(Diálogo com o Dr. Inácio)
- Doutor, o que o senhor tem
a dizer sobre o número crescente de médiuns, notadamente no campo da
psicografia, que, ultimamente, vem surgindo no Espiritismo?
- Por um aspecto, é muito
bom, porque descentraliza, ou seja: mostrando que é livre, a mediunidade,
coloca em prática a palavra do Cristo a Nicodemos: “O vento sopra onde quer,
ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai...” A mediunidade, ao
se generalizar, foge ao controle daqueles que, à semelhança dos padres da
Igreja Católica no passado, pretendem, no presente, reter consigo as chaves do
Mundo Espiritual.
- Como assim, Doutor?!...
- A rigor, em passado
recente, atribuía-se autoridade aos escritos mediúnicos que recebessem a
chancela desse ou daquele Órgão unificador, hoje, porém, os médiuns, dentro e
fora dos Centros Espíritas, são tantos, que tais Órgãos não conseguem detê-los.
Muitos espíritas, infelizmente, falam em Concordância Universal do Ensino dos
Espíritos, mas o que eles pretendem mesmo é controlar a Doutrina de acordo com
o pensamento deles.
- Todavia, a muitos médiuns,
de fato, falta maior bom senso, o senhor não acha?!...
- Mais um desafio à
capacidade de discernir daqueles que, realmente, estejam à procura da Verdade.
O Cristo, igualmente, nos advertiu que, nos últimos tempos, haveriam de surgir
muitos falsos cristos e falsos profetas... Não nos esqueçamos, porém, de que
eles, os falsos cristos e profetas, podem ser justamente aqueles que nos
aparentam defender o Espiritismo com extremo zelo – os que se autointitulam
“paladinos” da fé, propondo uma nova inquisição contra os considerados
hereges!...
- Por que, em geral, os
médiuns são tão visados pelos próprios adeptos da Doutrina?...
- Alguns porque, realmente,
extrapolam, mas muitos porque, através do trabalho que realizam com os
espíritos que os assistem, contrariam interesses pessoais de terceiros.
- Interesses pessoais de
terceiros?...
- Sim, aos interesses de
determinadas facções que defendem pontos de vista que lhes dizem respeito – a
eles e, evidentemente, aos espíritos que os manobram.
- O Espiritismo corre o risco
de se igrejificar?...
- Hoje eu não mais acredito,
porquanto, felizmente, a proliferação de grupos espíritas tem sido tão grande,
de grupos que se preocupam exclusivamente com o trabalho que, isoladamente,
estão a desenvolver, que o pretenso poder espírita está se diluindo cada vez
mais – felizmente, está se pulverizando.
- Então, a esperança de
muitos no que tange à liderança geral do Movimento?...
- Nem na caixa de Pandora,
será capaz de sobreviver! O Espiritismo está mostrando que, de fato, pertence
aos espíritos, e não aos espíritas. O Mundo Espiritual, uma vez mais, demonstra
que age com sabedoria, porquanto espíritos e médiuns estão em toda parte, e os
que têm procurado cerceá-los são vozes clamantes no deserto do próprio ridículo
– a sua autoridade moral para tanto equivale à zero!...
- O que crê, então, que
esteja faltando aos espíritas em geral?...
- Mais estudo, mais trabalho
e mais autocrítica. As obras de Allan Kardec e as lavra de Chico Xavier são
muito mal conhecidas pela maioria dos adeptos da Doutrina – decoram meia dúzia
de assertivas e passam a “sobreviver” com elas. Quanto ao trabalho, poucos são
aqueles que, em verdade, arregaçam as mangas e, além de criticar o esforço
alheio, procuram fazer algo de proveitoso. Conheço alguns espíritas que já
perderam a encarnação analisando livros alheios, como se tais livros
dependessem da autorização deles para serem editados, comercializados e lidos.
- Doutor, o espírita, seja
ele médium ou não, que não carregar, verdadeiramente, dentro de si, a boa
intenção para com o Ideal que abraça?...
- Desastre inevitável – é
apenas mera questão de tempo! Às vezes, a sua frustração, na constatação de
seus voluntários equívocos, engendrados, não raro, pela ambição de promoção
pessoal, surgirá apenas às vésperas do caixão...
INÁCIO FERREIRA – Blog Mediunidade
na Internet
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