ESPÍRITAS DOENTES
Não, não estamos desejando
nos referir àqueles companheiros de Ideal que, por vezes, a ele tanto se doam
que, com o passar do tempo, terminam por observar, em pleno campo de luta, o
declínio das próprias forças do corpo que dignificam na existência...
Nem
tampouco nos referimos àqueles outros irmãos que, compreendendo a necessidade da
quitação de débitos adquiridos no pretérito, renascem com problemas orgânicos
que, não raro, os limitam em suas atividades em prol da Causa a que se
consagram.
Ao escrever sob o assunto-título que nos inspira este arrazoado,
queremos nos reportar aos confrades que, em sua militância doutrinária, por
falta de defesas espirituais contra o personalismo e a vaidade, terminam por
adoecerem do espírito gravemente. E, de maneira lamentável, na atualidade, são
muitos os que se encontram quase que completamente tomados por semelhante quadro
patológico de tratamento complexo e difícil...
São eles os que se supõem
investidos de uma missão divina e se permitem alucinar em plena tarefa,
ensejando, de forma concomitante, a atuação dos espíritos inimigos da Doutrina,
que, em essência, são os adversários do Cristo no serviço de espiritualização da
Humanidade.
Anulados em seu discernimento por absoluta falta de cultivo da
virtude da humildade, passam a se crer na condição de luminares da
Espiritualidade Superior encarnados na Terra, ou, então, medianeiros na posse de
elevados mandatos que objetivam a reforma dos postulados de Allan Kardec, que,
em seus Princípios básicos, sempre haverão de permanecer na vanguarda da
Terceira Revelação.
De outras vezes, sem maiores pretensões, estabelecem
conflitos que, se não se generalizam no Movimento, promovem inúmeras
perturbações localizadas, influenciando dezenas e dezenas de espíritos
invigilantes que, mentalmente, se lhes submetem aos preceitos de ordem pessoal,
através dos quais extravasam as suas frustrações de mando e poder.
Criam eles
tantos atalhos perigosos para os que, por si mesmos, não conseguem manter o foco
no objetivo a ser alcançado, que se responsabilizam pela falta de aproveitamento
real do tempo na encarnação dos grupos que passam a dominar, manipulando-os ao
seu talante.
Repetimos: nos dias que correm, são muitos os espíritas
adoecidos pela incontida ânsia de se revelarem mais do que efetivamente são,
porque, para que realmente se tornassem grandes, não souberam se apequenar,
aprendendo a servir ao lado daqueles que se engrandeceram nas últimas fileiras
do testemunho a Jesus Cristo!...
Acautelemo-nos para que, assim adoecidos,
eles não nos adoeçam, e para que, doentes por nossa vez, não nos transformemos
em agentes do contágio da enfermidade que se generaliza em nossas fileiras,
vitimando companheiros que, em outras circunstâncias, haveriam de ser de extremo
valor para a Causa.
Poucas são as mentes e poucos são os corações que, diante
da luz esplendorosa que o Espiritismo irradia, se encontram imunes ao
deslumbramento que nos pode impedir a visão de nossas deficiências e
imperfeições, na falsa impressão de que a claridade que se projeta em torno de
nossos passos parte de nós mesmos, e não da inesgotável fonte de luz que ele
representa em nossas vidas.
Se assim, porventura, detectamos em nós o menor
traço da doença espiritual que têm comprometido a encarnação de tantos e tantos
irmãos de fé espírita, ao ponto de eles se considerarem mais saudáveis que
outros, peçamos a Jesus que nos auxilie na cura de tão grave mazela, nem que
para isto necessitemos de experimentar qualquer abalo que, de inesperado, nos
reduza à nossa própria insignificância.
Mil vezes cair, do que continuar
caminhando equivocadamente, sem a bênção de uma pedra que nos intercepte os
passos!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 5 de maio de 2014.
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