25.4.16

“ESPÍRITOS NEUTROS”

“Não são bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal; tendem tanto para um como para outro, e não se elevam sobre a condição vulgar da Humanidade, quer pela moral ou pela inteligência. Apegam-se às coisas deste mundo, saudosos de suas grosseiras alegrias.” – “O Livro dos Espíritos”, item 105.

Existe uma crença generalizada entre os adeptos do Espiritismo, de que, habitualmente, aquele/a que se devota ao Bem em sua atual encarnação, é um espírito missionário, com tarefa definida, que já efetuou muitas conquistas em suas vidas anteriores.
Todavia, não se pode generalizar tal concepção.
Espíritos existem, talvez em maioria, que, permanecendo, durante séculos, em estado de neutralidade, começam a despertar para a necessidade de desenvolverem-se no campo da bondade.
Em determinado momento evolutivo, fruto de certo amadurecimento psíquico, na esfera intelecto-moral, e, com certeza, deixando-se influenciar por ideias positivas à sua volta, compreendem que, afinal, precisam abandonar a situação de milenar comodismo e se entregaram à ação construtiva.
Não se trata, portanto, de espíritos cujas virtudes já logrem superar as suas imperfeições, ao ponto de se fazerem admirados pelo seu desprendimento e renúncia, nos quais, simplesmente, não passam de meros iniciantes.
Claro que todos eles devem merecer o nosso respeito pelo esforço de autossuperação que começam a empreender, esforço, no entanto, ainda muito sujeito a retrocessos em face dos obstáculos com que venham a se deparar no tentame.
Todavia, como os Espíritos Superiores disseram a Kardec, os espíritos em condição “neutra”, assim como eles podem se inclinarem para o Bem, igualmente, podem se inclinarem para o mal – o que, inclusive, acontece quando lhes falte suficiente determinação para concretizarem os seus novos propósitos, dando-nos, então, a impressão de que tais espíritos falharam em sua missão.
Não, eles não falharam em missão, pois que apenas e tão somente ainda não conseguiram se distanciarem o suficiente da influência negativa das próprias deficiências.
Daí estarrecerem-se, muitas vezes, os que anotam certos desvios morais em companheiros que tomavam por exemplos de conduta retilínea, e que, de um instante para outro, os decepcionaram.
Não subvalorizemos a quem seja, mas, por outro lado, no intuito de preservar-nos na crença dos valores espirituais na criatura, passíveis de serem alcançados, após laboriosa luta, por todos os espíritos, no corpo e fora dele, não supervalorizemos a ninguém.
Em geral, o espírito encarnado que se devota ao Bem dos semelhantes e que procura agir de maneira coerente, no respeito às leis, primando pela justiça e pela honestidade, está ensaiando os seus primeiros passos na direção da luz, e, por isto, é natural que ainda traga consigo muitos traços de treva, que podem suscitar-lhe recaída.
Entendendo que é assim, procuremos nos ater à recomendação do Apóstolo quando nos diz que carecemos de incentivar-nos, uns aos outros, às boas obras, de vez que, de vontade ainda extremamente débil, a qualquer momento poderemos sucumbir ao “homem velho” que nos impede de ser uma nova criatura.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 25 de abril de 2016.

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