Estudo da “Historicidade dos
Evangelhos”.
O primeiro Evangelho a ser
escrito teria sido o de Marcos, por volta do ano 42 d.C., quando ainda estavam
vivas as testemunhas oculares dos eventos ali narrados. Logo em seguida, e
antes do ano 50, foi escrito o Evangelho de Mateus, com um texto um pouco mais
longo que o de Marcos. Pelo ano 62 d.C., o mais tardar, Lucas escreve a sua
díade: o Evangelho e os Atos dos Apóstolos, talvez em defesa de Paulo que
estava preso em Roma. Alguns acreditam que antes mesmo dos anos 70, João teria
escrito o seu Evangelho, que contém uma elaboração teológica muito maior que os
outros. A questão central está em que com estas recentes descobertas, podemos
com muita segurança, ao menos para os sinóticos, colocar a data de composição
dos Evangelhos para bem antes do ano 70, quando ainda estavam vivas as testemunhas
oculares dos eventos dos quais Jesus Cristo participou. Muitos da Escola das
Formas achavam que a descrição da destruição de Jerusalém predita por Jesus no
Evangelho de Mateus, fora ali colocada porque a comunidade que teria escrito o
Evangelho também havia presenciado a destruição, e não porque Jesus tivesse a
capacidade de prever tal acontecimento. Ora, isto se devia a uma deturpação a
quanto ao que é histórico no Evangelho. Hoje em dia esta hipótese não se
sustenta mais:
Jesus tinha, sim, a
capacidade de prever o que aconteceria no futuro, e a queda de Jerusalém foi
prevista por Ele e documentada no Evangelho de Mateus, antes que o fato
acontecesse.
O nascimento dos Evangelhos
sinóticos
Durante a década de 70 e
parte da de 80, até a sua morte em 1986, o Pe. Jean Carmignac dedicou-se ao
estudo da origem dos Evangelhos sinóticos.
Trabalhando com as
descobertas de Qumrân e sendo o principal autor de artigos na Revue de Qumran
por um longo período, ele se aprofundou nos estudos de tradução dos Evangelhos
para o hebraico. Descobriu então na tradução, versos e rimas que não aparecem
nos textos gregos. Isto acontecia aos milhares. Os indícios de que os
Evangelhos de Marcos e de Mateus foram escritos originalmente em hebraico
estavam se confirmando. Antes de morrer, ele estava preparando alguns livros
para os especialistas da área, com farta
documentação que comprovava a
sua tese. Além disso, verificou que o Evangelho de Marcos teria sido escrito
originalmente por Pedro em hebraico, e Marcos teria sido o seu tradutor para o
grego.
Evidência interna no
Evangelho de Lucas
Lucas, que escreveu o seu
Evangelho a partir de Paulo, e que foi, dos três sinóticos, o mais tardio, como
vimos anteriormente, tem em seu Prólogo o seguinte texto (Lc 1,1-4): 1 Visto
que muitos já tentaram compor uma narração dos fatos que se cumpriram entre nós
- 2 conforme no-los transmitiram os que, desde o princípio, foram testemunhas
oculares e ministros da Palavra - 3 a mim também pareceu conveniente, após
acurada investigação de tudo desde o princípio, escrever-te de modo ordenado,
ilustre Teófilo, 4 para que verifiques a solidez dos ensinamentos que
recebeste.
Ora, Lucas afirma não ser o
primeiro a escrever um Evangelho e diz que se baseou nos fatos narrados pelas
testemunhas oculares dos acontecimentos ocorridos com, e que envolveram, Jesus
Cristo, tendo providenciado uma "acurada investigação de tudo desde o
princípio". Este é um relato que evidencia a autenticidade e a
historicidade do Evangelho de Lucas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário