Não há neste momento que o
País atravessa uma força política capaz de mudar o quadro atual. Todos, de
alguma maneira, estão envolvidos no golpe de falcatruas que foi vítima a
governança brasileira – salva uma minoria de exceções.
Já esperávamos, do lado de cá
da vida, a vastidão dos efeitos desta intempérie política. Sabíamos, antemão, o
que estava acontecendo e os atores envolvidos, há algum tempo.
De nossa parte, sem poder nos
antecipar a corrente natural dos fatos, competia fazer alertas, dizer da nossa inquietação
e também do nosso temor para que, uma vez divulgada em detalhes as artimanhas
de subtração do Estado brasileiro, o povo não saísse às ruas em clima de
profunda revolta e desorganização civil – pois que o caos se estabeleceria.
O que vemos é a constatação
da falência do atual modelo político brasileiro, carcomido que foi pelos
interesses particulares mais escusos possíveis.
Quando levantava a voz nesta
coluna para denunciar a decepção com os protagonistas da política brasileira,
achavam uns que estava sendo absolutamente pessimista ou os contornos do quadro
que pintava era por demais tenebroso ou exagerado. O tempo provou que não era.
E pasmem: tudo que sabem ainda não é tudo que existe.
Outras revelações bombásticas
estão em curso e somente alguns atualmente têm noção da podridão que ainda será
revelada.
Ao afirmar que não ficará
“pedra sobre pedra”, argumento que diante do caos instalado de alternativas
para o País, poderemos ter, infelizmente, uma guinada perigosa para posições
extremistas que, antes de demonstrar a impiedade popular com o status quo –
revelará, insofismavelmente, uma posição de desespero inconsequente.
Os militares a tudo veem e
nada fazem – e possivelmente nada farão. Sabem eles que o erro humano em querer
mais e mais poder – ou mais e mais dinheiro – não se resume apenas aos civis,
mas é origem da ainda imperfeição moral da humanidade.
As instituições sairão
fortalecidas, mas não depois de uma limpeza exemplar nos quadros da política
brasileira e na criação de outra base jurídica de relacionamento popular e as
esferas de poder, aliado a novas regras do jogo político. Mais transparentes,
mais representativas, mais legítimas.
De nossa parte,
continuaremos, porque não falo apenas de mim, na retaguarda da construção de um
País novo e vigoroso, livre da corrupção e dos desmandos.
Enquanto isso, porém, não
baixaremos a guarda. Muitos artifícios, de todos os lados, ainda serão
planejados e, dada a necessidade de sobrevivência política, a audácia e a
ousadia em impetrar iniciativas antipopulares não deixarão de existir – o que é
perfeitamente compreensível, mas não aceitável.
São os tempos novos,
senhores, os tempos da renovação de ares e de atores da política brasileira.
O que se espera, aprendida a
lição, é que sejamos, todos nós, protagonistas de um novo e próspero amanhã.
Joaquim Nabuco – Blog
reflexões de um imortal
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