O
Brasil vive dias difíceis. De todos os lados, as críticas, o desarranjo
institucional, a quebraria na economia, o desemprego que aumenta, a inflação
que sobe, e, o pior de tudo, a desesperança do povo que cresce.
Neste
quadro desolador, precisamos ter paciência, mas também coragem para
enfrentá-los.
Tudo
exige temperança, calma, mas seriedade de propósitos para avançarmos em direção
às mudanças desejadas.
De
um lado, vemos um governo fraco, débil, sem saber para onde ir. De outro, a
população a espera de uma ação enérgica que promova a tranquilidade de todos.
Diante
deste quadro gravíssimo, temos que verificar o que está sob o perigo dos
unguantes pensamentos vigentes.
Somos
todos responsáveis pelas questões que estão aí, mesmo que a causa delas tenha vindo
do poder constituído, afinal de contas, continuaremos a viver na mesma
república, no mesmo país, portanto, as saídas se fazem urgentes em serem
devidamente construídas.
O
aparato governamental não sabe o que fazer. Enquanto isso, as alternativas de um
consenso nacional em torno de propostas balizadoras de uma nova frente de
governo se agigantam nos bastidores do poder.
Ninguém
sabe ao certo para onde ir. Se houvesse, ao menos, homens confiáveis que se
pudessem depositar a esperança do reequilíbrio da política nacional, mas nem
isso há. Os poucos que assim se enxergam são colocados de lado no balanço das
opções porque são classificados como sonhadores, haja vista que a prática
política é rasteira e objetiva: cada um que cuide de seus interesses próprios e
o povo, em consequência, que se beneficie das migalhas.
Retrato
fiel disto são as notícias de corrupção que não param de chegar por todos os
lados e ainda está longe por finalizar. Este cancro que se instalou no nosso
País possui o seu lado saneador, porém a demora até se instalar uma nova ordem
de coisas será grande, inevitavelmente.
O
que está escondido, meus senhores, e que poucos veem, é o estrangulamento de um
modelo de se fazer política, mas que terá profunda resistência na sua abolição,
porque é demais imaginar que os atuais protagonistas se inclinem em quebrar
paradigmas e produzam uma mudança completa do modelo existente. Quem sabe uma
nova constituinte exclusivamente para adotar o novo modelo político que o País
reclama? É uma saída para um acordo possível.
Como
de outras tantas vezes, pode-se buscar no Parlamentarismo uma saída momentânea,
com prazo certo, até que a situação se normalize. Garante-se, por enquanto, o
poder de Estado para a atual presidente e depois das novas eleições se construa
novamente o Presidencialismo.
Há
um perigo iminente, meus senhores, o perigo da desorganização civil. Ninguém dá
mais crédito ao atual governo que somente se estabelece pela força legal –
nisto ninguém contesta, no entanto, deve se encarar que governo sem autoridade
não é governo.
O
momento é grave porque o povo pode, na ilusão de tudo melhorar, dar ouvidos a
velhos argumentos de militarização ou de aparecer algum oportunista de plantão
que se incumba, por poderes própios por ele designado, como verdadeiro salvador
da pátria. Perde-se de todo jeito.
Com
a economia cambaleante, com o poder central destituído de autoridade, os riscos
de cortes institucionais abruptos são grandes, porque a paciência tem prazo
certo à mesa de quem nada tem e dos produtores de riqueza que veem escorregar
das suas mãos os seus investimentos.
O
momento é mais grave ainda, senhores, porque forças antagônicas ao bem, como já
me referi anteriormente, aproveitam a desarmonia instalada para, à espreita,
solapar os desejos de organização do bem e da ordem geral.
Jogarão
irmãos contra irmãos. Verão, como se diz, ao circo pegar fogo e rirão daqueles
que acreditam como eu que o nosso país possui a tendência de ser um exemplo
vivo da implantação do Evangelho de Jesus na sociedade.
Políticos
de várias frentes, da história recente do Brasil, estão a postos, eles não
baixam a guarda quando o interesse geral do povo brasileiro está em jogo.
Vejo
Tancredo Neves coordenando uma facção deles em prol de uma solução pacificadora
e conciliadora. Na mesma direção, o grande Ulysses Guimarães conversa com
setores do governo instalado, no plano espiritual, para que eles não alimentem,
durante a vigília, planos megalomaníacos de preservação do poder a todo custo.
Nos
bastidores da política material trabalham incessantemente aqueles que sempre
tiveram compromisso com o Brasil, independentemente de colorações partidárias
que todos eles sabem que foram momentâneas no passado, mas que hoje há um
partido maior a se defender: a conciliação para se ter um País que volte para o
caminho da sua normalidade democrática e econômica.
Tudo
estará bem num futuro próximo. Assim desejamos e trabalhamos, mas não será sem
luta, sem a partipação equilibrada de todos, nos dois planos da vida.
Estejamos
juntos e unidos pelo nosso grande e glorioso Brasil.
Joaquim
Nabuco
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