Fumaça de fogueira em noite
de São João...
No meu Nordeste, reza a
tradição, devemos acender uma fogueira em homenagem a São João. A fogueira
lembra, lá em tempos idos, o sinal que Isabel fez para anunciar o nascimento do
profeta. A fogueira que representa uma notícia alvissareira é lembrada até hoje
nas festividades juninas.
Esta festa maravilhosa une
toda a gente do meu querido Nordeste. Aquele que reverencia a São João não pode
deixar de construir a sua fogueira como também caprichar nos quitutes da época.
Quem me dera poder novamente comer uma canjica das boas ou um milho cozido, sem
falar na pamonha gostosa e outras tantas delícias desta época de muito forró e
outras danças típicas.
A festa de São João é a festa
mais popular do Nordeste brasileiro. Brinquei muito quando menino, isto porque
pobre e rico se igualam no São João, ambos são convidados a fazer o mesmo
passeio na roça.
É este ponto que quero
destacar de agora em diante: pobre e rico fazerem o mesmo caminho na vida.
Por que é que rico deve ter a
melhor escola e o pobre não?
Por que é que rico deve ter o
melhor médico e pobre nem isso?
Onde está escrito que rico
deve ter sempre o melhor e o pobre tenha que viver a penar?
A natureza é a mesma para
todos. Deus deu a todos o mesmo ar, as mesmas árvores, a mesma praia, o mesmo
céu. Nada distinguiu a seus filhos. Por uma questão puramente humana, os seus
filhos criaram distinções e privilégios. Uns podem, outros não. Esta separação
é dos homens e não de Deus.
Deus proporcionou a todos as
mesmas oportunidades, os homens excluíram alguns de seus irmãos em usufruírem
plenamente o banquete da vida. A luta de classes, o embate social, a disputa
econômica tem nome, chama-se egoísmo.
O egoísmo humano foi que
criou as separações, os apartheids, as distinções, os privilégios.
Se o homem soubesse dividir melhor
o que Deus ofereceu não haveria as grandes disparidades que enxergamos. Falta
Jesus na relação humana, como falta...
Jesus veio lembrar que não
adianta concentrar os bens deste mundo, que o verdadeiro tesouro não está aqui,
mas nos céus. Ele mesmo deu este depoimento de vida. Teve uma vida simples e
não menos feliz por causa disso. Sabia usufruir das coisas boas da vida quando
tinha acesso a elas, mas em nenhum momento se tornou prisioneiro delas.
Separar é coisa menor.
Partilhar é coisa maior.
Proporcionar o acesso aos
bens da terra para todos, eis o desafio a ser encarado e vencido.
Aprendamos com as festas
juninas a dividir o mesmo espaço, a comer da mesma comida, a dançar da mesma
música, a compartilhar da mesma alegria, a viver feliz na mesma roça.
Que Deus nos abençoe!
Helder Camara – Blog Novas
Utopias
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