Paulo Sérgio Perri de Carvalho
O Espírita e o Cônjuge não espírita ou na
família não Espírita.
O aspecto religioso da família constitui-se
em um dos pilares mais potentes para a sustentação do casamento, no entanto,
não raro, acontecem situações em que a religião é um ponto discordante entre os
cônjuges e, às vezes, entre estes e a família. Antes de abordar o assunto, é
interessante colocar algumas afirmações importantes: Emmanuel (2) afirma que
"o casamento implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se
confiam uma à outra, no campo de assistência mútua", e... "atendendo
aos vínculos do afeto, surge o lar, garantindo os alicerces da
civilização".
Allan Kardec (4) comenta as duas espécies de família: as famílias ligadas pelos laços espirituais
e, as ligadas pelos laços corporais, demonstrando que as primeiras se
fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos espíritos, enquanto que
as segundas, se extinguem com o tempo e, muitas vezes, se dissolvem moralmente,
já na existência atual.
No livro "O Consolador",
Emmanuel (1) esclarece que a melhor escola ainda é o lar e que os pais
espíritas cristãos não podem esquecer de seus deveres de orientação aos filhos.
A estas afirmações poderíamos acrescentar
o princípio da reencarnação que a Doutrina Espírita nos oferece para facilitar
o nosso entendimento sobre as dificuldades de relacionamento na nossa vida.
Com bases nestas afirmações podemos deduzir
que as diferenças existentes entre os cônjuges ou entre eles e a família, no
tocante à religião, é uma aresta a ser trabalhada com muito carinho,
compreensão e bom senso, porque a influência religiosa dá o equilíbrio e o
alicerce ao lar. Partimos da premissa que situações como estas devem ser
devidamente esclarecidas na fase pré-casamento para que não ocorram
ressentimentos, e isso se faz de maneira bastante simples quando se entende que
somos espíritos em diferentes graus de evolução, espiritualmente comprometidos,
unidos por um vínculo afetivo e com a responsabilidade de desempenhar uma
função educadora e regenerativa.
Se não houve o devido esclarecimento na
fase pré-casamento e há a instalação do problema, é necessário que se defina
alguns pontos importantes: a função da religião no lar e como introduzí-la.
Quando existe a divergência entre os cônjuges,
o exercício do amor, da compreensão e da fé será de grande valia para despertar
entre ambos a confiança e, isto pode ser
realizado na convivência diária e na realização do Evangelho no lar onde
se faz a prece, a leitura e o comentário evangélico, com a possibilidade de
ambos externarem suas opiniões.
Na eventualidade do espírita conviver com a
família não espírita, devemos partir do princípio que nem todas as pessoas
nutrem os mesmos sentimentos e que, não podemos esperar que elas tenham as
reações que nós esperamos que tenham. Cada ser apresenta a sua individualidade,
cada um tem a sua experiência, e nestes casos, em se tratando de família, há
necessidade de compreendermos que, como espíritas, não devemos estimular o
proselitismo, e sim praticarmos os conceitos que a Doutrina Espírita nos
oferece e, de maneira oportuna (não oportunista) esclarecermos as dúvidas com
bom senso, demonstrando que o respeito mútuo também é um importante fator
quando se quer conviver bem e evoluir.
Os Cônjuges e o Relacionamento Familiar
A família, considerada a menor célula da
sociedade, reflete exatamente o estado interior de seus constituintes na
convivência íntima do lar. Não podemos perder de vista a função educadora e
regenerativa da família que é formada, segundo Emmanuel (2) por agentes
diversos, reencontrando-se, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos,
para os ajustes e reajustes indispensáveis ante as leis do destino. E não há
maneira mais apropriada do que o bom relacionamento familiar para atingir os
objetivos da família.
Estudos realizados nos Estados Unidos e
Inglaterra mostram que os casais têm interesse muito maior na comunicação e
diálogo, do que em viver um amor romântico. Isso significa que o
companheirismo, a solidariedade, interesses comuns e participação nas
atividades do outro, passaram a ser prioritários no casamento(5).
Vance Packard, jornalista americano, após
quatro anos de pesquisa sobre o casamento, observou sete causas básicas de
sucesso matrimonial:
1 - Intensa capacidade de afeto, envolvida por
grande consideração pelo outro;
2 - Maturidade emocional;
3 - Habilidade em comunicar;
4 - Disposição constante de se alegrar com o
outro e participar de acontecimentos com ele;
5 - Habilidade em lidar com tensões e diferenças,
de forma construtiva;
6 - Disposição e bom humor em relação ao sexo;
7 - Conhecimento e aceitação dos limites do
outro (5)
Continua o pesquisador, " é preciso
ser generoso, receptivo e afetuoso, além de tolerante para com o outro e seus
limites".
Desta maneira, quando existe o entendimento
das finalidades espirituais da família, quando existe o amor no sentido mais
nobre da palavra e quando há o interesse em se educar e vencer animosidades sem
preconceitos de sexo, o relacionamento familiar torna-se mais fácil e, como
resultado, teremos a felicidade.
Outras pessoas no lar - Heranças familiares
Em muitas oportunidades, a família passa a
ter a presença, no lar, de pessoas ou familiares que se constituem nas
"heranças familiares".
São situações que devem ser analisadas pelo
casal, valorizando-se não somente o aspecto de sustentação financeira do lar,
mas também a ligação espiritual do fato como uma oportunidade de trabalho para
uns e aprendizado para outros.
Kardec (4) nos fala da parentela
espiritual, onde demonstra as possibilidades de
termos numa mesma família espíritos que sejam estranhos uns para os
outros a fim de lhes servir de prova. Quando este fato ocorre por uma agregação
de familiares, torna-se importante a
lembrança da necessidade do auxílio mútuo entre familiares, porque se hoje
temos a condição de auxiliar, muito provavelmente tivemos semelhante ajuda em
outras oportunidades.
Mais uma vez, para superarmos as
dificuldades como estas, devemos compreender os objetivos da vida e da
universalidade do amor, demonstrada por Jesus quando disse a sua mãe, Maria, e
a João: "Mãe, eis aí teu filho. Filho, eis aí a tua mãe".
Bibliografia:
1 - Emmanuel (F.C.Xavier)- O Consolador
2 - Emmanuel (F.C.Xavier)- Vida e Sexo., FEB
3 - Irmão X (F.C.Xavier) Boa Nova, FEB
4 - Kardec. A. - O Evangelho Segundo o
Espiritismo, FEB
5 - Vida a Dois.- Editora Três.
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