Muitas vezes, na Terra, na posição de
cultores da delinquência, conseguimos escapar das sentinelas da punição.
Faltas não previstas na legislação
terrestre, como sejam certos atos de crueldade e muitos crimes da ingratidão,
muros a dentro de nossa vida particular, quase sempre acarretam a queda e a
perturbação, a enfermidade e a morte de criaturas que a Divina Bondade nos põe
no caminho.
De outra feita, quando positivamente
enodoados com o ferrete da culpa, conseguimos aligeirar nossas penas ou delas
nos exonerar, subornando consciências dolosas, no recinto dos tribunais.
Todavia, a reta justiça nos espera, infalível,
e além da morte, ainda mesmo quando tenhamos legado ao mundo vastas parcelas de
cultura e benemerência, eis que as marcas de ignomínia se nos destacam no ser,
então expostas à Grande Luz.
Nessa crise inesperada, imploramos nós
mesmos retorno e readmissão nos cursos de trabalho em que se nos desmandaram a
deserção e a falência, a fim da ressarcirmos os débitos que os homens não
conheceram, mas que vibram, obcecantes, no imo de nossas almas.
É assim que voltamos ao cadinho fervente da
purgação, retomando nos fios da consanguinidade a presença daqueles que mais
ferimos, para devolver-lhes em ternura e devotamento os patrimônios
dilapidados, rearticulando os elos da harmonia que nos ligam a todos, na
universalidade da vida, perante a Lei.
Reverenciemos, desse modo, no lar humano,
não apenas o templo de carinho em que se nos reabastecem as forças, no
exercício do bem eterno, mas igualmente a rude escola da regeneração, em que
retomamos o convívio dos velhos adversários que nós mesmos criamos, a
ressurgirem na forma de aversões instintivas e desafetos ocultos, que nos
constrangem cada hora à lição da renúncia e à mensagem do sacrifício.
E por mais inquietante se nos afigure a
experiência no educandário doméstico, guardemos, dentro dele, extrema devoção
ao dever, perdoando e ajudando, compreendendo e amparando sem descansar, pois
somente aquele que se engrandeceu, entre as próprias paredes da própria casa, é
que pode, em verdade, servir à obra de Deus no campo vasto do mundo.
Livro: Religião dos Espíritos
- Francisco C. Xavier - Emmanuel
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