- Doutor, por favor... –
chamou-me um irmão de Doutrina, que reencontrei caminhando pelo centro da
cidade, ou seja, da Uberaba que, presentemente, habito além da morte. – O
senhor poderia me conceder um minuto de sua atenção?! Sei que o senhor é um
homem muito ocupado...
- Pois não, meu amigo – anui,
detendo o passo. – Podemos, sim, falar um pouco... Tenho um compromisso, mas
sei que você não tomará muito o meu tempo, como também eu me preocupo em não
tomar o seu.
- Doutor, eu sei que o senhor
escreve para a Terra...
- Tenho postado, sim, alguns
rabiscos numa “agência dos correios” entre as Duas Vidas... Tive a felicidade
de conhecer um “carteiro” de boa vontade e...
- Então, Doutor, eu quero lhe
pedir... O senhor precisa escrever um alerta fraterno a alguns companheiros
espíritas, que, a meu ver, estão perdendo a fé!...
- Mas como – perguntei –, se
a nossa fé é raciocinada... A fé, quando verdadeiramente fruto da razão, é algo
que não se perde, mas, ao contrário, acha-se cada vez mais! Em que sentindo
você está dizendo que alguns confrades estão perdendo a fé?!...
- Perdendo a fé, Doutor, em
si mesmos! – respondeu ele, visivelmente acabrunhado.
- Em si mesmos?! – indaguei,
solicitando confirmação.
- Sim, Doutor! Estão
colocando os pés pelas mãos... Começaram bem – muitos deles tiveram um início
extremamente promissor, mas agora, infelizmente...
- O que está acontecendo?!...
- Estão trabalhando em causa
própria, promovendo-se em sua própria vaidade e personalismo...
Fez pequeno intervalo e
voltou a falar:
- Estão completamente
desacreditados da Lei de Causa e Efeito, apenas e tão somente pensando em
aparecer e ganhar...,
- Ganhar o quê?! – insisti.
- Ora, ganhar dinheiro,
Doutor?! Dinheiro e prestígio pessoal... Alguns deles estão chegando a se
anunciar como grandes missionários reencarnados...
- Talvez sejam... Quem sabe?!
Realmente, existe muito missionário falido na Terra – de mamando a caducando,
eu conheço um monte!...
- Eu sei que o senhor sabe do
que estou falando – considerou o interlocutor com acerto. – Doutor, esses
nossos irmãos, inclusive alguns que se dizem médiuns, não acreditam mais na
mediunidade – eles estão agindo como uma nova modalidade de descrentes:
espíritas materialistas!...
- Meu caro, você está coberto
de razão – considerei. – De há muito, eu também sei disso... Estão
transformando o Espiritismo em empresa, ou, em outras palavras, em negócio
extremamente lucrativo. Mas...
- Mas o quê, Doutor?!...
- A desencarnação está aí
para todo mundo... Você sabe: largar a carcaça e encarar a realidade?! Querer
voltar atrás sem poder?! Arrepender-se amargamente e dar-se ao esforço do
recomeço, esperando que uma nova oportunidade apareça?!...
- Não, Doutor, não fala
nisso, não, porque é a coisa mais dura que tem – eu sei, porque eu também
cometi certos erros, e agora não sei quando terei oportunidade de repará-los...
- Então, não fica assim, não!
– falei, dando a conversa por encerrada. – O seu propósito em relação aos
nossos confrades e confreiras que se encontram encarnados é o melhor, mas, como
você mesmo disse, se eles são espíritas materialistas, eles não irão acreditar
em mim... A desencarnação, a qualquer hora do dia ou da noite, repito, está aí
para todo mundo, e, antes dela, a queda no profundo abismo da desilusão, onde
haverá pranto e ranger de dentes!...
INÁCIO FERREIRA
Blog Mediunidade na Internet,
10 de abril de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário