25.6.17

Passeio na Roça

Fumaça de fogueira em noite de São João...
No meu Nordeste, reza a tradição, devemos acender uma fogueira em homenagem a São João. A fogueira lembra, lá em tempos idos, o sinal que Isabel fez para anunciar o nascimento do profeta. A fogueira que representa uma notícia alvissareira é lembrada até hoje nas  festividades juninas.
Esta festa maravilhosa une toda a gente do meu querido Nordeste. Aquele que reverencia a São João não pode deixar de construir a sua fogueira como também caprichar nos quitutes da época. Quem me dera poder novamente comer uma canjica das boas ou um milho cozido, sem falar na pamonha gostosa e outras tantas delícias desta época de muito forró e outras danças típicas.
A festa de São João é a festa mais popular do Nordeste brasileiro. Brinquei muito quando menino, isto porque pobre e rico se igualam no São João, ambos são convidados a fazer o mesmo passeio na roça.
É este ponto que quero destacar de agora em diante: pobre e rico fazerem o mesmo caminho na vida.
Por que é que rico deve ter a melhor escola e o pobre não?
Por que é que rico deve ter o melhor médico e pobre nem isso?
Onde está escrito que rico deve ter sempre o melhor e o pobre tenha que viver a penar?
A natureza é a mesma para todos. Deus deu a todos o mesmo ar, as mesmas árvores, a mesma praia, o mesmo céu. Nada distinguiu a seus filhos. Por uma questão puramente humana, os seus filhos criaram distinções e privilégios. Uns podem, outros não. Esta separação é dos homens e não de Deus.
Deus proporcionou a todos as mesmas oportunidades, os homens excluíram alguns de seus irmãos em usufruírem plenamente o banquete da vida. A luta de classes, o embate social, a disputa econômica tem nome, chama-se egoísmo.
O egoísmo humano foi que criou as separações, os apartheids, as distinções, os privilégios.
Se o homem soubesse dividir melhor o que Deus ofereceu não haveria as grandes disparidades que enxergamos. Falta Jesus na relação humana, como falta...
Jesus veio lembrar que não adianta concentrar os bens deste mundo, que o verdadeiro tesouro não está aqui, mas nos céus. Ele mesmo deu este depoimento de vida. Teve uma vida simples e não menos feliz por causa disso. Sabia usufruir das coisas boas da vida quando tinha acesso a elas, mas em nenhum momento se tornou prisioneiro delas.
Separar é coisa menor. Partilhar é coisa maior.
Proporcionar o acesso aos bens da terra para todos, eis o desafio a ser encarado e vencido.
Aprendamos com as festas juninas a dividir o mesmo espaço, a comer da mesma comida, a dançar da mesma música, a compartilhar da mesma alegria, a viver feliz na mesma roça.
Que Deus nos abençoe!

Helder Camara – Blog Novas Utopias

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