16.4.17

Apenas o começo

Não há neste momento que o País atravessa uma força política capaz de mudar o quadro atual. Todos, de alguma maneira, estão envolvidos no golpe de falcatruas que foi vítima a governança brasileira – salva uma minoria de exceções.
Já esperávamos, do lado de cá da vida, a vastidão dos efeitos desta intempérie política. Sabíamos, antemão, o que estava acontecendo e os atores envolvidos, há algum tempo.
De nossa parte, sem poder nos antecipar a corrente natural dos fatos, competia fazer alertas, dizer da nossa inquietação e também do nosso temor para que, uma vez divulgada em detalhes as artimanhas de subtração do Estado brasileiro, o povo não saísse às ruas em clima de profunda revolta e desorganização civil – pois que o caos se estabeleceria.
O que vemos é a constatação da falência do atual modelo político brasileiro, carcomido que foi pelos interesses particulares mais escusos possíveis.
Quando levantava a voz nesta coluna para denunciar a decepção com os protagonistas da política brasileira, achavam uns que estava sendo absolutamente pessimista ou os contornos do quadro que pintava era por demais tenebroso ou exagerado. O tempo provou que não era. E pasmem: tudo que sabem ainda não é tudo que existe.
Outras revelações bombásticas estão em curso e somente alguns atualmente têm noção da podridão que ainda será revelada.
Ao afirmar que não ficará “pedra sobre pedra”, argumento que diante do caos instalado de alternativas para o País, poderemos ter, infelizmente, uma guinada perigosa para posições extremistas que, antes de demonstrar a impiedade popular com o status quo – revelará, insofismavelmente, uma posição de desespero inconsequente.
Os militares a tudo veem e nada fazem – e possivelmente nada farão. Sabem eles que o erro humano em querer mais e mais poder – ou mais e mais dinheiro – não se resume apenas aos civis, mas é origem da ainda imperfeição moral da humanidade.
As instituições sairão fortalecidas, mas não depois de uma limpeza exemplar nos quadros da política brasileira e na criação de outra base jurídica de relacionamento popular e as esferas de poder, aliado a novas regras do jogo político. Mais transparentes, mais representativas, mais legítimas.
De nossa parte, continuaremos, porque não falo apenas de mim, na retaguarda da construção de um País novo e vigoroso, livre da corrupção e dos desmandos.
Enquanto isso, porém, não baixaremos a guarda. Muitos artifícios, de todos os lados, ainda serão planejados e, dada a necessidade de sobrevivência política, a audácia e a ousadia em impetrar iniciativas antipopulares não deixarão de existir – o que é perfeitamente compreensível, mas não aceitável.
São os tempos novos, senhores, os tempos da renovação de ares e de atores da política brasileira.
O que se espera, aprendida a lição, é que sejamos, todos nós, protagonistas de um novo e próspero amanhã.


Joaquim Nabuco – Blog reflexões de um imortal

Nenhum comentário:

Postar um comentário