Questão 454 do Livros dos Espíritos
Os dons espirituais
poder-se-iam desenvolver pela força da vontade, porque a vontade não deixa de
ser faculdade do Espírito em exercício para crescer e melhorar. Ela pode até
nascer da vaidade, mas, como esta tem pouca duração, a vontade vai, com o tempo,
se aperfeiçoando e tomando rumos diferentes, de modo a encontrar a realidade do
Espírito.
A dupla visão pode nascer da
disposição do Espírito, porém, essa faculdade obedece a uma escala de
qualidade. No primeiro degrau da sua escala, ela se apresenta prometendo uma
visão clara, mas ainda vive na obscuridade, e pode viver muito tempo envolvida
no pressentimento. Pode a criatura pressentir a presença de certo Espírito ao
lado de certas pessoas e ser verdade que ali esteja. É por esse pressentimento
que se abrem os canais, se prosseguir exercitando essa faculdade. Assim são
todas as faculdades. Por exercício, em todos os campos de ação, elas são forças
que crescem; todavia, há muitas pessoas que nascem com a mediunidade aflorada.
Com relação à segunda vista, este
dom é espontâneo. A visão espiritual não encontra dificuldades e está mais apta
à revelação das verdades do Espírito, ao passo que nos pressentimentos, os
erros são generalizados.
Cabe a nós dizer a todos os
candidatos ao desenvolvimento das faculdades espirituais que não devem forçar
muito o despertar dos dons. A violência na aquisição de valores pode ser motivo
de certos desastres espirituais e morais das criaturas.
Existem muitas pessoas que
têm vários dons desenvolvidos, e outros não trazem essas faculdades em plena
ação. Cada uma vem com um sinal, com uma modalidade de trabalho, mas todas são
úteis quando se quer ajudar. Tanto o trabalhador rural, quanto o chefe de uma
nação, são vistos por Deus com a mesma paternidade, com o mesmo amor. Não queira
um fazer o trabalho do outro, para não errar o caminho dos seus compromissos
espirituais. A vida, ou as vidas sucessivas, mostram-nos que há tempo para
tudo, e em cada uma delas somos investidos de certas obrigações, de deveres que
nos trazem a paz ao coração.
Se existem os sábios e
pseudo-sábios, há, igualmente, os médiuns e os pseudo-médiuns. Entrementes,
eles todos têm valores a serem aproveitados. Em tudo se pode notar o positivo e
o negativo, para se completarem como força de Deus no esclarecimento dos
homens. Dois fios garantem a luz na lâmpada elétrica: um positivo e um
negativo. Precisamos, pois, conhecer a nossa posição ante os nossos
compromissos. Não queiramos trocar as nossas atividades com os trabalhos
alheios. Se o grande músico invejar o engenheiro e passar a construir casas,
pode entrar em desequilíbrio emocional, por não ser esse o seu caminho a
percorrer na aquisição da sua paz. Se o médico passar a varrer rua, atrofiará
suas qualidades de atendimento aos doentes. Não queiramos mudar as obrigações,
que Deus nos confiou. Cumpramos a nossa missão que tudo se harmonizará em nossa
vida.
Certamente que a inteligência
do homem busca coisas extraordinárias no plano em que habita. Ela pode fazer
desabrochar alguns dons espirituais, no entanto, esses dons não podem ser
manipulados por ela. Cada um se encontra em um extremo, com feições diferentes
no seu exercício: um divino e outro humano. É bom que se pense nisso.
Se se tem a dupla vista,
nascida sob a influência da inteligência, que a use sem a intervenção desta,
porque a razão, nesses casos, pode pôr a perder a própria faculdade, por não
saber defini-la com precisão.
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