O capítulo 36 de “Nosso Lar”
– “O Sonho” –, sem dúvida, é um dos mais interessantes da Obra – um dos mais
reveladores.
André Luiz começa dizendo:
“Ao cair da noite, já me sentia integrado no mecanismo dos passes, aplicando-os
aos necessitados.” Então, vejamos: André Luiz, que não era espírita – ele não
disse, anteriormente, que havia se convertido ao Espiritismo, como, de resto,
não diz tal em nenhum dos cinquenta capítulos do livro –, é convidado a
cooperar na transmissão de passes aos enfermos internados nas Câmaras de
Retificação. Você, amigo/a internauta, não acha curioso que ele, por exemplo, não
tivesse, antes, necessidade de frequentar um Curso de Passe, para, formalmente,
habilitar-se (ou lhe ser permitido) a cooperar com os doentes recém-chegados do
Umbral?!
*
Conta André que, no outro
dia, pela manhã, naturalmente cansado pelas atividades intensas, como médico e
médium passista, sentiu necessidade de algum descanso. Não é interessante?!
Veja que, em verdade, nas Dimensões Espirituais próximas ao Orbe, o repouso
físico ainda é indispensável na reconstituição das energias perispirituais – do
perispírito que, deixando de ser perispírito, passa, na Vida do Além, a ser o
envoltório externo do espírito, ou, em outras palavras, o seu corpo físico – a
discussão em torno de sua densidade, em relação ao corpo carnal, é outro
assunto.
*
Descansando num apartamento
de repouso que Tobias lhe disponibilizara ali mesmo, “ao lado das Câmaras”,
André, em desdobramento, vai ao encontro de sua mãe, ou seja: “sonha” com ela,
que se encontrava domiciliada em Dimensão Superior. Notemos o que ele diz: “Eu
sabia, perfeitamente, que deixara o veículo inferior no apartamento das Câmaras
de Retificação, em ‘Nosso Lar’, e tinha absoluta consciência daquela
movimentação em plano diverso. Minhas noções de espaço e tempo eram exatas.”
André Luiz, pois, ao referir-se ao perispírito como “veículo inferior”,
experimentara um sonho lúcido. Curioso, ainda, ele afirmar, em parágrafo
anterior, que estava sendo “acompanhado” por um “barqueiro” silencioso,
extasiando-se ele com as “magnificências da paisagem”, enquanto “subia”...
Ainda vamos gastar muito
tempo até que, mentalmente, solucionemos em nós essa sensação direcional de
“alto” e “baixo”, “direita” e “esquerda”, etc, no Universo! Por que André tinha
a sensação de um movimento ascensional?! – “Parecia-me que a embarcação seguia célere,
não obstante os movimentos de ascensão.” Em realidade, o que pode ser
classificado de “ficar acima”, ou de “ficar abaixo”, na Criação Divina?!
*
Tendo deixado o perispírito
em “Nosso Lar”, em que corpo André se projetara para fora dele?! Num outro
perispírito?! No chamado “corpo mental”?! Afinal, quantos corpos espirituais
nós possuímos?! No livro “Evolução em Dois Mundos”, em uma das várias notas de
rodapé, André Luiz escreveu: “As expressões ‘Plano Físico’ e ‘Plano
Extrafísico’, largamente usadas nestas páginas, foram utilizadas por nós, à
falta de termos mais precisos que designem as esferas de evolução para os
espíritos encarnados e desencarnados, pertencentes ao ‘habitat’ planetário.”
Com o devido respeito, lhes perguntamos: como você interpreta esta nota de
rodapé?! Enfim, não lhes parece que Mundo Material e Mundo Espiritual são quase
tão somente uma questão de terminologia?! Ou será que estou avançando
muito?!...
*
Apenas a título de
informação, esclarecemos que Chico Xavier afirmava, com a Teosofia, e outras
filosofias orientais, que, de fato, são sete os nossos corpos espirituais.
Disse mais: segundo ele, o único livro da literatura espírita em que lhe fora
possível ler algo a respeito é “Romance de Uma Rainha” (publicado, pela FEB, em
dois volumes), de Rochester, que, os mais ortodoxos, consideram, inclusive,
antidoutrinários.
*
As palavras da mãezinha de
André, a ele dirigidas, são um verdadeiro primor de beleza espiritual – uma
verdadeira síntese da mais alta sabedoria. E ela, atente-se, também não fora
espírita quando encarnada. Notemos como o amor no coração confere natural
sabedoria ao espírito, enquanto que o conhecimento, por si só, por vezes, nada
mais confere ao espírito a não ser certa quantidade de informações.
Entre tantas palavras belas e
sábias que a sua mãe lhe diz, escolhemos: “Deus nos vê e acompanha a todos,
desde o mais lúcido embaixador de sua bondade, aos últimos seres da Criação,
muito abaixo dos vermes da Terra.”
Não se trata para nós outros
de um consolo, que nos sabemos colocados “... muito abaixo dos vermes da
Terra”?!...
Ah, desculpem-me! Eu sei que
muita gente se imagina muito acima das estrelas!...
INÁCIO FERREIRA – Blog
Mediunidade na Internet
Uberaba, 23 de outubro de
2017.
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