30.12.16

PROVAS DA IMORTALIDADE QUE JESUS DEU A SEUS DISCÍPULOS

    "Nesse mesmo dia, dois dentre eles caminhavam para uma aldeia chamada  Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios, conversando ambos de tudo quanto se tinha passado. E aconteceu que quando eles falavam e conferenciavam a seu respeito, Jesus veio unir-se a eles e caminhava ao lado deles, mas seus olhos estavam como que fechados, a fim de que eles não pudessem reconhecê-lo. Ele lhes disse: Sobre o que conversais e por que estais tristes?
    "Um deles, chamado Cleofas, tomando a palavra lhe disse: Sois tão estrangeiro em Jerusalém que não sabeis o que se tem passado ali naqueles dias? O que? lhes disse ele. Eles responderam: Sobre Jesus Nazareno, que foi profeta poderoso diante de Deus e de todo o povo, e de que modo os principais do sacerdotes e os nossos senadores o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Ora, esperássemos que fosse ele quem resgatasse Israel, e, entretanto, depois de tudo isto, eis já o terceiro dia que estas coisas sucederam. Por outro lado certas mulheres, das que conosco estavam, nos encheram de pasmo, tendo ido de madrugada ao túmulo; e não havendo achado o seu corpo, voltaram, declarando que tinham visto anjos, os quais diziam estar ele vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo, e acharam que era assim como as mulheres haviam dito, mas não o viram. Então ele lhes disse: Ó insensatos e tardios de coração, para crer em tudo quanto os profetas disseram! Não era preciso que o Cristo sofresse todas as coisas e que entrasse assim na sua glória? E começando por Moisés e depois por todos os profetas, ele lhes explicava o que tinham dele dito as Escrituras. E quando estavam perto da aldeia para onde iam, ele deu mostra de que ia mais longe - mas eles o forçaram a parar, dizendo: ficai conosco, porque é tarde e o dia está na sua declinação; e entrou para ficar com eles.
    "Estando com eles à mesa, tomou o pão, abençoou, e tendo partido, lhes deu.
    "Ao mesmo tempo se lhes abriram os olhos e eles o reconheceram; mas ele desapareceu diante deles. Então disseram um ao outro: Não é verdade que sentíamos abrasar-se-nos o coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?
    "Levantando-se no mesmo instante, voltaram para Jerusalém, e acharam juntos os onze apóstolos e os que com eles estavam reunidos, os quais diziam: É verdade que o senhor ressuscitou e apareceu a Simão? "E os dois contaram também o que lhes havia acontecido em caminho e como reconheceram Jesus no partir do pão.
    "Enquanto assim conversavam, Jesus apresentou-se no meio deles e lhes disse: A paz esteja convosco; sou eu, não temais. Mas na perturbação e espanto de que se achavam possuídos, eles julgavam ver um Espírito.
    "E Jesus lhes disse: Por que vos perturbais? E por que se sugerem tantos pensamentos em vossos corações? Olhai para as minhas mãos e para os meus pés e reconhecei que sou eu mesmo; tocai-me, e considerai que um Espírito não tem carne nem osso, como vedes que eu tenho.
    "Depois de ter dito isso, mostrou-lhe as mãos e os pés. Mas como não acreditavam ainda tão cheios estavam de alegria e admiração, ele lhes perguntou:
    "Tendes aqui alguma coisa que se coma? Eles lhe apresentaram uma posta de peixe e um favo de mel. Comendo Jesus diante deles tomou o resto, lhes deu e disse-lhes: Eis o que eu vos dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que tudo quanto estivesse na lei de Moisés, nos profetas, nos Salmos, se realizasse. Ao mesmo tempo lhes abriu o espírito a fim de que entendessem as Escrituras e disse: é assim que está escrito e é assim que era preciso que o Cristo sofresse, e que ressuscitasse dentre os mortos, no terceiro dia, e que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados em todas as nações, principiando de Jerusalém. Ora vós sois testemunhas destas coisas. E eu vou enviar-vos o dom de meu Pai que vos tem sido prometido; entretanto, demorai na cidade até que sejais revestidos da força lá do Alto".    (Lucas, XXIV, 13-49. )

    Magnífica narrativa! Quem poderá negar-lhe a veracidade e o sucesso que causou aos povos daquele tempo tão estupenda manifestação?
    Era passado o sábado gordo, o Sol brilhava no firmamento em caminho do poente; caminhavam dois homens em busca de Emaús, e no caminhar iam relembrando as cenas sanguinolentas verificadas no Gólgota; a morte do inocente, a tirania de Herodes, o servilismo de Pilatos, Anás e Caifás, os sumos sacerdotes; a degradação e a indiferença de uns e a malevolência de outros; a perversão da opinião pública que preferiu Barrabás a Cristo! Caminhavam sob a impressão pungente da morte dolorosa que se dera àquele em que eles viam a redenção de Israel, quando Jesus redivivo lhes aparece, com eles conversa e, censurando a insensatez com que interpretavam as Escrituras, acompanha-os e se lhes mostra, no partir do pão, quando se achavam prontos para a ceia!
    "Insensatos e tardos de coração" - embora discípulos do nazareno - não podiam, sem que se lhes abrisse o entendimento, compreender as verdades reveladas pelos profetas ou médiuns, precursores da boa nova cristã.
    Mas a crença na verdade não os havia ainda libertado do erro; voltaram os dois para Jerusalém, onde se uniram aos onze apóstolos e ao narrarem a aparição do Senhor a Simão, e como o reconheceram a partir do pão, eis que Jesus no meio deles se apresenta, envolvendo-os nos eflúvios de sua paz: Pax vobis; ego sum, nolite timere. Paz seja convosco: sou eu, não temais.
    Julgando ver um ser impalpável, idêntico aos Espíritos de diversas categorias que, é certo, tinham visto muitas vezes, assustaram-se, mas Jesus, que já tinha subido ao Pai e do Supremo Criador recebera a palavra, segundo a qual deveria tornar-se não somente visível, mas ainda tangível àqueles que deviam secundar os seus pés, ordena-lhes que o toquem e considerem que "os Espíritos que lhes têm aparecido não são de carne e osso".
    Era mesmo difícil aos futuros apóstolos do Cristianismo acreditarem na materialização de Espíritos, fato que, provavelmente, até aquele momento somente três dentre eles haviam observado.
    O amado Filho de Deus não se agasta com a falta de compreensão dos doze e prefere dar-lhes provas convincentes da verdade anunciada: Tendes aqui alguma coisa que se coma? Eles apresentaram-lhe uma posta de peixe e um favo de mel, e Jesus comeu diante deles.
    Destarte ficaram preparados para receber o DOM que lhes fora prometido, ordenando-lhes o Mestre que demorassem na cidade até que fossem revestidos da força do Alto.
    O fogo de Pentecostes ainda não tinha baixado do Céu, mas o cumprimento da profecia de Joel ia ter o seu início.
    Os apóstolos precisavam receber o batismo de fogo do amor de Deus; no Cenáculo ia ter lugar a mais importante sessão espírita que a História relembra. Os médiuns de variedades de línguas, de prodígios, de maravilhas iam ser desenvolvidos e os DONS da cura, da fé, da palavra, da escrita, da ciência, de discernir os Espíritos iam ser concedidos aos discípulos para o exercício de sua elevada missão.


Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel

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