Encontro com Jesus
Certa vez, há bastante
tempo, de pés calejados de muito andar, fui a determinada cidadezinha no meu
Ceará. Ainda jovem e querendo mostrar trabalho, fui rezar uma missa a que me
convidaram.
Fui entusiasmado com a possibilidade de servir como pároco
temporário daquela cidade distante e pequena, quase uma rua só, mas estava
feliz.
Ao iniciar a missa, via apenas alguns pingados de gente. Ora, pensava
eu, vim de tão longe e ninguém aqui quis me ver, nem mesmo matar a curiosidade
de um padre novo, mesmo que temporário.
Qual não foi a minha surpresa que,
aos poucos, a igreja foi se enchendo. Senta aqui, senta acolá, e, no final,
estava cheinha de gente e com alguns em pé.
Falei do Espírito Santo nas
nossas vidas, o que é a graça de viver sob a sua égide e todos me aplaudiram no
final pelo meu entusiasmo, certamente.
Ao cumprimentar a todos depois da
missa alguém chegou e me disse que estavam ali depois de velar a um dos amigos
da comunidade que acabara de morrer, daí o motivo do atraso.
Quis saber
imediatamente quem era e se poderia dar os meus préstimos à família enlutada. Um
senhor logo me disse que carecia não porque o homem era protestante e que a
família não gostaria da minha presença na sua casa. Teimoso, pedi que me
mostrasse a casa que queria ir lá de todo jeito.
Ao chegar, bati palmas, me
apresentei e antes que dissessem qualquer coisa fui logo afirmando:
- Vim me
solidarizar com a morte de meu irmão. Se Deus quiser, ele estará em bom lugar,
mas devo dizer que o Pai Amantíssimo não vê a religião que abraçamos, mas o
coração que possuímos.
O homem da casa me fixou os olhos e disse:
- Olhe,
seu padre, nós todos estamos desconsolados com a morte de nosso irmão, mas o
senhor veio dizer que é o coração que engrandece um homem perante os olhos de
Deus. Pois bem, meu irmão era um homem de fé e trabalhador, então, Deus haverá
de colocá-lo num bom lugar.
- Certamente, meu caro, certamente. Eu vou rezar
uma missa em seu nome, se vocês me permitirem, logicamente, asseverei.
-
Carece não, seu padre. Estamos todos na nossa igreja reverenciando a sua imagem.
Fico contente, porém, com seu desprendimento, retrucou o irmão de homem que
faleceu.
- Então, me permitam ir ao culto. Quero deixar claro que nada tenho
contra qualquer dos meus irmãos de outras denominações, enquanto estiver por
aqui.
Aceitaram-me a presença no culto e a cidade escandalizada com aquele
meu ato. Uns aprovavam, outros censuravam. Não liguei. Fui ao culto protestante
e lá pelas tantas o pastor pediu que eu rezasse a oração final.
Rezei. Pedi
pela alma daquele nosso irmão e por todos ali da família. Consternado estava
porque parecia que o irmão falecido era muito considerado pela comunidade.
Ao
final, me abraçaram e um da família veio até mim e disse:
- Seu padre, hoje
eu me encontrei com Jesus.
- Foi, como isso se deu?
- Quando o senhor
entrou naquela porta eu disse para mim mesmo: ou ele veio nos catequizar ou veio
prestar, de verdade, a sua solidariedade com a nossa dor. Como o senhor só falou
coisa boa e de incentivo, acho que o senhor veio representando Jesus.
- Meu
filho – disse -, todo aquele que vem falar em nome de Jesus, assim está
representando-o. Eu sou apenas mais um.
Despedi-me e fui a pensar sobre
aquela história. Estava intimamente feliz com minha iniciativa. De lá para cá,
me convenci ainda mais que somos todos irmãos e que a fé, seja ela qual for,
deve ser respeitada. Assim, se vive mais feliz e em harmonia.
Que neste natal
do Menino Jesus, sejamos solidários com a dor do irmão, acolhendo-a como
nossa.
Que sejamos solidários com a fé de quem que seja, porque todos estão
referenciando a Jesus e a Deus – que é um só para todos.
Foi Jesus que nos
ensinou a amarmos uns a outros e no seu natal não poderá ter expressão maior e
melhor para fazer senão honrar os seus ensinamentos.
Que Deus nos
abençoe!
Helder Camara pelo médium Carlos
Pereira - 23/12/2012
26.12.12
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