I. A VOLTA DO ESPÍRITO À VIDA CORPÓREA
a) Metempsicose.
Na Antiguidade, povos da Ásia (como os
indus), da África (os egípcios) e da Europa (gregos, romanos e os celtas)
acreditavam que o espírito do homem poderia voltar a viver na Terra em uma nova
existência. Alguns deles acreditavam que pudesse vir a animar um corpo de
animal e vice-versa, teoria esta denominada de Metempsicose.
Esclarece a Doutrina Espírita que essa
volta em corpo animal é impossível, pois o espírito nunca retrocede no grau de
evolução alcançado, podendo apenas estacionar, temporariamente.
b) Ressurreição.
Era crença entre os judeus antigos a ideia
de que uma pessoa, depois de morta, podia ressuscitar, isto é, ressurgir,
reaparecer neste mundo. Diziam ressurreição para qualquer manifestação do
espírito, fosse em vidência, aparição, materialização.
Algumas religiões atuais falam de
ressurreição como a volta à vida no mesmo corpo.
A Ciência demonstra, porém, que a ressurreição da carne é materialmente
impossível já que, com a morte, o corpo entra em decomposição e as substâncias
que o compunham se transformam e são
reaproveitadas dentro do ciclo biológico.
E o apóstolo Paulo também já esclarecia que
"a carne e o sangue não podem herdar o reino dos céus", (1 Cor. 15,
v. 50) e que é "espiritual" o corpo (perispírito) com o qual
continuamos a viver no Além e com o qual ressurgimos, reaparecemos, após a
morte física (v. 45).
No Evangelho encontramos menções de pessoas
que teriam sido "ressuscitadas" por Jesus (Lázaro; o filho da viúva
de Naim; a filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum). É que, naquele
tempo, confundiam com a morte os estados de catalepsia ou de letargia; nesses
estados anormais e às vezes patológicos, há perda temporária da sensibilidade e
do movimento e rigidez muscular plástica; na catalepsia isso é parcial; é geral
na letargia, um sono patológico que dá ao corpo a aparência de morte real.
Jesus não
"ressuscitou" aquelas pessoas; o que fez foi corrigir com seu
magnetismo superior o estado físico doentio, anormal, e ordenar com sua
autoridade moral, que seus espíritos retomassem a atividade normal através do
corpo, que ainda não havia morrido e do qual, portanto, ainda não se haviam
desligado totalmente.
c) Reencarnação.
A Doutrina Espírita não endossa a teoria da
Metempsicose nem a da Ressurreição da carne. O que o Espiritismo prega é a
Reencarnação, ou seja:
o espírito, sendo imortal,
não se desfaz com o corpo físico, continua a viver com o seu próprio corpo
espiritual (perispírito) e pode voltar a se ligar com a matéria, formando um
novo corpo, para viver outra existência na Terra.
É uma ressurreição, um ressurgimento do
espírito na carne mas não a ressurreição da carne.
II. PARA QUÊ, ONDE E ATÉ QUANDO O ESPÍRITO
REENCARNA?
a) Para quê?
Deus nada inútil faz. Se o espírito
reencarna, é para cumprir desígnios divinos. Reencarnando, o espírito:
- coopera na obra da criação;
- adquire experiências (provas);
- expia erros passados (resgates);
- progride sempre (evolução).
b) Onde?
O espírito reencarna muitas vezes num mesmo
mundo, apropriado ao seu grau de evolução, ou em mundos semelhantes, e em cada
nova existência tem a oportunidade de dar um passo na senda do progresso,
despojando-se de suas imperfeições.
À medida que progride, se nada mais tiver a
aprender num mundo, o espírito passará a reencarnar em outro mundo mais
evoluído. E, assim, sucessivamente.
Poderá, também, reencarnar em mundo
inferior ao seu grau de evolução, se for para executar ali uma missão que
impulsione o progresso dos seus habitantes.
c) Até quando?
Muito numerosas são as reencarnações,
porque o progresso do espírito é lento, quase infinito.
E não há como delimitar o número de
encarnações que cada um terá de cumprir em cada globo, pois o espírito evolui
mais depressa ou mais devagar, segundo o seu livre-arbítrio.
Mas certamente há, no programa divino, uma
previsão de tempo para que cada humanidade alcance determinado grau médio de
progresso. Ao se atingir esse limite, os retardatários serão retirados do meio
que progrediu mais e encaminhados para continuar o seu progresso em mundos
inferiores, com os quais ainda se afinam.
Quando se tornar um puro espírito, o
espírito não reencarnará mais, justamente porque, já tendo alcançado o
progresso possível nos mundos corpóreos, não mais precisará se ligar a um mundo
material.
III. DE UMA ENCARNAÇÃO PARA OUTRA
Como, nas diversas encarnações, o espírito
é o mesmo, em sua nova existência o homem pode conservar semelhanças de
manifestações e traços do caráter moral das existências anteriores.
Sofrerá porém, as modificações dos costumes
de sua nova posição social.
Ex.: se de senhor ele se
torna escravo, suas inclinações poderão ser diferentes e haveria dificuldade em
reconhecê-lo, ante a influência do meio, da educação etc.
Também poderá ter melhorado moralmente,
poderá ter ocorrido um aperfeiçoamento considerável, que venha a mudar bastante
o seu caráter. Ex.:
de orgulhoso e mau pode
ter-se tornado humilde e fraterno, desde que se haja arrependido por
compreender o que é verdadeiro e bom.
O novo corpo não tem nenhuma relação com o
antigo, que foi destruído.
Entretanto, o espírito se reflete no corpo;
embora este seja apenas matéria, é modelado pelas qualidades do espírito, que
lhe imprimem uma certa característica, principalmente ao semblante; com razão,
pois, apontam os olhos como o espelho da alma, ou seja, que o rosto, mais
particularmente, reflete a alma. Não se confunda, porém, beleza física,
aparência corpórea, com qualidades morais e espirituais.
Livros consultados:
De Allan Kardec:
- "O Livro dos
Espíritos", 2ª parte, caps. III, IV, V e VII.
De Gabriel Delanne:
- "A Reencarnação".
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Fonte: "Iniciação ao
Espiritismo", Therezinha Oliveira
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