Questão 400 do Livro dos
Espíritos
O Espírito encarnado é como
se fosse um encarcerado: está preso na carne por laços fluídicos que o fazem
prisioneiro por determinado tempo. Ele aspira constantemente à liberdade, no
entanto, a sua consciência lhe avisa que ele tem um dever a cumprir, que abandonar
o corpo antes do tempo poderá ser bem pior.
O medo de morrer, que quase
todo mundo tem, vem das pequenas lembranças dos compromissos assumidos no mundo
espiritual. Não fora isso, e seria muito grande o número de suicídios por
pequenos aborrecimentos. Os poucos casos que acontecem são por falta do
entendimento bastante para certa análise. Não é tirando a própria vida que
acontece a libertação. Isso só piora a situação espiritual de quem o faz. O
Espiritismo nos esclarece acerca da vida, nos informando as leis que regem o
universo, contando-nos casos verídicos de quem tirou a própria vida física e
dobrou seus padecimentos, tendo de voltar à carne com cargas mais pesadas do
que antes.
Se o encarcerado preocupa
todos os dias com a sua liberdade, a alma que toma um corpo tem mais
preocupação em se libertar, porque se encontra mais presa que o condenado no
cárcere. No entanto, isso depende de quem se encontra na cadeia e no corpo
físico; se é um Espírito mais elevado, ele suporta as suas provações com paciência
e resgata suas dívidas com mais ou menos bom ânimo.
A reencarnação é, como já
falamos em muitas mensagens, um processo criado por Deus para o nosso
despertamento espiritual, cujos meios não podemos discutir por ter sido o
Senhor de todos os mundos quem a planejou para o bem de todas as criaturas.
Existem vários tipos de
cárcere, e a dor é um deles, e dos mais pesados. Se perguntarmos a um sofredor
se ele quer ficar livre dos seus padecimentos, dos seus infortúnios, certamente
que a resposta será afirmativa. Assim é a dor da carne, que segura a alma por
muitos anos, como sendo lição valiosa, no sentido da libertação espiritual.
Quanto mais grosseiro é o corpo, mais depressa a alma deseja voar para a sua
liberdade. Quando o fardo é pesado e o jugo sofrível, o carregador deseja
largá-lo, entrementes, os guias espirituais sempre estão ativos, aconselhando
os encarcerados na carne para suportarem com paciência até ao fim, para serem
salvos do passado, e sentirem no coração a esperança do futuro.
É preciso que aqueles que se
encontram na carne façam mais força para ficar o mais que puderem nela. As
lições são duras, mas compensadoras, e a repetição desta oportunidade é bem
mais difícil para o coração ansioso de luz. O Espírito encarcerado pode
permanecer de bom grado na carne. Se tem evolução espiritual, ele faz esforço
todos os dias na caridade verdadeira, de modo que ela lhe dá forças novas em
todos os rumos do entendimento; ele usa, na hora de esmorecimento, a oração e a
vigilância. E Jesus não o deixa sozinho no caminho das provas.
Em comparação com o Espírito
livre, a reencarnação se compara com o sono da alma, mas depende muito do
estado de despertamento da mesma. Existem irmãos no plano espiritual, livres do
corpo de carne, em piores situações que os próprios encarnados, mesmo os mais
endurecidos. Isso depende muito de cada criatura. A Doutrina Espírita nos
mostra os caminhos mais acertados para ganharmos a paz de consciência.
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