11.11.18

Bate Papo sobre Política


(CP- Carlos Pereira/Médium; DH – Dom Helder Câmara/Espírito)

CP. As eleições desse ano no Brasil foram surpreendentes. Houve expressiva mudança na Câmara Federal, apesar de se manter conservadora. Foram eleitos governadores novos na política. Vários políticos tradicionais não se elegeram. Um presidente completamente diferente chegou ao planalto. O que está acontecendo?
DH. Penso que é renovação. O povo está cansado dos velhos políticos. Acham que o povo não pensa?Pensa sim, mas tem seu jeito próprio de pensar, cabe a nós entendermos o seu recado que saiu das urnas.
CP. Que recado foi esse?
DH. O recado de que está cansado de corrupção. O recado que não aceita quem promete algo e faz outra coisa. O recado que se sente inseguro. O recado que não dá mais para conviver com a hipocrisia na política. O recado que quer melhoria efetiva na sua vida.
CP. Houve a eleição de alguém nitidamente despreparado para o cargo. Além do mais um discurso raivoso e violento. Por que essa opção?
DH. Entendamos o que povo disse. Se ele estava cansado de tudo isso que citei quem melhor soube traduzir essa inquietação popular foi o presidente eleito. Ele não sabe exatamente o que quer, mas sabe certamente o que não quer. Nisto, o povo se identificou com ele e deu seu voto de confiança. Sua eleição, por esse ponto de vista, foi absolutamente legítima.
CP. O senhor fez crítica indiretas contra ele nos seus textos. Disse que não iria se calar. Continua pensando assim?
DH. Continuo, claro que continuo. Não posso ouvir alguém dizer que vai matar o próximo e eu ficar calado. Não posso ver alguém dizer que detesta a liberdade e aplaudir. Não posso escutar alguém dizer uma série de equívocos e fingir que não escutei. Fui ao encontro dos meus valores, só fiz isso.
CP. O presidente eleito se coloca na postura de um cristão. Há incoerência entre no que diz e faz?
DH. Claro que há! São os fatos que apontam isso, não eu. Ele disse abertamente várias coisas que vão de encontro com a filosofia moral pregada por Jesus. Não são compatíveis os discursos dele com o nosso libertador. Alguém está errado e esse alguém não é Jesus.
CP. Essa campanha gerou muito ódio, muita divisão no nosso povo. Por que ocorreu isso?
DH. Por desinformação porque se agarraram as ideias de maneira apaixonante. Todos foram envolvidos numa grande energia alienante. Foram sugados por uma onda entorpecente. Nada de diferente do que são, por isso ocorreu sintonia. Automatizamos comportamentos e emoções. Isso é tudo muito ruim porque perdemos noção real das coisas. O que está em jogo é a liberdade de pensar. O que deve ser preservado é o respeito uns com os outros. Nesse ponto, sobrou desaforos e esqueceu-se dos conteúdos amorosos que Jesus nos ensinou.
CP. Notei que novamente houve um estímulo ao maniqueísmo. Os bons têm que varrerem os maus na política. O senhor também pensa assim?
DH. São os tais condicionamentos alienantes a que me referi. Não é feio pensar de um jeito ou de outro. Feio é achar que tudo que é diferente do seu jeito de pensar não presta. Ora, é na divergência que nos tornamos grandes e melhores. O diferente agrega, o igual apenas se repete. Há sementes de sabedoria e bondade em todas as ideias. É só as catar e adotá-las.
CP. Como foi o comportamento no mundo espiritual?
DH. Também houve divisão. Por aqui se refletiu o que se viu por aí. Apesar de ter fatos novos que não podemos revelar, estávamos divididos quanto a estratégia de mudança de nosso País. Como ficou tudo muito resumido em dois flancos, então não houve consenso.
CP. Afinal, o que predominou?
DH. Os que defendiam uma mudança radical, apesar de um jeito completamente antagônico. Era uma aposta e estão trabalhando favoravelmente nesse sentido. Muitos respeitados estadistas e gente comprometida com a política brasileira defenderam a eleição do senhor que está aí. Foi uma forma encontrada de mudar a agenda viciada de nosso País.
CP. As ideias bélicas e violentas que ele prega não atraem forças antagônicas ao bem?
DH. Claro que atrai! Elas estiveram ativas nos dois lados no segundo turno. De certa forma, ganhariam em qualquer que fosse o resultado. Como há uma esperança de mudança concreta com quem se elegeu, então optaram em ficar ao lado dele os espíritos mais abertos, digamos assim. Eu fiquei neutro, mas contra os princípios de retrocesso e que considerei anticristão.
CP. E agora?
DH. Agora a vida prossegue. Não há o que fazer senão inspirar os homens de bem para fazer o bem na medida das suas possibilidades e deixar os equívocos de lado, subtraindo os ímpetos de atraso que porventura venham a se instalar.
CP. O que esperar do futuro do País?
DH. Eu não penso em outra coisa sempre que não seja em gerar esperanças positivas para nossa gente. Estimular a dar o seu melhor e fazer acontecer o que tem de bom nelas. Se cada um faz isso, a gente terá um País melhor, onde se vai respirar com mais dignidade e amor. Torço que o senhor presidente seja mais humano e menos bélico, mais cristão e menos excludente. A luta continua.
CP. O senhor deseja falar do PT?
DH. Não. O povo já falou o que tinha que falar nas urnas. O povo, de alguma maneira, é sempre sábio em suas decisões.
CP. Posso achar que o povo vai continuar a se interessar pela política mesmo depois da eleição?
DH. Que bom que assim seja. Com mais debate e menos radicalismo. Com mais cidadania e menos passividade. Com mais responsabilidade e menos negligência. O povo tem o governo que merece e precisa.

Blog Novas Utopias

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