11.6.17

CASAMENTO E DIFERENÇAS RELIGIOSAS

                                                                  Paulo Sérgio Perri de Carvalho

    O Espírita e o Cônjuge não espírita ou na família não Espírita.
    O aspecto religioso da família constitui-se em um dos pilares mais potentes para a sustentação do casamento, no entanto, não raro, acontecem situações em que a religião é um ponto discordante entre os cônjuges e, às vezes, entre estes e a família. Antes de abordar o assunto, é interessante colocar algumas afirmações importantes: Emmanuel (2) afirma que "o casamento implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo de assistência mútua", e... "atendendo aos vínculos do afeto, surge o lar, garantindo os alicerces da civilização".
    Allan Kardec (4) comenta as duas  espécies de família:  as famílias ligadas pelos laços espirituais e, as ligadas pelos laços corporais, demonstrando que as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos espíritos, enquanto que as segundas, se extinguem com o tempo e, muitas vezes, se dissolvem moralmente, já na existência atual.
     No livro "O Consolador", Emmanuel (1) esclarece que a melhor escola ainda é o lar e que os pais espíritas cristãos não podem esquecer de seus deveres de orientação aos filhos.
     A estas afirmações poderíamos acrescentar o princípio da reencarnação que a Doutrina Espírita nos oferece para facilitar o nosso entendimento sobre as dificuldades de relacionamento na nossa vida.
    Com bases nestas afirmações podemos deduzir que as diferenças existentes entre os cônjuges ou entre eles e a família, no tocante à religião, é uma aresta a ser trabalhada com muito carinho, compreensão e bom senso, porque a influência religiosa dá o equilíbrio e o alicerce ao lar. Partimos da premissa que situações como estas devem ser devidamente esclarecidas na fase pré-casamento para que não ocorram ressentimentos, e isso se faz de maneira bastante simples quando se entende que somos espíritos em diferentes graus de evolução, espiritualmente comprometidos, unidos por um vínculo afetivo e com a responsabilidade de desempenhar uma função educadora e regenerativa.
    Se não houve o devido esclarecimento na fase pré-casamento e há a instalação do problema, é necessário que se defina alguns pontos importantes: a função da religião no lar e como introduzí-la.
    Quando existe a divergência entre os cônjuges, o exercício do amor, da compreensão e da fé será de grande valia para despertar entre ambos a confiança e, isto pode ser  realizado na convivência diária e na realização do Evangelho no lar onde se faz a prece, a leitura e o comentário evangélico, com a possibilidade de ambos externarem suas opiniões.
    Na eventualidade do espírita conviver com a família não espírita, devemos partir do princípio que nem todas as pessoas nutrem os mesmos sentimentos e que, não podemos esperar que elas tenham as reações que nós esperamos que tenham. Cada ser apresenta a sua individualidade, cada um tem a sua experiência, e nestes casos, em se tratando de família, há necessidade de compreendermos que, como espíritas, não devemos estimular o proselitismo, e sim praticarmos os conceitos que a Doutrina Espírita nos oferece e, de maneira oportuna (não oportunista) esclarecermos as dúvidas com bom senso, demonstrando que o respeito mútuo também é um importante fator quando se quer conviver bem e evoluir.
    Os Cônjuges e o Relacionamento Familiar
    A família, considerada a menor célula da sociedade, reflete exatamente o estado interior de seus constituintes na convivência íntima do lar. Não podemos perder de vista a função educadora e regenerativa da família que é formada, segundo Emmanuel (2) por agentes diversos, reencontrando-se, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis ante as leis do destino. E não há maneira mais apropriada do que o bom relacionamento familiar para atingir os objetivos da família.
     Estudos realizados nos Estados Unidos e Inglaterra mostram que os casais têm interesse muito maior na comunicação e diálogo, do que em viver um amor romântico. Isso significa que o companheirismo, a solidariedade, interesses comuns e participação nas atividades do outro, passaram a ser prioritários no casamento(5).
     Vance Packard, jornalista americano, após quatro anos de pesquisa sobre o casamento, observou sete causas básicas de sucesso matrimonial:
 1 - Intensa capacidade de afeto, envolvida por grande consideração pelo outro;
 2 - Maturidade emocional;
 3 - Habilidade em comunicar;
 4 - Disposição constante de se alegrar com o outro e participar de acontecimentos com ele;
 5 - Habilidade em lidar com tensões e diferenças, de forma construtiva;
 6 - Disposição e bom humor em relação ao sexo;
 7 - Conhecimento e aceitação dos limites do outro (5)
       Continua o pesquisador, " é preciso ser generoso, receptivo e afetuoso, além de tolerante para com o outro e seus limites".
    Desta maneira, quando existe o entendimento das finalidades espirituais da família, quando existe o amor no sentido mais nobre da palavra e quando há o interesse em se educar e vencer animosidades sem preconceitos de sexo, o relacionamento familiar torna-se mais fácil e, como resultado, teremos a felicidade.
    Outras pessoas no lar - Heranças familiares
    Em muitas oportunidades, a família passa a ter a presença, no lar, de pessoas ou familiares que se constituem nas "heranças familiares".
    São situações que devem ser analisadas pelo casal, valorizando-se não somente o aspecto de sustentação financeira do lar, mas também a ligação espiritual do fato como uma oportunidade de trabalho para uns e aprendizado para outros.
    Kardec (4) nos fala da parentela espiritual, onde demonstra as possibilidades de  termos numa mesma família espíritos que sejam estranhos uns para os outros a fim de lhes servir de prova. Quando este fato ocorre por uma agregação de familiares, torna-se importante  a lembrança da necessidade do auxílio mútuo entre familiares, porque se hoje temos a condição de auxiliar, muito provavelmente tivemos semelhante ajuda em outras oportunidades.
    Mais uma vez, para superarmos as dificuldades como estas, devemos compreender os objetivos da vida e da universalidade do amor, demonstrada por Jesus quando disse a sua mãe, Maria, e a João: "Mãe, eis aí teu filho. Filho, eis aí a tua mãe".


    Bibliografia:
 1 - Emmanuel (F.C.Xavier)- O Consolador
 2 - Emmanuel (F.C.Xavier)- Vida e Sexo., FEB
 3 - Irmão X (F.C.Xavier) Boa Nova, FEB
 4 - Kardec. A. - O Evangelho Segundo o Espiritismo, FEB

 5 - Vida a Dois.- Editora Três.  

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