“Não
são bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal;
tendem tanto para um como para outro, e não se elevam sobre a condição vulgar
da Humanidade, quer pela moral ou pela inteligência. Apegam-se às coisas deste
mundo, saudosos de suas grosseiras alegrias.” – “O Livro dos Espíritos”, item
105.
Existe
uma crença generalizada entre os adeptos do Espiritismo, de que, habitualmente,
aquele/a que se devota ao Bem em sua atual encarnação, é um espírito
missionário, com tarefa definida, que já efetuou muitas conquistas em suas
vidas anteriores.
Todavia,
não se pode generalizar tal concepção.
Espíritos
existem, talvez em maioria, que, permanecendo, durante séculos, em estado de
neutralidade, começam a despertar para a necessidade de desenvolverem-se no
campo da bondade.
Em
determinado momento evolutivo, fruto de certo amadurecimento psíquico, na esfera
intelecto-moral, e, com certeza, deixando-se influenciar por ideias positivas à
sua volta, compreendem que, afinal, precisam abandonar a situação de milenar
comodismo e se entregaram à ação construtiva.
Não
se trata, portanto, de espíritos cujas virtudes já logrem superar as suas
imperfeições, ao ponto de se fazerem admirados pelo seu desprendimento e
renúncia, nos quais, simplesmente, não passam de meros iniciantes.
Claro
que todos eles devem merecer o nosso respeito pelo esforço de autossuperação
que começam a empreender, esforço, no entanto, ainda muito sujeito a
retrocessos em face dos obstáculos com que venham a se deparar no tentame.
Todavia,
como os Espíritos Superiores disseram a Kardec, os espíritos em condição
“neutra”, assim como eles podem se inclinarem para o Bem, igualmente, podem se
inclinarem para o mal – o que, inclusive, acontece quando lhes falte suficiente
determinação para concretizarem os seus novos propósitos, dando-nos, então, a
impressão de que tais espíritos falharam em sua missão.
Não,
eles não falharam em missão, pois que apenas e tão somente ainda não
conseguiram se distanciarem o suficiente da influência negativa das próprias
deficiências.
Daí
estarrecerem-se, muitas vezes, os que anotam certos desvios morais em
companheiros que tomavam por exemplos de conduta retilínea, e que, de um
instante para outro, os decepcionaram.
Não
subvalorizemos a quem seja, mas, por outro lado, no intuito de preservar-nos na
crença dos valores espirituais na criatura, passíveis de serem alcançados, após
laboriosa luta, por todos os espíritos, no corpo e fora dele, não
supervalorizemos a ninguém.
Em
geral, o espírito encarnado que se devota ao Bem dos semelhantes e que procura
agir de maneira coerente, no respeito às leis, primando pela justiça e pela
honestidade, está ensaiando os seus primeiros passos na direção da luz, e, por
isto, é natural que ainda traga consigo muitos traços de treva, que podem
suscitar-lhe recaída.
Entendendo
que é assim, procuremos nos ater à recomendação do Apóstolo quando nos diz que
carecemos de incentivar-nos, uns aos outros, às boas obras, de vez que, de
vontade ainda extremamente débil, a qualquer momento poderemos sucumbir ao “homem
velho” que nos impede de ser uma nova criatura.
INÁCIO
FERREIRA
Uberaba
– MG, 25 de abril de 2016.
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