I. O QUE É CARIDADE?
Caridade é a expressão do amor pelo
próximo.
"Faço o que quero" é a filosofia
de quem ainda é materialista e egoísta.
Nela, não há qualquer respeito pelo
semelhante.
"Não faço aos outros o que não quero
que façam a mim" é a filosofia da pessoa comum, de mediana evolução
espiritual. Nela, já há respeito pelos semelhantes, certo senso de justiça.
"Faço aos outros o que quero que
façam a mim" é a filosofia da pessoa caridosa. Nela, há não só respeito
para com os semelhantes mas também uma benévola disposição íntima em favor
deles, que leva a servi-ls em puro sentimento de solidariedade.
II. SUAS CARACTERÍSTICAS
Diz o apóstolo Paulo, na I Epístola aos
Coríntios (cap. 13 vs. 4 a
7) que a caridade é:
- paciente: persevera tranqüilamente na
disposição de ajudar;
- benigna: benfazeja, só faz o que é bom;
- não é invejosa: quer o bem para o seu
semelhante, portanto não inveja o que ele esteja conseguindo, realizando ou
recebendo de bom;
- não se ufana: não se vangloria de si
mesma ou do bem que faz ("Não saiba a sua mão esquerda o que faz a sua mão
direita");
- não se ensoberbece: não se coloca acima
do seu semelhante, não se julga melhor nem com mais direitos do que as outras
criaturas;
- não se porta inconvenientemente: não age
de modo precipitado, temerário, nem indecoroso;
- não busca o seu interesse: o que faz é
pensando unicamente em beneficiar o próximo;
- não se irrita: não se altera por coisa
alguma (incompreensão, maledicência, ingratidão, indiferença), nem perde o
gosto de praticar o bem;
- não se alegra com a injustiça: enquanto
houver injustiça não pode haver verdadeira paz e felicidade para ninguém;
- não suspeita mal: não atribui maldade ao
próximo não pensa mal dos outros nem fala mal de ninguém;
- mas rejubila-se com a verdade: porque
esta é a pedra de toque de todas as realizações e o bem básico para todas as
criaturas ("Seja o vosso falar sim,
sim, não, não");
- tudo sofre: recebe o mal sem revidá-lo,
desculpa sempre ("Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que
fazem");
- tudo crê: confia em Deus e também nas
pessoas, pois são criação divina (Jesus a Judas, no horto: "Amigo, a que
vens?");
- tudo espera: porque na lei divina o bem
sempre terá natural retribuição e mesmo o mal, se bem enfrentado e suportado,
resultará num bem;
- tudo suporta: agüenta dificuldades e
dores, aceita encargos e responsabilidades, mantém serviços e tarefas.
("Aquele que perseverar até o fim será salvo".)
III. NECESSIDADE DA CARIDADE
É
por desígnio divino que vivemos em sociedade, porque, assim, nossas qualidades
se complementam umas às outras e podemos nos auxiliar mutuamente.
Sem a caridade, porém, o egoísmo impera,
ninguém respeita nem ajuda a ninguém, tornando o viver mais difícil, doloroso e
triste.
Somente praticando a caridade (sendo
fraternos e estando dispostos a nos ajudarmos mutuamente) chegaremos a nos
realizar inteiramente, tanto por desenvolver as virtudes e qualidades que
trazemos em potencial, como por alcançarmos um relacionamento bom e profundo
com nossos semelhantes. E, também, conseguiremos construir um mundo melhor,
mais solidário e feliz.
A caridade é a negação absoluta do orgulho
e do egoísmo, justamente os maiores obstáculos ao progresso moral, nosso e da
sociedade.
Por isso, dizia ainda o apóstolo Paulo (I
Cor. 13 vs. 1-3):
"Ainda que eu fale a língua dos
homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o
címbalo que tine.
"Ainda que eu tenha o dom da profecia
e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que possua a fé em
plenitude, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.
"Ainda que distribua todos os meus
bens em esmolas e entregue o meu corpo a fim de ser queimado, se não tiver
caridade, nada me aproveita."
Jesus ensinou que devemos "Amar a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Mas ninguém ama
a Deus sem amar o seu próximo (que é obra do próprio Deus). "Se alguém diz
que ama a Deus e não ama ao seu próximo é um mentiroso, pois se não ama ao
próximo, a quem vê, como pode amar a quem não vê?" (Jo. 4:20.)
O apóstolo Paulo concluiu seus comentários
sobre a caridade, dizendo:
"Agora, pois, permanecem estas três
virtudes: a fé, a esperança e a caridade; porém a maior delas é a
caridade".
O Espiritismo, concordando com os ensinos
evangélicos, adota por lema: "Fora da caridade não há salvação".
IV. COMO PRATICAR A CARIDADE?
Pensar no semelhante, procurar propiciar o
que ele precisa ou o que possa contentá-lo legitimamente.
Caridade material
É a que se faz com coisas materiais.
Dar do supérfluo que se tem, daquilo que
nos sobra, é apenas dever.
Dar, visando algum interesse, não é a
caridade, é barganha, é troca.
Quando se quer mesmo ajudar ou contentar
alguém em sentimento caridoso, damos até o que não é supérfluo para nós, do que
nos é necessário e até do que nos faz falta. Ex.: a esmola da viúva pobre. (Mc.
12 v 42-44.)
A fim de que a caridade material não seja
humilhante para quem dela precisa, juntar ao que se dá palavras gentis, um
sorriso, uma vibração de amor.
Se possível, fazer que a pessoa se sinta
produzindo algo em troca ou, de alguma maneira, ajudando a nós ou a outros,
para preservar assim sua dignidade pessoal.
Caridade moral
Todos podem praticá-la, pois todos podem
dar de si mesmos, de seu tempo, de seu trabalho, de seu conhecimento, de sua
inteligência ou aptidões, de sua atenção, de sua tolerância, de sua
indulgência, de seu perdão, de seu consolo, de seu amparo, simpatia, sorriso,
de sua orientação, de seu amor.
A prática de qualquer virtude em benefício
de alguém é caridade.
É caridade, em alto grau, ajudar alguém a
equilibrar-se, desenvolver-se e ser capaz de bastar-se material ou
espiritualmente. (Não apenas dar o peixe mas ensinar a pescar.)
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