I. O tríplice aspecto do Espiritismo
"O Espiritismo é uma doutrina
filosófica, de fundamentos científicos e consequências morais."
Nessa definição de Kardec, evidencia-se que
o Espiritismo apresenta um aspecto tríplice, a saber:
1) Científico.
Estuda os espíritos (sua origem, natureza,
estado e destinação), o seu meio ambiente (mundo espiritual) e, ainda, as suas
relações com o mundo material.
Ante os fatos novos que se apresentam e não
podem ser explicados pelas leis conhecidas: observa, compara, analisa e,
remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhe as
consequências e busca as aplicações úteis. A teoria vem, então, explicar e
resumir os fatos.
Dotada de métodos próprios, específico e
adequados ao objeto que investiga (a experimentação mediúnica), a Doutrina
Espírita precedeu as ciências do paranormal da atualidade, tais como a
Parapsicologia, Psicotrônica, Psicobiofísica etc.
Na codificação kardequiana, o aspecto
científico do Espiritismo é abordado especialmente em "O Livro dos
Médiuns" e "A Gênese".
2) Filosófico.
Faz a interpretação da natureza e dos
fenômenos e a reformulação da concepção do mundo e de toda a realidade, segundo
as novas descobertas reveladas e pesquisadas.
Trata dos princípios e dos fins, da origem
e destinação do Universo respondendo às perguntas: Quem somos? De onde viemos?
Por que estamos aqui?
Para onde iremos? Dá-nos
uma filosofia de vida.
Seus princípios fundamentais (já enumerados
na aula anterior) estão consubstanciados em "O Livro dos Espíritos".
É aceita oficialmente como Filosofia, no
Brasil e no Exterior.
3) Religioso (Moral).
Como consequência das conclusões, baseadas
nas provas da sobrevivência humana após a morte, a realidade conhecida se
projeta no plano das relações homem/divindade, adquirindo sentido religioso.
É principalmente por essas consequências
religiosas que se deve encarar o Espiritismo.
O Espiritismo revive, restaura e
complementa o Cristianismo, porque:
- tira a doutrina ensinada por Jesus da
linguagem alegórica/ parabólica e a torna atualizada e compreensível;
- confirma os feitos de Jesus e os explica
pela ação espiritual sobre os fluidos (telepatia, vidência, curas, pesca
milagrosa etc);
- faz a complementação dos ensinos com
novas revelações.
É religião espiritual, sem aparatos
formais, sem dogmas de fé, rituais, sacramentos, sacerdócio organizado etc.,
que costumam caracterizar as religiões. Concorda com o ensino de Jesus:
"Deus é espírito e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e
verdade." (Jo. 4 v. 24.)
Jesus é apontado pelos espíritos como guia
e modelo para a humanidade, perfeição moral a que o homem pode aspirar na Terra
(perg. 625 de "O Livro dos Espíritos"), confirmando Jesus:
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida,
e ninguém vai ao Pai senão por mim." (Jo. 4 v. 6.)
Bezerra de Menezes recomenda:
"Estudar Kardec para viver Jesus". O aspecto religioso da Doutrina
Espírita fica especialmente evidenciado em "O Evangelho Segundo o
Espiritismo" e "O Céu e o Inferno", embora também "O Livro
dos Espíritos" já fale na "Lei da Adoração".
Há quem se dedique à experimentação dos
fatos mediúnicos, conhecendo e explicando fenômenos sem conta no campo extenso
da ciência espírita.
Há quem anseie entender a solução de todos
os porquês da vida universal, com os recursos admiráveis da filosofia espírita.
Mas só quem experimenta e indaga para agir
segundo a conduta cristã alcança do Espiritismo a finalidade última e dele
recolhe o benefício maior.
II. Práticas espíritas
Em Espiritismo, usamos certas práticas ou
atividades para cultivar nossas faculdades espirituais e nos relacionarmos com
o plano espiritual.
Ex.: a prece, a meditação,
a irradiação, o passe, a fluidificação da água, o intercâmbio mediúnico, as
reuniões de estudo e de divulgação doutrinária.
Tudo, porém, é feito com simplicidade e
sinceridade, sem necessidade de qualquer fórmula ou exterioridade, porque o que
age é o pensamento e a vontade. Seguimos, pois, nas práticas espíritas, o
exemplo de Jesus que sempre agiu com simplicidade, orando, curando, ensinando
sem quaisquer gestos especiais, fórmulas ou condicionamentos.
Há pessoas que não estudaram a Doutrina
Espírita e, ao realizarem as práticas espíritas, adotam certos procedimentos
que nada têm a ver com o Espiritismo, porque são meras crendices, superstições
ou exterioridade desnecessária.
Esclareçamos, portanto, que no Espiritismo
não se adota a prática de atos, objetos, cultos exteriores e muitos outros,
tais como:
- exorcismo para afastar maus espíritos;
- sacrifícios de animais e, muito menos, de
seres humanos;
- rituais de iniciação de qualquer espécie
ou natureza;
- paramentos, uniformes ou roupas
especiais;
- altares, imagens, andores, ou outros
objetos;
- promessas, despachos, riscadura de cruzes
e pontos, prática de atos materiais oriundos de quaisquer outras concepções
religiosas ou filosóficas;
- rituais e encenações extravagantes de
modo a impressionar o público;
- confecção de horóscopo, exercício de
cartomancia e outras práticas similares;
- administração de sacramentos como
batizados e casamentos, concessão de indulgência e sessões fúnebres ou reuniões
especiais para preces particulares a desencarnados;
- talismãs, amuletos, orações miraculosas,
bentinhos, e escapulários, breves ou quaisquer outros objetos e coisas
semelhantes;
- pagamento ou retribuição de qualquer
natureza por benefício espiritual recebido;
- atendimento de interesses materiais para
"abrir caminhos";
- danças, procissões e atos análogos;
- hinos ou cantos em línguas exóticas;
- incenso, mirra, fumo, velas ou
substâncias outras que induzam à prática de rituais;
- qualquer bebida alcoólica, substâncias
alucinógenas ou drogas.
Esclareçamos, também que só há um
Espiritismo, oque foi codificado por Allan Kardec e por ele assim denominado,
não existindo, portanto, diferentes ramificações ou categorias, como
"alto" ou "baixo Espiritismo", "Espiritismo de
Mesa", "Espiritismo Elevado", ou outras desse gênero.
- Espiritismo e Mediunidade
Outro ponto a considerar é o destaque que
alguns dão à mediunidade sem perceber o valor maior da Doutrina Espírita.
Como a prática mediúnica proporciona
socorro espiritual muito valioso, a maioria das pessoas que procuram o Centro
Espírita vem interessada no mediunismo.
O Espiritismo, porém, não é apenas mediunismo.
É estudo, trabalho, vivência cristã, para
nos levar à evolução.
"Reconhece-o
verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para
domar suas más inclinações".
- Conclusão
1) Só é um verdadeiro Centro Espírita
aquele que vivencia a Doutrina Espírita, tal como aqui se definiu claramente.
2) Quem realmente entende a Doutrina
Espírita:
a) Não fica somente na prática rnediúnica
ou na busca do passe, da cura ou do fenômeno masprocura melhorar-se e ajudar os
outros a se melhorarem.
b) Quando realiza as práticas espíritas
procura fazê-las autênticas:
simples (sem
exterioridades), sinceras(baseadas na verdade), fraternas
(caridade) e buscando o
bem (cumprimento da vontade divina).
Livros consultados:
- "O Grande
Desconhecido-Curso Dinâmico de Espiritismo", J. Herculano Pires.
- "Esclarecendo
Dúvidas", Conselho Federativo Nacional da FEB, em "Reformador",
Junho/ 1953.
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Fonte: "Iniciação ao
Espiritismo", Therezinha Oliveira
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