Questão 399 do Livro dos Espíritos
As vicissitudes da vida podem
nos dar uma ideia do que fomos no passado. Os acontecimentos naturais nos
nossos caminhos vêm, por força da lei divina, nos mostrar, pela força da
justiça, o que haveremos de reparar. Sendo que o nosso maior interesse não é recordar
o passado; é sentir que Deus é amor e justiça, e nunca exigirá que Seus filhos
paguem o que não devem na contabilidade divina. Tudo é um processo espiritual,
para educação dos nossos sentimentos ou despertamento das nossas qualidades
espirituais.
A natureza é sábia e não erra
o caminho por onde deve trilhar. Quando ocorre algum acontecimento conosco,
basta meditarmos um pouco e logo atingiremos a procedência do fato. A Doutrina
dos Espíritos, ser-nos-á de grande valia em todas as atividades espirituais.
Ela é conselheira firme em nossos passos, e nos dá forças novas para a devida
correção na nossa personalidade. O que se chama de azar na vida, está sendo
impulsionado por forças invisíveis capazes de nos levar à felicidade.
Se não nos lembramos do passado,
é por força da lei que nos protege. As lembranças vivas na nossa consciência,
pela evolução que atingimos, nos prejudicará. Somente mais adiante alcançaremos
a consciência de todos os fatos na gradação do tempo que nos aprimora.
Segue-se daí, que todos temos
os mesmos direitos, ressalvando-se os deveres nos quais somos obrigados a
pensar. Nada existe na vida como regra absoluta, em se tirando Deus, porque Ele
é, pela sua condição, verdadeiramente Absoluto e Único.
O Espírito, em muitos casos,
escolhe as provas por que deve passar no plano da Terra e, ao ingressar nela,
torna-se inconsciente do passado, porém, não perde a consciência realmente: ela
adormece por um pouco, para dar condições melhores à alma, de preparo e de
coragem, para as lutas que deve travar consigo mesma. Se nos caminhos da alma
tudo estivesse prontinho para ela, o mundo não seria escola. Temos todos de
estudar, passar por provas e tornar a passar quantas vezes forem necessárias
para o devido despertamento espiritual. Esse processo sublima a vida, e dá
condições aos Espíritos de se sentirem felizes, porque trabalharam para a sua
felicidade. É qual o trabalhador que se faz digno do seu salário.
O esquecimento das faltas
passadas não constitui obstáculo na vida da alma quando encarnada na Terra, e
sim meios de esforçar mais, enriquecendo seus valores. Em tudo se mostra a
conquista. Certamente que existem as bênçãos de Deus; nesse meio de luz,
aparece a Luz Maior, que não Se esquece de Seus filhos do coração. Se as
criaturas encarnadas e desencarnadas soubessem do valor do Evangelho de Jesus,
não o soltariam das mãos, e sempre o deixariam vibrar em seu coração, de modo
que a consciência pudesse guardá-lo com todos os conceitos de vida que ele nos
mostra na realidade de Deus.
O homem não reconhece na sua
totalidade os atos que praticou no passado, mas tem uma noção desses feitos e,
baseado neles, deve lutar para a sua auto-educação espiritual. As vicissitudes
da vida corporal são provações que a alma deve passar. É o tribunal da
consciência em trabalho de cobrança e, em muitos casos, ou em quase todos, são
processos de despertamento espiritual.
Convém aos Espíritos que
busquem sempre a luz onde ela estiver, pelos meios compatíveis com as suas
forças, que a ajuda do céu não se fará esperar. Mãos invisíveis estão sempre
prontas para ajudar os homens a levar suas cruzes ao calvário de todas as
provações.
Quem infringe as leis,
responde pelo que fez, e as consequências são lições que o obriga a procurar o
próprio bem, no mal que praticou.
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