PELO TELHADO
“E, não podendo aproximar-se dele, por
causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele
estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente”. –
Marcos, cap. 2 – v. 4
Jesus estava em Cafarnaum e, como sempre, em grande
número, por mera curiosidade, o povo se aglomerava à sua volta.
Poucos os
que, realmente, desejavam escutá-lo, assimilando o que Ele ensinava.
Pela
descrição do Evangelista, não é difícil imaginar a cena: a pequena casa
superlotada, ainda com inúmeras pessoas esparramadas pelo pátio, esperando uma
brecha para adentrar o recinto...
Chegando, porém, um paralítico, conduzido
por quatro homens, ninguém lhe concedeu passagem!
Não fosse o engenho
daqueles carregadores – talvez, seus parentes ou serviçais –, ele não teria
conseguido chegar até onde o Cristo se postava – provavelmente no piso superior
da singela construção.
Diz ainda o Evangelista que os escribas que ali se
encontravam assentados sequer se abalaram – além de não concederem espaço ao
paralítico, passaram a questionar a deferência com que ele fora tratado por
Jesus, que o curara...
Para se avistar com o Senhor, o pobre homem teve que
ser introduzido pelo telhado!
Nem sempre os que estão diante da luz se
iluminam – querem-na, inteira, somente para si, mas não se permitem clarear por
ela ou que outros dela se aproximem!
O episódio nos leva a formular a
seguinte indagação: o que haveremos de fazer com o nosso velho egoísmo
humano?...
Caso estivessem compreendendo o que Jesus pregava, aqueles homens
e mulheres, provavelmente saudáveis – pelo menos, fisicamente saudáveis –,
haveriam de deixar passar o paralítico; todavia, ninguém demonstrou para com ele
a menor condescendência...
O mesmo aconteceu com a mulher hemorroíssa, que,
para tocar na orla do manto do Senhor, teve que se arrastar sozinha, abrindo
caminho entre a multidão compacta – não houve quem dela se apiedasse,
auxiliando-a no tentame a que se propunha!
Infelizmente, no mundo de hoje, a
multidão dos que nada fazem para auxiliar os necessitados de todas as
procedências continua sendo maioria...
Consola-nos, no entanto, saber, que,
naquela oportunidade, os escribas que estavam assentados continuaram assentados
– e assentados devem estar até hoje! –, pois o único que realmente dali saiu
andando foi o anônimo paralítico que Jesus não ignorou!...
INÁCIO
FERREIRA
Uberaba – MG, 10 de dezembro de 2012.
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