Santidade
Busquei, entre meus irmãos que convivo neste lado da vida, um
significado para a santidade.
Eles me disseram que esta deveria ser a grande
procura de cada ser humano, em outras palavras, a busca da perfeição.
"Sede
perfeitos como perfeito é vosso Pai", eis a sentença de Jesus para todos nós.
Ele nos confiou um legado divino e nós devemos procurar segui-lo.
Mas o que
é, porém, ser perfeito?
A perfeição é a procura permanente pelo nosso
melhoramento espiritual. Ela é inalcançável do ponto de vista ideal, pois
perfeito mesmo somente o Pai, mas, ao conseguirmos ser próximos de Deus
estaremos refletindo a Sua perfeição em nós.
Minha preocupação permanente com
a questão da santidade se justifica por vários motivos, um deles é que encontro
no lado de cá da vida muitos companheiros de batina e outros tantos denominados
santos pela Igreja a se perguntarem o que fazer diante de tantos pedidos se eles
também são seres necessitados da divindade?
Já expressei da intenção de
incentivo ao melhoramento pessoal que é um dos propósitos intrínsecos da Igreja
ao proclamar alguém santo, mas a responsabilidade transferida para os “eleitos”
é muito grande.
Há um santo da Igreja que me procurou preocupado com isso e
disse-me:
- Hélder, fico preocupado com este título de santo. Se por um lado
aumenta a fé do povo de Deus, por outro, faz com que sejam transferidas
responsabilidades de cada um para nós outros que estamos na vida do espírito.
Eles não fazem o que deveriam fazer e nos pedem que façamos o que somos
impotentes para concluir.
- E o que você faz?
- Eu rezo, também. Eu passo
para Deus o que me pedem, não há outra coisa a fazer.
As pessoas que procuram
aos santos fazem isto imbuídos de muita fé e bons propósitos. São os “padrinhos”
da divindade nas suas cabeças, são os amigos de Jesus, então, raciocinam, podem
dar um “jeitinho” para as coisas acontecerem.
Jesus, porém, em todos os
momentos que curava ou que fazia algo considerado extraordinário, explicava de
imediato que, de verdade, foi a fé particular que curava a quem lhe
procurava.
É a fé, meus irmãos, que processa milagres.
Quando refiro-me a
milagres, refiro-me à capacidade de produzir feitos que são desconhecidas as
suas causas naturais pela maioria das gentes, mas que é devidamente acionada
pelo mecanismo da crença irrestrita e forte.
É a fé, efetivamente, que
“transporta montanhas”.
A fé num santo qualquer que promove mudanças
comportamentais tem, na prática, a sua origem no desejo latente de modificação
interior e que foi acionado pela vontade íntima.
A fé numa devoção específica
que produziu a cura de uma enfermidade reside na capacidade individual de
provocar melhorias de saúde diretamente ou a buscar ajudas espirituais neste
sentido.
Tudo tem uma explicação, nada, portanto, é miraculoso ou
extraordinário, mas uma demonstração que a fé move na direção desejada quanto
mais ardente for.
Se escrevo tudo isso, meus irmãos de caminho, é para que
exercitem a santidade que vos é inerente nas dificuldades do dia a
dia.
Desejo que acreditem mais em vocês, nas suas potencialidades divinas,
afinal, todos somos filhos do mesmo Pai.
Andem com fé sempre, meus irmãos,
pois como bem diz o meu querido Gilberto Gil, na sua canção maravilhosa, “a fé
não costuma falhar”.
Paz,
Helder Camara
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