(Reflexões de 18 de Abril)
Não há negar que, após desencarnação de
Chico Xavier, ocorrida a 30 de junho de 2002, o Espiritismo, quase em todos os
seus aspectos, entrou num período de entressafra, que, infelizmente, ninguém
sabe dizer quanto tempo há de durar. (Esse período de entressafra
prolongadíssimo foi o que levou o Espiritismo a desaparecer quase que por
completo em França!)
Durante, praticamente, todo o século XX, o
trabalho de Chico impulsionou a Doutrina, seja no campo literário, com
espantosa produção mediúnica, seja no campo do apostolado, levando adiante o
labor vivencial de tantos outros notáveis pioneiros do Espiritismo no Brasil.
A verdade, porém, é que agora, infelizmente,
com o desenlace de Chico, o seu líder natural, o Espiritismo empobreceu-se de
valores espirituais encarnados, e, por que não dizer, igualmente, dos valores
espirituais desencarnados que por ele se expressavam.
Médiuns, até imbuídos de certa boa vontade,
porém extremamente faltos de idealismo superior, surgem aqui e ali, em labor
personalista e interesseiro que, sinceramente, não se compreende.
Principiantes no afã da mediunidade, com,
inclusive, escasso conhecimento da Doutrina, sedentos de holofote e promoção
pessoal, em vez de somar em
benefício da Fé , estão sendo utilizados como instrumentos de
descrença pelos opositores invisíveis da Terceira Revelação.
Quase em toda a parte, despontam seareiros
que, agindo inescrupulosamente, enganam aos mais incautos, propondo inovações
ao corpo doutrinário, anunciando-se como missionários nas atividades-relâmpago
que, felizmente, depois de não alcançarem a repercussão esperada, são
abandonadas por eles, que se retiram de tais atividades alegando incompreensão
e falta de receptividade – quando deveriam alegar falta de sucesso empresarial!
Raros são os que, perseverando em suas
tarefas humildes, neste período de entressafra, mantém acesa a chama do Ideal,
agregando alguns poucos em torno do suor que, anonimamente, derramam na
sustentação da Fé Raciocinada, que, sem dúvida, vem sendo acuada pelos sistemáticos
adversários do Cristo, que não desanimam de fazer eclipsar a luz que Ele
representa e sempre há de representar para a Humanidade.
A fase atual que o Espiritismo vem
atravessando é difícil e, infelizmente, promete ser uma longa e espessa noite,
até que espíritos realmente sinceros e comprometidos com a Causa tomem corpo na
Terra e deem à Doutrina o novo impulso que ela está a carecer, notadamente, no
campo do apostolado do exemplo.
Não imaginemos que tudo, no entanto, deva
correr por conta de uma planificação de Ordem Superior, e que, no momento
certo, as coisas haverão de acontecer. De fato, nada sucede à revelia da
Vontade do Criador, mas – que isto fique bem claro –, não nos esqueçamos de
que, voluntariamente ao lhe aderir, é através da vontade da criatura que ela se
executa.
O Cristo, em certa oportunidade, afirmou que
o Pai trabalha e que Ele também trabalha, significando, em outras palavras, que
Eles se esforçam, e esforçam-se diuturnamente, para que o Reino Divino se
estabeleça entre os homens.
Uma série de fatores deve ser levada em
conta, porque ao que se sabe a maioria dos espíritos que reencarnam com
determinada tarefa a cumprir na Terra, desviando-se de suas finalidades, não a
cumprem, e, quando logram cumpri-la, apenas o fazem de maneira parcial – e, não
raro, comprometedora!
Que nós, portanto, espíritos encarnados e
desencarnados, trabalhadores deste momento de entressafra espiritual, que, sem
dúvida, começou exatamente com a desencarnação de Chico Xavier no início do
Terceiro Milênio – entressafra que, na Doutrina, vem nos deixando quase que
completamente sem parâmetros de ordem moral! –, procuremos permanecer, ao
menos, na condição de guardiães da Luz que não pode se apagar, esperando e
orando pela chegada daqueles que, espíritos de semelhante cepa a do Inolvidável
Medianeiro, possam continuar fazendo com que a Luz brilhe em todo o seu
esplendor, norteando a Humanidade que, em termos espirituais, presentemente,
nos parece totalmente sem rumo, a caminho do abismo.
Não creiamos, pois, sem importância, a
reunião semanal que, praticamente, a sós, estejamos sustentando na Casa
Espírita que frequentamos, ou ainda, junto aos mais carentes, a singela
atividade assistencial que mantenha tremulando a bandeira da Caridade, que, sem
palavras, fala da excelência do Amor que se, um dia, viesse a desaparecer da
face da Terra induziria a Humanidade a suicídio de ordem coletiva.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 18 de abril de 2016.
OBS: Página recebida pelo médium na data
acima, porém, tão somente agora sendo publicada.
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