudes claras e decisivas.
Não somente induz Maria de
Magdala a que se liberte dos perseguidores invisíveis que a subjugam, mas
também a criar, em si própria, as qualidades condignas com que se fará, mais
tarde, a mensageira ideal da ressurreição.
Socorre, generoso, os
alienados mentais do caminho, desalgemando-os das entidades infelizes que os
atenazam; contudo, entretém-se, ele mesmo, com espíritos glorificados, no cimo
do Tabor.
Promete a Simão Pedro
auxiliá-lo contra o assalto das trevas e, tolerando-lhe pacientemente as
fraquezas na hora da negação, condu-lo, pouco a pouco, à exaltação apostólica.
Honorificando a humildade de
Estevão, que suporta sereno as fúrias que o apedrejam, aciona-lhe os mecanismos
da clarividência, e o mártir percebe-lhe a presença sublime, antes de se render
à imposição da morte.
Compadece-se de Saulo de
Tarso, obsidiado por seres cruéis que o transformam em desalmado verdugo, e
aparece-lhe, em espírito, na senda de Damasco, para ensiná-lo, através de
longos anos de renunciação e martírio, a converter-se em padrão vivo de bondade
e entendimento.
E continuando-lhe o
ministério divino, dispomos hoje, na Terra, da Doutrina Espírita a
restaurar-lhe as lições como força que educa o fenômeno psíquico, joeirando-lhe
as expressões e demonstrando-nos a todos que não bastam mediunidades
fulgurantes, endereçadas ao regozijo da inteligência, no palanque das teorias
ou no banquete das convicções, e sim que, sobretudo, é inadiável a nossa
purificação de espírito para o levantamento do Bem Eterno.
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