23.11.18

A EXPLOSÃO DE PENTECOSTES


    "Então os levou até Betânia e, levantando as mãos, os abençoou. E enquanto os abençoava, apartou-se deles e foi elevado ao céu. Eles, tendo-o adorado, voltaram para Jerusalém com grande gozo; estavam continuamente no templo bendizendo a Deus". (Lucas, XXIV 50-53.)
    "Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar, e, de repente, veio do Céu um ruído como de vento impetuoso que encheu toda a casa onde estavam sentados e lhes apareceram umas como línguas de fogo, as quais se distribuíram, para repousar sobre cada um deles, e todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem". (Queira o leitor ter a bondade de consultar o Novo Testamento e ler todo o capítulo, que deixamos de transcrever devido à sua extensão.) (Atos dos Apóstolos, II. )

    Tendo Jesus conduzido seus discípulos para Betânia, abençoou-os e deles se separou.
    Narra o evangelista Lucas que, depois de terem os apóstolos prestado ao divino nazareno o culto de gratidão pelo muito amor que o Mestre lhes votara, voltaram para Jerusalém, cheios de alegria e constantemente se achavam no templo louvando e bendizendo a Deus.
    Preparavam-se certamente os discípulos do redivivo para receberem o poder do Alto, poder que lhes havia sido prometido, para o desempenho de sua missão.
    De modo que, concentrados pelo espírito de oração e meditação nas coisas divinas, tornaram-se aptos para assimilarem o Espírito em suas mais portentosas manifestações.
    Cumpriu-se o dia de Pentecostes - todos estavam concordemente reunidos, quando, de repente, veio do Céu um som, como de um vento veemente e impetuoso e encheu toda a casa em que se achavam. E por eles foram vistas como que línguas de fogo, que pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram cheios de Espírito e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.
    Em Jerusalém habitavam judeus e varões religiosos de todas as nações.
    Correndo aquela voz, ajuntou-se a multidão e estava confusa porque cada um os ouvia falar em sua própria língua. E todos pasmaram e se maravilharam, dizendo uns aos outros: "Não são galileus todos estes homens que estão falando? Como, pois, ouvimos cada um na nossa própria língua?"
    O dom das línguas, o dom de curar, o dom das maravilhas, o dom da Ciência, todas as graças tinham sido dispensadas aos continuadores da missão de Jesus; eram eles os intermediários (médiuns) dos Espíritos santificados, para que a doutrina fosse a todos transmitida!
    A sessão realizada no Cenáculo foi assistida por partos, medos, elamitas e os que habitavam a Mesopotâmia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Pantília, o Egito, e partes da Líbia junto de Cirene e forasteiros romanos, tanto judeus como cretenses, árabes; todos ouviram e observaram as maravilhas do invisível!
    Mas, uma assembleia pública composta de homens de diferentes condições e
moralidade, não pode ter opinião uníssona.     Daí o fato de uns atribuírem
os fenômenos à embriaguez dos apóstolos; outros não tomavam a sério os fatos e blasonavam.
    Foi nessa ocasião que o apóstolo Pedro levantou-se e esclareceu:
    "Estes homens não estão embriagados, mas é o que foi dito por Joel: Nos últimos tempos, diz o Senhor, derramarei do meu Espírito sobre toda a carne, os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os vossos velhos terão sonho".
    "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado (com o batismo do
Espírito) e recebereis o dom do Espírito Santo, porque a promessa vos pertence, aos vossos filhos e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar".
    E assim realizou-se, sob a direção suprema de Jesus, a sessão para o desenvolvimento dos médiuns, que deveriam transmitir a seus irmãos da Terra, a palavra do Céu.
    Pentecostes foi a palavra que escolheram para exprimir tão notável acontecimento. Deriva do grego Pentekosté e significa "quinquagésimo", ou seja, 50 dias.
    De dois Pentecostes nos fala a História: Pentecostes dos judeus e Pentecostes dos cristãos: o primeiro é uma glorificação do Antigo Testamento, o segundo, do Testamento Novo.
    A festa judaica de Pentecostes era celebrada para relembrar o dia em que Moisés recebera as Tábuas da Lei, os mandamentos do Sinai.
    A recepção do Decálogo efetuou-se justamente cinquenta dias depois dos israelitas comerem o Cordeiro Pascoal, já libertados da escravidão do Egito.
    A festa cristã de Pentecostes é celebrada cinquenta dias depois da ressurreição de Jesus Cristo.
    Que coincidente relação parece existir entre uma e outra festa!
    Os judeus festejavam a sua libertação do jugo do Faraó e dos egípcios; os cristãos festejavam a sua libertação do jugo das trevas da morte pelas aparições de Jesus Cristo e o concurso de seus prepostos do mundo espiritual.
    Além disso, outra coisa admirável se observa entre o Pentecostes cristão e o do Antigo Testamento; um e outro celebram a promulgação da lei divina; cinquenta dias depois do maravilhoso livramento do povo judeu. Deus dá a Sua lei a Moisés, no Monte Sinai; e cinquenta dias depois da mais pujante prova de vida eterna, que o maior de todos os Espíritos dá à Humanidade para o seu livramento dos grilhões da morte, desce o Espírito Santo sobre os discípulos do nazareno, e, sobre a pedra fundamental da Revelação, ergue a Igreja viva que deveria transmitir à Terra os ensinos do Céu!

Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel

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