A patroa pede ao menino, seu
criado, que lhe faça um cafuné nas costas. Está cansada, um dia dolorido,
muitas preocupações e nada como um momento de relaxamento.
Após o carinho do pequeno, eis
que lhe dá a vontade de dormir. Sonhos chegam a sua mente. Onde estaria naquele
lugar? O que se passa com ela? Não conhece quem quer que seja por ali.
No sonho se vê em pé olhando para
um espelho. Se enxerga naquela imagem, mas descobre que há algo de diferente
nela. Suas feições são as mesmas, mas muita coisa ao seu redor parece
diferente. Não sabe explicar bem, mas aquela era ela de uma forma jamais vista.
Ela se viu por completa naquele
espelho. Ele refletia tão somente as projeções de sua alma, algo que não
conseguira ver pelos olhos físicos.
Uma aura distorcida, meio
embranquecida, um tanto pegajosa, não era agradável ver aquilo. De outro modo,
partes de seu corpo mostravam-se igualmente escurecidas, como a lhe dizer:
“cuide de mim, cuide de mim”.
Ela de pronto se recorda de
muitos fatos da vida. Alguns, proveitosos. Outros, mais distantes, menos
agradáveis. Um nó na garganta e uma dor no coração lhe aprisionaram àquelas
imagens.
Dor é o que sentia. Dor na alma e
parecia que doía mais que as dores físicas. Tinha consciência, naquele momento,
que não estava se vendo num espelho real, ou melhor, num espelho material. Era
como se visse translucidamente, transparentemente, um auto
reconhecimento.
Chorou. Chorou copiosamente no
sonho. O que estava fazendo com a sua vida? O que estava lhe atormentando tanto
que ela não percebia? Ou pelo menos não queria perceber?
De pronto, retorna ao corpo.
Descobre-se molhada de suor. Um leve trêmito e uma angústia no coração. Teria
aquele sonho sido um aviso? Pusera-se a pensar.
No dia seguinte, após recuperada
do impacto inicial daquele sonho revelador, Maria Alice tomou uma decisão, segundo
ela a decisão da sua vida: não iria mais se preocupar tanto com a vida dos
outros, bastava a dela, que já tinha muito para observar. Ela iria cuidar dela
mesma a partir daquele momento. Não achou isto um golpe de egoísmo, tratava-se
de dar um tempo maior a si mesma, a sua vida que escoava de suas mãos todos os
dias.
Cuidar de si mesma, eis a decisão
magnânima de Maria Alice. E você, cuida carinhosamente da sua vida?
Meus pais, em vida física, sempre
depositaram muita confiança em mim. Diziam que eu era um menino próspero,
inteligente, que saberia me arrumar na vida. Acreditei nisso e durante muito
tempo investi em mim. Hoje, aqui no lugar dos espíritos, continuo a investir o
meu tempo nos bens mais preciosos que posso ter: a minha formação moral.
Todos os dias aprendo um pouco
mais. Exerço sobre mim o cuidado de aprender nos mínimos detalhes, nas
oportunidades que a vida me dá. Por isso, sou imensamente feliz e grato. Feliz
por ter estas oportunidades à mão e grato por tudo que o Deus Pai nos concede
gratuitamente.
Se você ainda não despertou para
cuidar carinhosamente de você, pare um pouco e reflita sobre isso. Não prego
aqui o abandono da solidariedade, o que trato nestas linhas é que se não dermos
atenção primeiramente a nós mesmos estaremos condenados a sermos infelizes,
porque até para fazer o outro melhor, nós necessitamos estar melhores.
Cuide-se, cuide-se com carinho e
a vida também haverá de lhe tratar da mesma maneira.
Um abraço,
Joaquim Nabuco – Blog Reflexões
de um Imortal.
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