A Lua
Certa ocasião, numa cidade distante do
interior de Pernambuco, uma mulher do povo, bem simples, fez-me uma
pergunta:
- Dom Helde, esta história de foguete, que o homem foi à lua, é
verdadeira?
- É, minha filha, é sim. O homem tem muita inteligência e agora
quer conhecer o espaço começando pela lua.
- Mas, Dom Helde, não é muito
distante?
- É, minha filha, é muito distante, mas com perseverança, o homem
chegou lá.
- Mas pra quê, Dom Helde, o homem não tem tudo que precisa por
aqui, neste mundo de meu Deus?
- É, minha filha, na verdade, o homem não
precisava ir agora para a lua, creio eu, tem muito mais problema para resolver
aqui na Terra, por enquanto.
- É que estava pensando, Dom Helde, se Deus
deixa o homem ir à lua é porque há uma razão para isso, não?
- Deve haver,
deve haver.
- Eu acho que sei, Dom Helde.
- É? Então me diga.
- É pro
homem chegar lá e ver como a Terra é bonita e tomar a decisão de cuidar melhor
dela.
- Sabe que eu não havia pensado por este ângulo. Você tem razão. O
homem vendo como a Terra é bonita irá preservá-la mais, ter mais cuidado com
ela. Vou dizer isso aos outros quando me perguntarem. Você tem razão.
- Pois
bem, Dom Helde, só quero saber uma coisa agora.
- Diga.
- Quando a gente
diz no Pai Nosso que seja feita a vontade de Deus, assim na Terra como no céu,
como é que é isso?
- O céu, minha filha, é a imensidão do espaço sideral. As
estrelas, os outros planetas, a lua.
- Agora entendi de verdade. Querem ver
se podem viver na lua para abrir Igrejas lá também, não é verdade?
- Pode até
ser, minha filha, mas, por enquanto, tem muito o que fazer por aqui
mesmo.
Despedi-me dela e fiquei a pensar.
A sabedoria humana é infinita.
Mesmo uma pessoa mais simples enxerga longe. O que é que esse povo está fazendo
na lua com tantas coisas a fazer por aqui também. A lua, meus irmãos, pode ser
distante, mas, distante mesmo, é não atingir o coração de outro homem, mesmo que
ele esteja a um metro de distância.
Quantas pessoas podem chegar à lua e
jamais conseguem chegar ao coração de outro irmão...
Um abraço,
Helder
Camara por Carlos Pereira
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