18.11.18

A DOUTRINA ESPÍRITA E SUAS PRÁTICAS


    I. O tríplice aspecto do Espiritismo

    "O Espiritismo é uma doutrina filosófica, de fundamentos científicos e consequências morais."
    Nessa definição de Kardec, evidencia-se que o Espiritismo apresenta um aspecto tríplice, a saber:
    1) Científico.
    Estuda os espíritos (sua origem, natureza, estado e destinação), o seu meio ambiente (mundo espiritual) e, ainda, as suas relações com o mundo material.
    Ante os fatos novos que se apresentam e não podem ser explicados pelas leis conhecidas: observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhe as consequências e busca as aplicações úteis. A teoria vem, então, explicar e resumir os fatos.
    Dotada de métodos próprios, específico e adequados ao objeto que investiga (a experimentação mediúnica), a Doutrina Espírita precedeu as ciências do paranormal da atualidade, tais como a Parapsicologia, Psicotrônica, Psicobiofísica etc.
    Na codificação kardequiana, o aspecto científico do Espiritismo é abordado especialmente em "O Livro dos Médiuns" e "A Gênese".
    2) Filosófico.
    Faz a interpretação da natureza e dos fenômenos e a reformulação da concepção do mundo e de toda a realidade, segundo as novas descobertas reveladas e pesquisadas.
    Trata dos princípios e dos fins, da origem e destinação do Universo respondendo às perguntas: Quem somos? De onde viemos? Por que estamos aqui?
Para onde iremos? Dá-nos uma filosofia de vida.
    Seus princípios fundamentais (já enumerados na aula anterior) estão consubstanciados em "O Livro dos Espíritos".
    É aceita oficialmente como Filosofia, no Brasil e no Exterior.

    3) Religioso (Moral).
     Como consequência das conclusões, baseadas nas provas da sobrevivência humana após a morte, a realidade conhecida se projeta no plano das relações homem/divindade, adquirindo sentido religioso.
    É principalmente por essas consequências religiosas que se deve encarar o Espiritismo.
    O Espiritismo revive, restaura e complementa o Cristianismo, porque:
    - tira a doutrina ensinada por Jesus da linguagem alegórica/ parabólica e a torna atualizada e compreensível;
    - confirma os feitos de Jesus e os explica pela ação espiritual sobre os fluidos (telepatia, vidência, curas, pesca milagrosa etc);
    - faz a complementação dos ensinos com novas revelações.
    É religião espiritual, sem aparatos formais, sem dogmas de fé, rituais, sacramentos, sacerdócio organizado etc., que costumam caracterizar as religiões. Concorda com o ensino de Jesus: "Deus é espírito e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e verdade." (Jo. 4 v. 24.)
    Jesus é apontado pelos espíritos como guia e modelo para a humanidade, perfeição moral a que o homem pode aspirar na Terra (perg. 625 de "O Livro dos Espíritos"), confirmando Jesus:
    "Eu sou o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai senão por mim." (Jo. 4 v. 6.)
     Bezerra de Menezes recomenda: "Estudar Kardec para viver Jesus". O aspecto religioso da Doutrina Espírita fica especialmente evidenciado em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e "O Céu e o Inferno", embora também "O Livro dos Espíritos" já fale na "Lei da Adoração".
    Há quem se dedique à experimentação dos fatos mediúnicos, conhecendo e explicando fenômenos sem conta no campo extenso da ciência espírita.
    Há quem anseie entender a solução de todos os porquês da vida universal, com os recursos admiráveis da filosofia espírita.
    Mas só quem experimenta e indaga para agir segundo a conduta cristã alcança do Espiritismo a finalidade última e dele recolhe o benefício maior.

    II. Práticas espíritas

    Em Espiritismo, usamos certas práticas ou atividades para cultivar nossas faculdades espirituais e nos relacionarmos com o plano espiritual.
Ex.: a prece, a meditação, a irradiação, o passe, a fluidificação da água, o intercâmbio mediúnico, as reuniões de estudo e de divulgação doutrinária.
    Tudo, porém, é feito com simplicidade e sinceridade, sem necessidade de qualquer fórmula ou exterioridade, porque o que age é o pensamento e a vontade. Seguimos, pois, nas práticas espíritas, o exemplo de Jesus que sempre agiu com simplicidade, orando, curando, ensinando sem quaisquer gestos especiais, fórmulas ou condicionamentos.
    Há pessoas que não estudaram a Doutrina Espírita e, ao realizarem as práticas espíritas, adotam certos procedimentos que nada têm a ver com o Espiritismo, porque são meras crendices, superstições ou exterioridade desnecessária.
    Esclareçamos, portanto, que no Espiritismo não se adota a prática de atos, objetos, cultos exteriores e muitos outros, tais como:
    - exorcismo para afastar maus espíritos;
    - sacrifícios de animais e, muito menos, de seres humanos;
    - rituais de iniciação de qualquer espécie ou natureza;
    - paramentos, uniformes ou roupas especiais;
    - altares, imagens, andores, ou outros objetos;
    - promessas, despachos, riscadura de cruzes e pontos, prática de atos materiais oriundos de quaisquer outras concepções religiosas ou filosóficas;
    - rituais e encenações extravagantes de modo a impressionar o público;
    - confecção de horóscopo, exercício de cartomancia e outras práticas similares;
    - administração de sacramentos como batizados e casamentos, concessão de indulgência e sessões fúnebres ou reuniões especiais para preces particulares a desencarnados;
    - talismãs, amuletos, orações miraculosas, bentinhos, e escapulários, breves ou quaisquer outros objetos e coisas semelhantes;
    - pagamento ou retribuição de qualquer natureza por benefício espiritual recebido;
    - atendimento de interesses materiais para "abrir caminhos";
    - danças, procissões e atos análogos;
    - hinos ou cantos em línguas exóticas;
    - incenso, mirra, fumo, velas ou substâncias outras que induzam à prática de rituais;
    - qualquer bebida alcoólica, substâncias alucinógenas ou drogas.
    Esclareçamos, também que só há um Espiritismo, oque foi codificado por Allan Kardec e por ele assim denominado, não existindo, portanto, diferentes ramificações ou categorias, como "alto" ou "baixo Espiritismo", "Espiritismo de Mesa", "Espiritismo Elevado", ou outras desse gênero.

    - Espiritismo e Mediunidade

    Outro ponto a considerar é o destaque que alguns dão à mediunidade sem perceber o valor maior da Doutrina Espírita.
    Como a prática mediúnica proporciona socorro espiritual muito valioso, a maioria das pessoas que procuram o Centro Espírita vem interessada no mediunismo.
    O Espiritismo, porém, não é apenas mediunismo.
    É estudo, trabalho, vivência cristã, para nos levar à evolução.
"Reconhece-o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações".

    - Conclusão

    1) Só é um verdadeiro Centro Espírita aquele que vivencia a Doutrina Espírita, tal como aqui se definiu claramente.
    2) Quem realmente entende a Doutrina Espírita:
    a) Não fica somente na prática rnediúnica ou na busca do passe, da cura ou do fenômeno masprocura melhorar-se e ajudar os outros a se melhorarem.
    b) Quando realiza as práticas espíritas procura fazê-las autênticas:
simples (sem exterioridades), sinceras(baseadas na verdade), fraternas
(caridade) e buscando o bem (cumprimento da vontade divina).

Livros consultados:
- "O Grande Desconhecido-Curso Dinâmico de Espiritismo", J. Herculano Pires.
- "Esclarecendo Dúvidas", Conselho Federativo Nacional da FEB, em "Reformador", Junho/ 1953.
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Fonte: "Iniciação ao Espiritismo", Therezinha Oliveira

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