Curso Avançado de Espiritismo - Capítulo 27
AS RAÇAS ADÂMICAS
EMIGRAÇÕES E IMIGRAÇÕES DOS ESPÍRITOS
No
intervalo de suas existências corporais, os Espíritos se encontram no estado de
erraticidade e formam a população espiritual ambiente da Terra. Pelas mortes e
pelos nascimentos, as duas populações, terrestre e espiritual, desaguam
incessantemente uma na outra.
Essa transfusão, que se efetua entre a
população encarnada e desencarnada de um planeta, igualmente se efetua entre os
mundos, quer individualmente, nas condições normais, quer por massas, em
circunstâncias especiais. Há, pois, emigrações e imigrações coletivas de um
mundo para outro. Novas raças de Espíritos, vindo misturar-se às existentes,
constituem novas raças de homens. Ora, como os Espíritos nunca mais perdem o que
adquiriram, consigo trazem eles sempre a inteligência e a intuição dos
conhecimentos que possuem, o que faz que imprimam o caráter que lhes é peculiar
à raça corpórea que vinham animar.
Destes princípios concluímos que
existem na Terra, dois tipos distintos de Espíritos, quanto a sua origem: os
Espíritos primitivos do planeta que aqui estão já há muitos milênios, e os
Espíritos que vinham reencarnando em outros orbes e aqui aportaram
recentemente.
RAÇA ADÂMICA
De acordo com o ensino dos
Espíritos, foi uma dessas grandes imigrações, ou se quiserem, uma dessas
colônias de Espíritos, vinda de outra esfera, que deu origem à raça simbolizada
na pessoa de Adão, chamada raça adâmica. Segundo informa-nos Emmanuel [no livro
À Caminho da Luz] a população de Espíritos imigrantes que constituíram a raça
adâmica veio de outra constelação de nossa galáxia - a constelação de Cocheiro,
onde encontra-se uma estrela de nome Cabra ou Capela. De um dos orbes deste
sistema solar, vieram, degredados para a Terra, os Espíritos rebeldes, que
ficaram conhecidos com o nome de Capelinos.
Mostra ainda, Emmanuel, que
há muitos milênios, um dos orbes de Capela, que guarda muitas afinidades com o
globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos
evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam delineadas, mas
alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral,
dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de
piedade e virtudes.
As grandes lideranças espirituais daquela comunidade,
deliberaram então, localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no
crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos
trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e,
impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores.
Conta Emmanuel, que Jesus, na condição de governador espiritual da Terra,
recebeu amorosamente aquela turba de seres sofredores e infelizes, prometendo a
eles, contribuir para que retornassem ao orbe de Capela, tão logo se mostrassem
acessíveis às transformações morais.
Mais adiantada do que as que a
tinham precedido neste planeta, a raça adâmica é, com efeito, a mais
inteligente, a que impele ao progresso todas as outras. Desde o seu primórdio,
ela se mostra industriosa, apta às artes e às ciências, sem haver passado aqui
pela infância espiritual, o que não se dá com as raças primitivas.
Acredita Kardec que:
"A raça adâmica não é tão antiga na Terra e nada se
opõe a que seja considerada como habitando este globo desde apenas alguns
milhares de anos."
Lembra o Espírito Emmanuel, que além de promover
decisivo progresso nas diversas áreas do comportamento humano - ciências, artes,
religião, filosofia, etc. - a chegada dessas entidades no orbe, foi responsável
pelo nascimento dos ascendentes das raças brancas. As raças adâmicas guardavam
vaga lembrança da sua situação pregressa, tecendo o hino sagrado das
reminescências.
As tradições do paraíso perdido (doutrina dos anjos
decaídos) passaram de gerações a gerações, até que ficassem arquivados nas
páginas da Bíblia. Adão e Eva, Caim e Abel, nada mais representam que figuras
simbólicas, representando o degredo dessa colônia de capelinos.
Os
degredados de Capela, com o passar dos anos, reuniram-se em quatro grandes
grupos que se fixaram depois nos povos mais antigos, obedecendo à afinidades
sentimentais e lingüísticas que os associavam na Constelação de Cocheiro.
Os quatro grandes grupos de Capelinos eram:
- O Grupo dos
Árias
Dos árias descende a maioria dos povos brancos da família
indo-européia; os latinos, os celtas, os gregos, os germanos e os
eslavos.
Eram, segundo Emmanuel, Espíritos bastante revoltados com as
condições de seu degredo, pouco afeitos aos misteres religiosos, sem
preocupações com a conservação do seu tradicionalismo e sempre em busca de um
novo paraíso para serenarem as suas inquietações angustiosas. Caminheiros do
desconhecido, erraram pelas planícies e montanhas desertas desarvorados e sem
esperança, contando apenas com suas próprias forças, em virtude do seu caráter
livre e insubmisso. Suas incursões, entre as tribos selvagens da Europa, datam
de mais ou menos dez milênios antes da vinda do Cristo.
Mais revoltados
e enriquecidos que todos os demais companheiros exilados no orbe terrestre, suas
reminescências da vida pregressa nos planos mais elevados, traduziam-se numa
revolta íntima, amargurada e dolorosa, contra as determinações de ordem
divina.
A maior virtude deste grupo de capelinos, no entender de
Emmanuel, foi o fato de confraternizarem-se com os selvagens, impulsionando-lhes
os passos nas sendas do progresso e do aperfeiçoamento.
Enquanto os
Hindus se perderam na cristalização do orgulho religioso, as famílias arianas se
identificavam com os habitantes primitivos daquelas regiões, formando cidades e
povoados afeitos ao progresso.
- A Civilização do Egito
Dentre
os Espíritos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia
foram os que mais se destacaram na prática do bem e no culto da verdade.
Eles eram os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. Em
razão dos seus elevados patrimônios morais, guardaram, no íntimo, uma lembrança
mais viva das experiências de sua pátria distante. Um único desejo os animava,
que era trabalhar devotadamente para regressar, um dia, aos seus penates
resplandecentes. Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas
organizações religiosas. Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi
tão altamente desenvolvido.
Foi por esse motivo, que representando uma
das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do
antigo Egito desapareceram para sempre do palmo tangível do planeta. Depois de
perpetuar nas pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos
daquela região regressam à pátria sideral.
- As Castas da
Índia
Dos Espíritos degredados no ambiente da Terra, os hindus foram os
primeiros a formar os pródromos de uma sociedade organizada. As organizações
hindus são de origem anteriores à própria civilização do mundo, salientando-se
que as suas escolas de pensamento guardavam os mistérios iniciáticos, com as
mais sagradas tradições de respeito.
Eram almas resignadas e crentes nos
poderes espirituais, e quase todos os povos da Terra foram buscar em sua
doutrina os mais diversos elementos para enriquecer a fé e a filosofia. No
entanto, eram tremendamente orgulhosos - aliás, foi o orgulho que deu motivo ao
seu exílio na Terra - e, em função disto, criaram as tão lamentáveis castas,
separando as suas coletividades para sempre.
Pelo orgulho e pela vaidade,
os capelinos que se fixaram na Índia, não se misturaram aos primitivos da
região, considerando-os como os párias da sociedade, de cujos membros não podiam
aproximar-se sem graves punições e severos castigos.
- O Povo de
Israel
Dos Espíritos degredados na Terra, foram os hebreus que
constituíram a raça mais forte e mais homogênea, mantendo inalterados os seus
caracteres através de todas as mutações.
Se grande era a sua certeza na
existência de Deus, muito grande era também o seu orgulho, dentro de suas
concepções da verdade e da vida.
Consciente da superioridade de seus valores
religiosos, nunca perderam oportunidade de demonstrar a sua vaidosa aristocracia
espiritual, mantendo-se pouco acessível à comunhão perfeita com as demais raças
do orbe. Todas as raças da Terra devem aos judeus o benefício sagrado que
consiste na revelação do Deus único, Pai de todas as criaturas e providência de
todos os seres.
Informa-nos Emmanuel que grande percentagem dos
degredados de Capela, com muitas exceções, só puderam voltar ao país da luz e da
verdade, depois de muitos séculos de sofrimentos expiatórios; outros, porém,
infelizes e retrógrados, permanecem ainda na Terra, nos dias que correm
contrariando a regra geral, em virtude do seu elevado passivo de débitos
clamorosos.
- Bibliografia
1) A Gênese - Allan Kardec
2) A Caminho da Luz - Emmanuel/Chico Xavier
3) Evolução em Dois Mundos -
André Luiz/Chico Xavier - Waldo Vieira
Apostila Original: Instituto de
Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG