12.4.16

A SUÁSTICA E A CRUZ

Dias atrás, um amigo, comentando a matéria que publicamos sobre “A Política em ‘Nosso Lar’”, disse que a Obra, da lavra mediúnica de Chico Xavier, é comunista – não pudemos apanhar bem se, de fato, ele estivesse querendo se referir à Obra em si ou, então, à cidade de “Nosso Lar”, em sua organização político-administrativa.
Esperando que ele entenda que respeitamos a sua opinião, precisamos dizer que, mesmo sem ser um expert em Política, existe fundamental diferença entre Comunismo e Socialismo.
Em palavras simples, sem tantos aprofundamentos teóricos, dos quais eu não seria capaz, o Comunismo, de Karl Marx e Friedrich Engels, foi, e continua sendo, a perversão do Socialismo, de Jesus Cristo.
O Comunismo é a suástica, o Socialismo é a cruz.
A suástica é a cruz gamada, voltada para dentro de si mesmo, na representação do egoísmo, inclusive racial, que culminou com o desastre do Nazismo.
A cruz é composta por duas traves que se abraçam, uma na horizontal, estendendo-se a toda Humanidade, e outra na vertical, apontando para o Alto, inclusive, unindo o Visível ao Invisível. 
Representado no mundo atual, principalmente, pela Rússia (comunismo disfarçado), China, Coréia do Norte, e, porque não dizer, pelo Estado Islâmico, nos extremos do fanatismo religioso, o Comunismo é uma farsa, dentro da qual, os seus líderes mantêm o povo em regime de escravidão, cerceando o que o homem possui de mais sagrado que é a liberdade de pensamento e de expressão.
No Comunismo, a foice e o martelo como símbolo das trevas, opõem-se ao pão e ao peixe, que o Cristo multiplicou e, igualmente, dividiu entre a multidão faminta, fazendo com que lhe sobrasse doze cestos, como a dizer aos homens que não precisavam ter receio de dividir entre si, porque, em essência, o que se divide é o que se multiplica.
De fato, “Nosso Lar”, esta obra fantástica, psicografada em 1943, no auge da Segunda Grande Guerra, demonstra como deverá ser a Humanidade do futuro, sem o cabresto moral dessa ou dessa daquela concepção religiosa, porque, em nenhum de seus cinquenta magníficos capítulos há sequer a menor alusão de que a referida cidade espiritual seja espírita – nela impera o “amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
Não há, em “Nosso Lar”, outra preocupação com capital que não seja o do moral elevado, porque o dinheiro, pertencente a César, foi completamente banido, utilizando-se os seus moradores de uma revolucionária moeda de troca denominada “bônus hora”, que se caracteriza pelo número de horas de trabalho dedicadas à coletividade, com ênfase para a qualidade dessas mesmas horas de trabalho – curiosamente, quem trabalha em “Nosso Lar” com crianças, sempre recebe em dobro!
Em “Nosso Lar”, por exemplo, não há latifundiários, porque a terra, sendo patrimônio comum, pode ser usufruída por todos, e, portanto, toda e qualquer especulação financeira, que sempre infelicitou o mundo, se encontra banida – em “Nosso Lar”, ninguém pode possuir mais que uma propriedade, ou seja, uma casa de morada.
Precisamos, ainda, dizer que, “Nosso Lar”, fundada em meados do século XVI, por distintos portugueses desencarnados no Brasil, é a revivescência da “Casa do Caminho”, fundada pelos Apóstolos, em Jerusalém, porquanto todos os que se faziam seguidores do “Caminho”, conforme Lucas registra em “Atos dos Apóstolos”, doavam todos os seus bens para a comunidade, que, qual em “Nosso Lar”, se supria a partir de um “celeiro central” – Ananias e Safira, que haviam tentado burlar a Pedro, ou seja, inaugurar o ilícito na “Casa do Caminho”, por tamanho drama de consciência, a si mesmos se puniram, caindo mortos aos pés do Apóstolo!...
Portanto, não há que tapar-se o Sol com a peneira: o Cristianismo é socialista, e, em sua revivescência, igualmente o Espiritismo o é, em sua transcendente Filosofia, embora muitos de seus adeptos ainda não o logrem ser, apegados que, relativamente, se encontram aos bens transitórios da existência humana. (porque era dono de muitas propriedades, o jovem rico não quis seguir a Jesus– ele retirou-se muito triste)
Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 808, quando trata do assunto de uma possível divisão igualitária dos bens materiais, os Espíritos disseram a Kardec que, infelizmente, na atualidade, se tal viesse a acontecer, devido às naturais diferenças intelecto-morais entre os homens, logo tudo voltaria a ser como antes, com os aproveitadores (os velhacos e os ladrões) submetendo os menos aptos.
Nada, porém, pior que o Comunismo declarado, praticado às claras, do que um Socialismo mentiroso – este é um dos piores sofismas que, no mundo contemporâneo, as trevas lograram forjar, para continuar iludindo o povo, que, contentando-se com migalhas, deixa de reivindicar o que lhe é de direito: Escola, Saúde e Trabalho! E o pior é que o Socialismo mentiroso, apoiado pelo interesse de seitas religiosas oportunistas, traveste-se de Cristianismo, mas, não obstante, está muito longe de Jesus Cristo – as igrejas, em maioria, são comunistas, e não socialistas! – A Igreja Católica é comunista – acumula, e não divide bens!)
Portanto, meu amigo, “Nosso Lar”, esta Obra futurista da lavra mediúnica de Chico Xavier, que, aliás, era o sonho de Platão, o eminente discípulo de Sócrates, em “A República”, não tem nada a ver com o Comunismo, e, você me perdoe, mas, neste sentido, você e a quem como você pensa estão precisando estudar um pouco mais.
A foice e o martelo, meu caro, é a suástica estilizada!
E doe isso a quem doer!...
O meu compromisso de espírito é com a Verdade e não com quem quer comprar ou deixar de comprar os meus livros, que, ainda, talvez atirados dentro de um vaso sanitário fiquem bem melhor do que nas mãos de falsos moralistas.

INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 10 de abril de 2016

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