Dias atrás, um amigo, comentando a matéria
que publicamos sobre “A Política em ‘Nosso Lar’”, disse que a Obra, da lavra
mediúnica de Chico Xavier, é comunista – não pudemos apanhar bem se, de fato,
ele estivesse querendo se referir à Obra em si ou, então, à cidade de “Nosso
Lar”, em sua organização político-administrativa.
Esperando que ele entenda que respeitamos a
sua opinião, precisamos dizer que, mesmo sem ser um expert em Política, existe
fundamental diferença entre Comunismo e Socialismo.
Em palavras simples, sem tantos
aprofundamentos teóricos, dos quais eu não seria capaz, o Comunismo, de Karl
Marx e Friedrich Engels, foi, e continua sendo, a perversão do Socialismo, de
Jesus Cristo.
O Comunismo é a suástica, o Socialismo é a
cruz.
A suástica é a cruz gamada, voltada para
dentro de si mesmo, na representação do egoísmo, inclusive racial, que culminou
com o desastre do Nazismo.
A cruz é composta por duas traves que se
abraçam, uma na horizontal, estendendo-se a toda Humanidade, e outra na
vertical, apontando para o Alto, inclusive, unindo o Visível ao Invisível.
Representado no mundo atual, principalmente,
pela Rússia (comunismo disfarçado), China, Coréia do Norte, e, porque não
dizer, pelo Estado Islâmico, nos extremos do fanatismo religioso, o Comunismo é
uma farsa, dentro da qual, os seus líderes mantêm o povo em regime de
escravidão, cerceando o que o homem possui de mais sagrado que é a liberdade de
pensamento e de expressão.
No Comunismo, a foice e o martelo como
símbolo das trevas, opõem-se ao pão e ao peixe, que o Cristo multiplicou e,
igualmente, dividiu entre a multidão faminta, fazendo com que lhe sobrasse doze
cestos, como a dizer aos homens que não precisavam ter receio de dividir entre
si, porque, em essência, o que se divide é o que se multiplica.
De fato, “Nosso Lar”, esta obra fantástica,
psicografada em 1943, no auge da Segunda Grande Guerra, demonstra como deverá
ser a Humanidade do futuro, sem o cabresto moral dessa ou dessa daquela
concepção religiosa, porque, em nenhum de seus cinquenta magníficos capítulos
há sequer a menor alusão de que a referida cidade espiritual seja espírita –
nela impera o “amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
Não há, em “Nosso Lar”, outra preocupação
com capital que não seja o do moral elevado, porque o dinheiro, pertencente a
César, foi completamente banido, utilizando-se os seus moradores de uma
revolucionária moeda de troca denominada “bônus hora”, que se caracteriza pelo
número de horas de trabalho dedicadas à coletividade, com ênfase para a qualidade
dessas mesmas horas de trabalho – curiosamente, quem trabalha em “Nosso Lar”
com crianças, sempre recebe em dobro!
Em “Nosso Lar”, por exemplo, não há
latifundiários, porque a terra, sendo patrimônio comum, pode ser usufruída por
todos, e, portanto, toda e qualquer especulação financeira, que sempre
infelicitou o mundo, se encontra banida – em “Nosso Lar”, ninguém pode possuir
mais que uma propriedade, ou seja, uma casa de morada.
Precisamos, ainda, dizer que, “Nosso Lar”,
fundada em meados do século XVI, por distintos portugueses desencarnados no
Brasil, é a revivescência da “Casa do Caminho”, fundada pelos Apóstolos, em
Jerusalém, porquanto todos os que se faziam seguidores do “Caminho”, conforme
Lucas registra em “Atos dos Apóstolos”, doavam todos os seus bens para a
comunidade, que, qual em “Nosso Lar”, se supria a partir de um “celeiro
central” – Ananias e Safira, que haviam tentado burlar a Pedro, ou seja,
inaugurar o ilícito na “Casa do Caminho”, por tamanho drama de consciência, a
si mesmos se puniram, caindo mortos aos pés do Apóstolo!...
Portanto, não há que tapar-se o Sol com a
peneira: o Cristianismo é socialista, e, em sua revivescência, igualmente o
Espiritismo o é, em sua transcendente Filosofia , embora muitos de
seus adeptos ainda não o logrem ser, apegados que, relativamente, se encontram
aos bens transitórios da existência humana. (porque era dono de muitas
propriedades, o jovem rico não quis seguir a Jesus– ele retirou-se muito
triste)
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 808,
quando trata do assunto de uma possível divisão igualitária dos bens materiais,
os Espíritos disseram a Kardec que, infelizmente, na atualidade, se tal viesse
a acontecer, devido às naturais diferenças intelecto-morais entre os homens,
logo tudo voltaria a ser como antes, com os aproveitadores (os velhacos e os
ladrões) submetendo os menos aptos.
Nada, porém, pior que o Comunismo declarado,
praticado às claras, do que um Socialismo mentiroso – este é um dos piores
sofismas que, no mundo contemporâneo, as trevas lograram forjar, para continuar
iludindo o povo, que, contentando-se com migalhas, deixa de reivindicar o que
lhe é de direito: Escola, Saúde e Trabalho! E o pior é que o Socialismo
mentiroso, apoiado pelo interesse de seitas religiosas oportunistas, traveste-se
de Cristianismo, mas, não obstante, está muito longe de Jesus Cristo – as
igrejas, em maioria, são comunistas, e não socialistas! – A Igreja Católica é
comunista – acumula, e não divide bens!)
Portanto, meu amigo, “Nosso Lar”, esta Obra
futurista da lavra mediúnica de Chico Xavier, que, aliás, era o sonho de
Platão, o eminente discípulo de Sócrates, em “A República”, não tem nada a ver
com o Comunismo, e, você me perdoe, mas, neste sentido, você e a quem como você
pensa estão precisando estudar um pouco mais.
A foice e o martelo, meu caro, é a suástica
estilizada!
E doe isso a quem doer!...
O meu compromisso de espírito é com a
Verdade e não com quem quer comprar ou deixar de comprar os meus livros, que,
ainda, talvez atirados dentro de um vaso sanitário fiquem bem melhor do que nas
mãos de falsos moralistas.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 10 de abril de 2016
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