Questão 473 do Livro dos
Espíritos
Quando julgamos que uma
pessoa se encontra possessa é devido a uma junção das almas em torno do corpo
físico, pela força do mau entendimento das leis espirituais, que regem e
sustentam a própria vida. Entende-se a extensão da ignorância do desencarnado, que
pretende - e muitas vezes o consegue - subjugar o encarnado aos seus caprichos,
pela sua presença irradiando ódio, pretendendo, na maioria dos casos, fazer
justiça.
Foi para resolver este e
outros problemas que o Mestre deu grande ênfase ao perdão e estimulou o
esquecimento das faltas, procurando abrir caminho para o amor, dentro da mais
pura fraternidade. O conceito de amor com o Cristo cresce na vertical para
Deus, desfaz todas as barreiras que a violência edificou, faz desaparecer o
orgulho e o egoísmo.
A Doutrina dos Espíritos
surgiu por misericórdia de Deus, pelos canais de Nosso Senhor Jesus Cristo,
objetivando levar o homem a entender o Evangelho na sua pureza primitiva,
facilitando a sua vivência pelos homens que desejam conhecer a verdade e ser por
ela libertados.
A possessão é trabalho de
muito tempo que os Espíritos das trevas armam contra quem se encontra nas suas
faixas de paixões inferiores. Para se livrar desse turvamento mental, de quase
inconsciência, o homem deve trabalhar na pureza de seus sentimentos, para
clarear as suas idéias, e modificar a sua vida, copiando, diariamente, a vida
de Jesus. Ele é nosso roteiro, é a nossa vida, é a nossa verdade. Se não
passarmos pelos Seus conceitos de vida, se não respirarmos seu clima de amor,
se não passarmos a amar, dificilmente encontraremos o reino de Deus dentro de
nós.
A possessão se dá quando os
Espíritos malfazejos se identificam com outros, sejam encarnados ou
desencarnados, na altura de suas vivências, criando uma verdadeira calamidade
no nosso mundo interno. Por isso, embora seja muito válido “doutrinar” certas
entidades pela palavra e pelos exemplos, somente nos livraremos de certas
companhias espirituais, consideradas por nós indesejadas, se mudarmos o nosso
modo de pensar e de viver. Se se retirar um Espírito da companhia de alguém, e
esse alguém continuar nos seus trajetos incompatíveis ao amor, a entidade pode
voltar, trazendo consigo outros Espíritos do mesmo naipe espiritual, piorando a
situação do encarnado. Somente se livra de entidades malfeitoras o homem que
sai de suas faixas, pois a lei nos diz com propriedade que os semelhantes
atraem os semelhantes.
A possessão não acontece “de
um dia para o outro”; quando se faz notar, já faz tempo que os Espíritos
alimentam as mesmas idéias. Notamos, diariamente, milhares de criaturas em
perfeita simbiose de trevas com trevas, numa troca permanente de magnetismo
inferior, daí surgindo, muitas vezes, variadas enfermidades tanto no corpo
físico quanto nos corpos espirituais que vibram com mais intensidade.
Os nossos pensamentos buscam
os seus iguais onde quer que seja, enviados pela nossa vontade; é o “Batei e
abrir-se-vos-á”, é o “Buscai e achareis”. Certamente que já nascemos no mundo
dos encarnados com certas deficiências psicossomáticas, como é o caso do
sistema nervoso, que nos dias atuais, se mostra, em quase todas as pessoas,
susceptível às alterações; e é por ele que geralmente os Espíritos inimigos se
aproximam, dada a sua sensibilidade, passando a perturbar o encarnado.
O Evangelho Segundo o
Espiritismo nos dá o ponto de equilibro espiritual, através de límpida mensagem
do apóstolo Paulo - “Fora da caridade não há salvação”. É preciso, entretanto,
que se entenda o que é caridade, para consigo e para com o próximo. Devemos
cuidar mais de nós mesmos, sem deixar esses cuidados se cristalizarem em
egoísmo ou exaltação da nossa própria personalidade.
Os possessos são egoístas,
por lei universal, que dá a cada um o que procura. E nós procuramos a possessão
pelos pensamentos, pelas idéias, pelas palavras e certamente, pela vida que
levamos. Se mudarmos por dentro, a vida, por fora, copiará os nossos impulsos
íntimos. O céu e o inferno estão dentro do nosso coração. Acharemos o que
procuramos, é a afirmativa de Jesus. Despertemos para o amor, que esse amor
passará a morar em nós, para a nossa felicidade.