9.12.18

A REENCARNAÇÃO


    I. A VOLTA DO ESPÍRITO À VIDA CORPÓREA
    a) Metempsicose.
    Na Antiguidade, povos da Ásia (como os indus), da África (os egípcios) e da Europa (gregos, romanos e os celtas) acreditavam que o espírito do homem poderia voltar a viver na Terra em uma nova existência. Alguns deles acreditavam que pudesse vir a animar um corpo de animal e vice-versa, teoria esta denominada de Metempsicose.
    Esclarece a Doutrina Espírita que essa volta em corpo animal é impossível, pois o espírito nunca retrocede no grau de evolução alcançado, podendo apenas estacionar, temporariamente.
    b) Ressurreição.
    Era crença entre os judeus antigos a ideia de que uma pessoa, depois de morta, podia ressuscitar, isto é, ressurgir, reaparecer neste mundo. Diziam ressurreição para qualquer manifestação do espírito, fosse em vidência, aparição, materialização.
    Algumas religiões atuais falam de ressurreição como a volta à vida no mesmo corpo.
    A Ciência demonstra, porém, que a  ressurreição da carne é materialmente impossível já que, com a morte, o corpo entra em decomposição e as substâncias que o compunham se transformam e são  reaproveitadas dentro do ciclo biológico.
    E o apóstolo Paulo também já esclarecia que "a carne e o sangue não podem herdar o reino dos céus", (1 Cor. 15, v. 50) e que é "espiritual" o corpo (perispírito) com o qual continuamos a viver no Além e com o qual ressurgimos, reaparecemos, após a morte física (v. 45).
    No Evangelho encontramos menções de pessoas que teriam sido "ressuscitadas" por Jesus (Lázaro; o filho da viúva de Naim; a filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum). É que, naquele tempo, confundiam com a morte os estados de catalepsia ou de letargia; nesses estados anormais e às vezes patológicos, há perda temporária da sensibilidade e do movimento e rigidez muscular plástica; na catalepsia isso é parcial; é geral na letargia, um sono patológico que dá ao corpo a aparência de morte real.
Jesus não "ressuscitou" aquelas pessoas; o que fez foi corrigir com seu magnetismo superior o estado físico doentio, anormal, e ordenar com sua autoridade moral, que seus espíritos retomassem a atividade normal através do corpo, que ainda não havia morrido e do qual, portanto, ainda não se haviam desligado totalmente.
    c) Reencarnação.
    A Doutrina Espírita não endossa a teoria da Metempsicose nem a da Ressurreição da carne. O que o Espiritismo prega é a Reencarnação, ou seja:
o espírito, sendo imortal, não se desfaz com o corpo físico, continua a viver com o seu próprio corpo espiritual (perispírito) e pode voltar a se ligar com a matéria, formando um novo corpo, para viver outra existência na Terra.
    É uma ressurreição, um ressurgimento do espírito na carne mas não a ressurreição da carne.
    II. PARA QUÊ, ONDE E ATÉ QUANDO O ESPÍRITO REENCARNA?
    a) Para quê?
    Deus nada inútil faz. Se o espírito reencarna, é para cumprir desígnios divinos. Reencarnando, o espírito:
    - coopera na obra da criação;
    - adquire experiências (provas);
    - expia erros passados (resgates);
    - progride sempre (evolução).
    b) Onde?
    O espírito reencarna muitas vezes num mesmo mundo, apropriado ao seu grau de evolução, ou em mundos semelhantes, e em cada nova existência tem a oportunidade de dar um passo na senda do progresso, despojando-se de suas imperfeições.
    À medida que progride, se nada mais tiver a aprender num mundo, o espírito passará a reencarnar em outro mundo mais evoluído. E, assim, sucessivamente.
    Poderá, também, reencarnar em mundo inferior ao seu grau de evolução, se for para executar ali uma missão que impulsione o progresso dos seus habitantes.
    c) Até quando?
    Muito numerosas são as reencarnações, porque o progresso do espírito é lento, quase infinito.
    E não há como delimitar o número de encarnações que cada um terá de cumprir em cada globo, pois o espírito evolui mais depressa ou mais devagar, segundo o seu livre-arbítrio.
    Mas certamente há, no programa divino, uma previsão de tempo para que cada humanidade alcance determinado grau médio de progresso. Ao se atingir esse limite, os retardatários serão retirados do meio que progrediu mais e encaminhados para continuar o seu progresso em mundos inferiores, com os quais ainda se afinam.
    Quando se tornar um puro espírito, o espírito não reencarnará mais, justamente porque, já tendo alcançado o progresso possível nos mundos corpóreos, não mais precisará se ligar a um mundo material.
    III. DE UMA ENCARNAÇÃO PARA OUTRA
    Como, nas diversas encarnações, o espírito é o mesmo, em sua nova existência o homem pode conservar semelhanças de manifestações e traços do caráter moral das existências anteriores.
    Sofrerá porém, as modificações dos costumes de sua nova posição social.
Ex.: se de senhor ele se torna escravo, suas inclinações poderão ser diferentes e haveria dificuldade em reconhecê-lo, ante a influência do meio, da educação etc.
    Também poderá ter melhorado moralmente, poderá ter ocorrido um aperfeiçoamento considerável, que venha a mudar bastante o seu caráter. Ex.:
de orgulhoso e mau pode ter-se tornado humilde e fraterno, desde que se haja arrependido por compreender o que é verdadeiro e bom.
    O novo corpo não tem nenhuma relação com o antigo, que foi destruído.
    Entretanto, o espírito se reflete no corpo; embora este seja apenas matéria, é modelado pelas qualidades do espírito, que lhe imprimem uma certa característica, principalmente ao semblante; com razão, pois, apontam os olhos como o espelho da alma, ou seja, que o rosto, mais particularmente, reflete a alma. Não se confunda, porém, beleza física, aparência corpórea, com qualidades morais e espirituais.

Livros consultados:
De Allan Kardec:
- "O Livro dos Espíritos", 2ª parte, caps. III, IV, V e VII.
De Gabriel Delanne:
- "A Reencarnação".
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Fonte: "Iniciação ao Espiritismo", Therezinha Oliveira

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