Questão 398 do Livro dos
Espíritos
Pelas tendências que somos
portadores reconheceremos o que fomos no passado, no entanto, se melhoramos
muito nessas tendências, ser-nos-á difícil, por vezes quase impossível, saber
corretamente o que somos realmente ou o que fomos.
O Espírito é uma incógnita
dentre as incógnitas do universo de Deus. Não há regressão do Espírito e, se
não regride, certamente que sempre melhoramos na escala espiritual. Mesmo o
estacionamento de que se fala em algumas páginas de “O Livro dos Espíritos” não
é da forma que se entende; a evolução pode ser mais ou menos lenta, mas parar
de todo não acontece, mesmo que seja na matéria. Para ilustrar, podemos citar a
massa de pão, que está estacionada, “descansando”: após algum tempo constata-se
que estava em movimento, pois “cresceu”, como dizem os bons “quitandeiros”. É
bom que estudemos bem o que é estacionar: estacionar não é parar
definitivamente: é, pois, fermentar a massa da vida, facilitando, assim, novas
caminhadas para o futuro. Quando se está preparando, certamente que não se
encontra parado.
Na verdade, os pendores
instintivos podem ser reminiscências, e a alma que já conhece um pouco das leis
espirituais poderá saber como deve combater todas as más tendências e por onde
começar. Entretanto, há muitos defeitos encobertos, escondidos nas dobras do
tempo, que na época certa desabrocham para serem vistos, e a mente preparada
deve combatê-los com as forças que sua evolução pode oferecer. Podemos levar em
conta, quando despertamos para um mal, que nunca pensamos na ingerência do ambiente,
porém, isso se dá quando o Espírito se encontra na faixa do próprio mal. No
caso de Espírito elevado, ele transforma o ambiente inconveniente em forças
para as lutas e paz para os que o cercam.
Os recursos são enormes no
que tange ao auto-aprimoramento espiritual. Certamente que podemos avaliar o
que fomos pelo que somos, isso em princípio, e a razão nos diz que podemos
conseguir muito, analisando desta forma. Existem muitos fatos inferiores
praticados pelo Espírito que parecem retrocesso na sua vida, no entanto, não é
recuo; a alma se encontra predisposta a esses erros, por se encontrar na faixa
das vibrações inferiores ainda, mas, somando suas atividades espirituais, está
sempre caminhando para frente na escala evolutiva.
Não podemos esquecer que Deus
é onisciente em todas as Suas atividades. Ele é consciente do passado, presente
e futuro e não iria criar um Espírito para iluminar-se na pauta do tempo e
outro para recuar nesse mesmo tempo. Precisamos estudar sempre, meditar muito,
e conversar bastante sobre todos os assuntos espirituais para formarmos, assim,
uma condição fácil de compreender as leis que nos dirigem.
Jesus já dizia que não
devemos julgar os outros, e afirmava: –“Nem eu o faço”, por saber que todos
erramos, constituindo isso processo de despertamento espiritual de todas as
criaturas. Todo julgamento deve ser feito a nós mesmos, examinar todos os
nossos feitos e repará-los. Nesse trabalho, não temos tempo para verificar os
erros alheios. Se não sabemos triunfar nas provas, seremos arrastados para
novas lutas, no sentido de aprendermos a vencer a nós mesmos.
As oportunidades de
aprimoramento são grandes para todos os de boa vontade. Se somos criaturas de
tendências duvidosas, certamente que no passado devemos ter sido piores, e
neste raciocínio devemos nos esforçar para melhorar mais a nossa conduta,
sempre procurando avaliar essas possibilidades e acompanhar Jesus no que viveu
e ensinou.
Se em algumas existências
erramos pouco, não é porque as tendências não nos inspiram: é devido ao ambiente
em que nascemos ou à posição que ocupamos no mundo. Quando voltamos para ocupar
posições de maior relevo na sociedade, a nossa vaidade, o orgulho e o egoísmo
nos impulsionam para os desastres morais. Isso sempre acontece a quem ainda não
se preparou nos caminhos de Jesus, ouvindo as lições do Evangelho.
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