Realmente, não temos, como,
aliás, nunca tivemos o propósito de, em hipótese alguma, incentivar a desunião
em nossas fileiras doutrinárias – contudo, se não nos move a intenção de
estabelecer conflitos, não nos omitimos, quanto não nos omitiremos, sob qualquer
pretexto, no que diz respeito ao testemunho da Verdade, ensejando, a partir de
nossa própria gleba interior, a difícil separação do joio e do
trigo.
Lamentamos, profundamente,
os que, neste sentido, não concordam com o nosso modo de ser e de pensar,
continuando, não obstante, a evocar para nós o direito de ser o que somos,
arcando, claro, com os evidentes mal entendidos – que, para nós, prejuízos não
são! – da clara posição que, perante os nossos postulados, escolhemos
adotar.
Para mim, chega de
condescender com o erro e a mentira, com os quais – acredito – todos nós já
condescendemos excessivamente em existências
pregressas.
De minha parte, portanto –
eis que repito à saciedade –, não estabelecerei conchavos doutrinários,
objetivando a mais ampla aceitação do possível conteúdo de nossas obras de
natureza mediúnica.
De há muito, felizmente,
não mais estamos a disputar aplausos e encômios, ainda tão a gosto daqueles que
estimam desfrutar dos prestígios mundanos.
Em nome de uma pretexta
caridade não me calarei, e nem recuarei, porquanto, para espíritos do meu
entendimento, não há caridade maior do que ser sincero e transparente na defesa
dos Princípios que nos conferem paz à consciência.
Impossível servir-se a Deus
e César!
O Cristo nos conclama ao
“sim, sim; não, não”!
Que os nossos detratores
dos Dois Lados da Vida, saibam que, Dos Dois Lados da Vida, não haveremos, com a
graça de Deus, de repetir os equívocos que cometemos quando, com o intuito de
agradar aos poderosos, terminamos por assumir grave responsabilidade na
deturpação do Cristianismo.
Por minha culpa, não
acontecerá ao Espiritismo o que ao Cristianismo fizemos
acontecer.
Se, infelizmente, valorosos
companheiros de Ideal, notadamente no corpo carnal, estimam a política rasteira
de bastidores, em mil tramas levianas e irresponsáveis, disputando um pretenso
poder, que, em Espiritismo, não existe, tomamos a liberdade de alertá-los de
que, muito breve, serão exortados a prestar contas de suas ações e... intenções!
Ainda hoje, ou amanhã, a desencarnação haverá de submetê-los ao confronto
consigo mesmos, perante o qual nada – e ninguém! – poderá
valê-los!
Se os nossos escritos
mediúnicos, aqui e alhures, estão a incomodá-los, rasguem-nos! Atirem-nos à
primeira lata de lixo que lhes estiver ao alcance das mãos, porque não
escreverei uma só linha que necessite de negociar com os interesses desse ou
daquele grupo!...
Aqui, estando neste
momento, na cidade do Porto, em Portugal, ao lado de tantos amigos do Mais Além,
preocupados com os rumos do Espiritismo no Brasil e em Portugal, não mais
desejando cansá-los com a minha arenga de espírito tão sofredor quanto o mais
sofredor de qualquer um de vocês, ocorre-me repetir o derradeiro verso do
notável Poeta que, de maneira estóica, lutou contra a escravidão, Castro Alves,
em seu imortal “Navio Negreiro”:
Fatalidade atroz que a
mente esmaga!
Extingue nesta hora o
brigue imundo
O trilho que Colombo abriu
nas vagas,
Como um íris no pélago
profundo!
Mas é infâmia demais! Da
etérea plaga,
Levantai-vos, heróis do
Novo Mundo!
Andrada! Arranca esse
pendão dos ares!
Colombo! Fecha as portas
dos teus mares!
Levantai-vos, pois, heróis
do livre pensar!
Não vos deixeis subornar
pelos lobos em pele de ovelhas, aos quais, com incisivas palavras, Jesus
repreendeu:
“Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós
entrais e nem deixais entrar aos que estão
entrando.”
INÁCIO
FERREIRA
Porto, Portugal, 20 de
agosto de 2015.
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