26.10.15

A Dádiva da Vida

Quero escrever hoje sobre a dádiva da vida.
Passamos pela vida e não a valorizamos como deveríamos. Ela é bela e maravilhosa, mas nos acostumamos com o viver a tal modo que pensamos bem pouco na grandeza do que é o viver.
Vejam só!
Quando nascemos está tudo programado, já repararam?
Temos os nossos pais escolhidos. Poderia ser qualquer um em tese, não é? Mas são eles e não outros. E faz todo o sentido. São eles que irão nos receber, nos alimentar, nos criar, nos apresentar para a vida. Eles possuem um papel fundamental no nosso crescimento e na nossa formação. Se nos perdêssemos neste momento prejudicaria toda uma vida. Veja, portanto, a importância que tem os nossos pais.
E o lugar onde moramos ou onde viemos parar?
Verifique que tudo também somente haverá de fazer sentido se estivermos inseridos onde estamos, não em outro lugar. O conjunto das pessoas que conhecemos, que nos influencia, que nos dá apoio, que nos é solidário nas nossas iniciativas, em tudo. É incrível, mas cada uma daquelas pessoas possui uma função estratégica na nossa vida, mesmo que passe de maneira rápida, mas parece que é programada para deixar aquela contribuição na nossa formação total.
As coisas que nos chegam às mãos também nos são providenciais. Quem não se lembra daquele carrinho preferido da infância? Ou da primeira bola de futebol? Para as meninas, a primeira boneca, a primeira casinha para brincar? Sei que hoje os costumes mudaram e todos desejam mesmo as novidades eletrônicas, mas elas mesmas possuem o seu significado na nossa formação para a vida.
Crescemos e a vida nos reserva surpresas do reencontro ou descobertas de pessoas interessantíssimas que parece que vieram à terra para participar exclusivamente do banquete da nossa vida.
Tudo tem sentido e ordem. Tudo segue, parece, a um planejamento bem feito e que nem observamos direito. É a mão de Deus nas nossas vidas. Dê importância, portanto, a cada coisa, a cada fato, a cada situação, mesmo que pareça inesperada, que de inesperada, no fundo, não tem nada.
A vida corre, irmãos, e num belo dia, quando nos damos conta, ela já está chegando ao fim no corpo físico. Aí, então, olhamos para trás e nos perguntamos: o que eu fiz mesmo da vida?
Para responder a esta pergunta você deve estar atento no aqui e no agora. Não se deixar influenciar, muitas vezes, pelo fluxo da rotina que torna os nossos dias repetitivos e sem graça alguma. Fuja da rotina e mesmo que não possa, tente fazer diferente, a cada dia, aquilo que você deve fazer sempre.
Dar sentido à vida é compromisso individual e intransferível. Leu o que escrevi, intransferível.
Tenho que deixar claro, muito claramente esta observação porque há gente que transfere para os outros a responsabilidade pela sua própria vida. Não toma uma decisão sequer que não seja pela cabeça das outras pessoas. O que é que é isso, minha gente? Abdicar da própria vida quando pode dirigi-la para onde quiser.
Seremos cobrados, meus filhos, depois que morrermos a darmos conta do que fizemos com esta nossa experiência terrestre na carne. E como.
O que fizemos com o tempo fornecido?
O que fizemos para ajudar aos outros?
O que fizemos para ajudar a nós mesmos?
Qual foi o bem que fizemos?
E o mal também. Sem esquecer das omissões, do cruzar de braços diante da vida.
Já viram que somente tem para contar aqueles que se jogam para a vida, que não têm medo do dia de amanhã, os que possuem projetos, sonhos, aventuras?
Eu sei que prestei contas do meu tempo e por mais que eu procurei fazer descobri que havia algo mais que não foi feito. Nada não, oportunidade de melhoria. Assim é com toda a gente.
É assim a vida, cheia de desafios e arte. Repleta de oportunidades e embates. Completa de surpresas e revelações.
Que maravilha quando somos surpreendidos pela dinâmica da vida, ela nos sacode para aventuras surpreendentes de intenso aprendizado. Tem gente, porém, que quer que tudo fique parado, sem alteração alguma. Meu Deus, quanta paralisia e acomodação. Ficaria tudo sem graça desse jeito.
Despedi-me da vida física com saudade, mas começaria tudo de novo. Tudo que fiz e o que deixei de fazer, acertos e desacertos. Claro que faria os mesmos equívocos quando eles apareceram porque foram eles que me ensinaram lições preciosas sobre a arte de viver.
Despeço-me com um bom dia. Desejando um dia ensolarado e de incrível movimentação e vida. Sim, porque vida é movimento e arte, é beleza e eterna novidade.
Paz,

Helder Camara

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