Antes de darmos sequência às
nossas reflexões sobre os capítulos de “Nosso Lar”, livro de autoria de André
Luiz, gostaríamos de fazer uma observação. Não nos esqueçamos de que se, em
suas obras anteriores, ou seja, nos demais volumes de sua extraordinária
Coleção, o competente autor espiritual escreveu sob o endosso de sua própria
vivência além da morte do corpo carnal, e, sobretudo colhendo depoimentos de
elevados Mentores da Vida Maior, em “Evolução em Dois Mundos” e “Mecanismos da
Mediunidade” (além do maravilhoso “Agenda Cristã”), ele revelou a sua própria
capacidade de espírito altamente lúcido. Eis algo que, infelizmente, muitos dos
que se referem a André Luiz, com o intuito de minimizar o valor dos livros de
sua lavra espiritual, esquecem-se de destacar.
*
No capítulo 35 de “Nosso
Lar”, intitulado “Encontro Singular”, André Luiz nos relata experiência
comovente e altamente instrutiva, semelhante, sem dúvida, a muitas com as quais
os desencarnados se defrontam, quando, é óbvio, em desencarnando, têm
oportunidade para tanto – porque, a grande maioria daqueles que deixam o corpo
na Terra sequer logra oportunidade igual à que André desfrutou, logo que
adentrou a cidade espiritual. Até mesmo para estarmos com possíveis desafetos,
e pedir-lhes perdão pelo prejuízo que lhes causamos, necessitar ter
merecimento.
*
Todos os que já tiveram
oportunidade de ler “Nosso Lar” sabem que André, no capítulo 35, narra o seu
encontro com Silveira, um dos integrantes dos “Samaritanos”. O próprio
Silveira, ao vê-lo em “Nosso Lar” surpreende-se com a sua presença lá, posto,
talvez, não esperar que André tivesse desencarnado tão cedo.
André sente-se constrangido, de
vez que Silveira, junto com a família, tinha sido prejudicado pelo seu pai,
que, na condição de agiota, em vista da impossibilidade de que Silveira
resgatasse com ele o débito adquirido, o espoliara de todos os bens, deixando-o
numa situação econômica muito difícil – então, o referido chefe de família
estava doente, com dois filhos igualmente acamados, certamente, à época,
vitimados por alguma enfermidade tropical.
A esposa de Silveira havia
tentado obter a intercessão da mãe de André junto ao esposo, de nome Laerte,
todavia ele não a ouviu, e, encorajado pelo próprio filho ainda muito jovem,
levou a cabo a execução da dívida, que, inclusive, levara a senhora Silveira a
ficar sem o seu piano. Escreveu o autor espiritual: “Derrotados na luta, os
Silveiras haviam procurado recanto humilde no Interior, amargando o desastre
financeiro em extrema penúria.”
*
Silveira, ao reencontrar
André, age cavalheirescamente, e, nem de leve, menciona o desagradável
episódio, que, junto a outros equívocos, muito estava custando ao pai de André
Luiz, retido em obscuras regiões umbralinas.
*
Procurando Narcisa,
igualmente sua conselheira nos primeiros tempos de “Nosso Lar”, André,
naturalmente avexado, descreve o ocorrido, escutando dela o seu próprio
depoimento: “Já tive a felicidade de encontrar por aqui o maior número das
pessoas que ofendi no mundo. Sei, hoje, que isso é uma bênção do Senhor que nos
renova a oportunidade de restabelecer a simpatia interrompida, recompondo os
elos quebrados, da corrente espiritual.”
E, em seguida, ouve-lhe a
pergunta: “Aproveitou você, o belo ensejo?” Ante a negativa de André, a
simpática Narcisa o incentiva: “Vá, meu caro, e abrace-o de outra maneira.
Aproveite o momento, porque o Silveira é ocupadíssimo e talvez não se ofereça
tão cedo outra oportunidade.”
*
Recordemos aqui a
recomendação de Jesus: “Entra em acordo sem demora com o teu adversário,
enquanto estás com ele a caminho...”
*
Atitude linda a de Silveira
que, quando André o procura, para desculpar-se em seu nome e em nome de seu
pai, praticamente nem o deixa terminar de falar, não consentindo que ele
prosseguisse se humilhando – repetindo, que bela atitude! Quantos, antes de se disporem
a perdoar algum mal entendido, esperam que o pretenso ofensor se humilhe ao
extremo!...
*
Terminando, em nossa síntese,
Silveira diz a André: “... seu pai foi meu verdadeiro instrutor. Devemos-lhe,
meus filhos e eu, abençoadas lições de esforço pessoal. Sem aquela atitude
enérgica que nos subtraiu as possibilidades materiais, que seria de nós no
tocante ao progresso do espírito?”
*
Pois é, caros internautas,
poucas perguntas desta vez, mas, com certeza, a mais incisiva de todas as que
aqui já tivemos oportunidade de lhes formular: - Antes de passarem por um
constrangimento semelhante ao de André Luiz deste Outro Lado, algum de vocês,
se for o caso, já procurou aproveitar “o belo ensejo”?!
INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade
na Internet
Uberaba – MG, 16 de outubro
de 2017.
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