Sinceramente, eu não sei como interpretar os
espíritas que, em termos de filosofia religiosa, acham que o Espiritismo seja a
única Verdade existente no mundo, e, quiçá, no Universo.
Eu não sei como entender os que consideram
que o que não esteja em Allan Kardec não possa ser Espiritismo, qual se o
Espiritismo já estivesse todo na palavra do Codificador.
Eu não sei como compreender os adeptos da
Doutrina que, até com certa agressividade, se atritam uns com os outros,
discutindo sobre determinadas questiúnculas doutrinárias que o resto da
Humanidade ignora completamente.
Eu não sei com que autoridade moral algum
companheiro de Ideal possa levantar a voz e rotular a outro de desequilibrado,
simplesmente porque ele não pensa pela sua cabeça.
Eu não sei como classificar a perturbação
que acomete certos confrades que, investindo-se na condição de patrulheiros
ideológicos da Causa, sumariamente, marginalizam o esforço de tanta gente que
está procurando doar o melhor de si, nas singelas tarefas a que se consagram no
anonimato.
Eu não sei o que se passa com meia dúzia, ou
um pouco mais, de irmãos de fé espírita-cristã, que consideram que, no diz
respeito Mediunidade, a última palavra sempre lhes pertence, no diagnóstico que
fazem sobre o psiquismo alheio.
Eu não sei...
Eu só sei que nós, os espíritas, estamos
precisando exercitar um pouco mais a humildade e o espírito de caridade com os
semelhantes.
Eu só sei que, no que tange a mim, estou
carecendo ouvir mais a voz de minha própria consciência, na corrigenda de meus
defeitos, do que qualquer outra que esteja verberando aos meus ouvidos, com a
eloquência que verbera na boca de um profeta enlouquecido.
Eu só sei que, por ser adepto do
Espiritismo, eu não desfruto de privilégio algum e não sou melhor que nenhum de
meus irmãos em Humanidade, que, por vezes, sequer já aprenderam a orar o “Pai
Nosso”.
Eu só sei que, se não tomar cuidado, a
vaidade e personalismo vão tomar conta de mim, como, infelizmente, já tomaram
conta de muita gente boa, que imaginam que a luz da Terceira Revelação seja
propriedade deles.
Eu só sei que se eu não correr léguas de
distância de mim mesmo, se me colocarem um fósforo na mão e me derem alguns
gravetos, eu vou acabar acendendo uma fogueira para queimar aqueles que ousam
duvidar de meus pretensos conhecimentos.
Eu só sei que nós, os espíritas, precisamos
orar muito uns pelos outros, principalmente por aqueles que se forçam na
condição de líderes de não sei o quê, e, uma vez mais, alucinados pelo poder,
supõem-se altos missionários que o Mundo Espiritual enviou a Terra.
Eu só sei que o Espiritismo, a conduzir-se
por alguns espíritas, sob a assessoria das Trevas, está tomando um rumo que não
lhe é nada alentador, e que, sinceramente, me deixa muito triste e preocupado.
E que, talvez, isso tudo esteja acontecendo
porque anda sobrando espíritas no Espiritismo e faltando cristãos.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 13 de junho de 2016.
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