4.11.13

A vida não para

Acabei de rezar um terço em memória dos mortos. Fiz isto em consolo àqueles que me acorrem, do lado de cá da vida, para pedir pelas almas dos que já se foram. É um gesto de solidariedade por mães e pais que querem ver seus filhos bem e de parentes, de uma maneira geral.
Este gesto contemplativo em favor dos seus familiares já mortos é um fenômeno interessante, percebo bem no lado de cá da vida.
De um lado, os parentes que chegam aos cemitérios para reverenciarem, em forma de respeito, aos que se foram para a eternidade. De outro, os próprios espíritos que, muitos deles, nem sabem o que está acontecendo. É uma cena dantesca, muitas vezes, por quê?
Ontem, em um cemitério, acompanhei uma família pedindo por seu pai que morrera recentemente. Pois bem, estavam eles ali, circunspectos, em oração, com velas e flores, e imaginem quem estava de pé perto do túmulo também orando...o próprio “defunto”.
Meus caros, ele mesmo nem sabia que havia morrido. Estava ali com a família, normalmente, sendo também solidário ao dia de finados. Foi neste instante que uma equipe espiritual veio socorrê-lo com muito cuidado para não provocar traumas. As ditas preces dos familiares o ajudou a sair daquele estado de ilusão que já durava algum tempo.
Outros, iam ao cemitério para acompanhar seus familiares já que estavam sendo lembrados e ficavam muito felizes com isso. Sabia, no fundo, que era amado de verdade, daí a solidariedade dos seus no dia dos mortos.
Outras catacumbas, apesar de frequentadas, nada se via no lado de cá da vida. Eram apenas os familiares num gesto de amor. Certamente que suas preces estavam sendo dirigidas e recebidas para quem eram endereçadas, mas nem um sinal de alma viva naquele local.
Os transeuntes do cemitério era uma confusão total. A certa hora, eu não sabia mais quem era vivo e quem era morto. O que aprender disto tudo, meus caros?
Vi com meus próprios olhos e cheguei a uma conclusão: o que vale mesmo é o sentimento verdadeiro.
É claro que se alguém se digna a sair de casa para fazer uma homenagem a um antepassado isto é deverasmente louvável, mas não ir e de lá emitir vibrações de alegria e saudade também valerá a pena.
O contato com os “mortos”, na verdade, se dá diariamente, aprendi do lado de cá da vida com ainda mais ênfase. Eu mesmo me empresto todos os domingos com o médium Carlos num diálogo prazeroso. Outras vezes com a minha querida Antonieta, nas Minas Gerais, para outros comentários. Aqui e acolá, visito outros que me pedem socorro e assim por diante.
Gosto de ser lembrado? Claro que gosto, até porque a vida espiritual é mais ativa do que a vida material. Digo, sem pestanejar, que trabalho mais como morto, muitas vezes, do que como vivo. E tem gente que espera morrer para descansar...
É a vida que se manifesta plenamente. Tenho obrigações mil por aqui e todos aqueles que se dignem a trabalhar não vai faltar o que fazer. Desemprego por aqui definitivamente não há.
Trabalhem, meus irmãos, trabalhem na esfera do bem. Aproveitem as oportunidades para amar, para brincar, para festejar, para ser útil aos outros.
Nossa vida não para. Não para não.
Fiquem com Deus,
Helder Camara

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