O QUE HAVERIA DE SER?!
Dias atrás, o venerável
Irmão José, visitando a nossa reunião mediúnica de desobsessão, realizada na
Casa Espírita “Bittencourt Sampaio”, falando em torno da proximidade do Natal de
Jesus, fez com que uma pergunta ficasse vibrando em nossas consciências:
- O
que haveria de ser se a Caridade se retirasse do mundo?!...
E, de fato, para
reconhecermos a excelência do amor ao próximo, ensinado pelo Divino Mestre,
basta que nos coloquemos a pensar no mundo isento generosidade dos
homens.
Como haveríamos de estar, no orbe terrestre, sem o heroísmo daqueles
que, ao longo dos séculos, superando a sua própria humanidade, deliberaram
servir em nome do Cristo, socorrendo os desventurados de todas as
procedências?!
Sem aqueles que, renunciando a si mesmos, levantaram obras de
benemerência em amparo aos leprosos, aos tuberculosos, aos dementados, às
senhoras desvalidas, à velhice abandonada, às crianças esquecidas?!...
Sem
aqueles e aquelas que permutaram o convívio social e o aconchego da família para
se internarem por caminhos inóspitos, expondo-se aos perigos das selvas e das
regiões ermas, aonde, muitas vezes, vinham eles mesmos encontrarem o seu
Calvário?!...
Sem o idealismo fraterno de quantos foram e ainda são
criticados pelos que, donos de grandes fortunas, ignoram o sofrimento dos
semelhantes, e se negam a estender as mãos em solidariedade aos que, por vezes,
não necessitam mais que um pedaço de pão para sobreviver?!...
Ah, meus caros,
se a Caridade se retirasse do mundo, seria o mesmo que mergulhar a Terra em
profunda e eterna escuridão, dentro da qual apenas poderíamos escutar choro e
ranger de dentes!...
Se a Caridade, esta virtude tão escorraçada, e, na
atualidade, quase que completamente dilapidada em seus indiscutíveis valores, se
retirasse do mundo, para o homem – mesmo para àquele que, de maneira
sistemática, se nega a praticá-la – não poderia haver maior desventura, porque,
então, ele se veria privado do único instrumento capaz de fazê-lo se exercitar
na arte de amar com absoluta isenção de seus interesses mais rasteiros...
Se
a Caridade se retirasse do mundo, seria o mesmo que Deus, pela sua excessiva
rebeldia e total insensibilidade, desistisse de redimir a Seus filhos, e os
relegasse, para sempre, ao abismo que insistiram em cavar com as próprias mãos,
em eterna autocondenação...
Se a Caridade se retirasse do mundo, através
daqueles que, no corpo e na alma, suportaram, e suportam, as maiores humilhações
para que a sua divina luz não se apague no horizonte de nossas melhores
esperanças, em relação ao futuro do planeta, tamanha seria a nossa desdita que
todas as lágrimas que Jeremias, um dia, verteu por Jerusalém seriam
insuficientes para chorá-la por um só homem...
Se a Caridade se retirasse do
mundo, e, com ela, todos os seus Anjos se recolhessem, todas as estrelas se
apagariam no seu firmamento, todas as flores feneceriam nos jardins, todos os
sorrisos de crianças emudeceriam, todas as maternas cantigas deixariam de ecoar,
todos os corações se desertificariam, e, enfim, todos os amores, inclusive o
maior deles – o do Cristo –, haveriam de ter sido em vão!...
INÁCIO
FERREIRA
Uberaba – MG, 11 de novembro de 2013.
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