Antes que nos disponhamos a
comentar a matéria desta semana, solicitamos vênia aos nossos distintos leitores
para deixar uma pergunta no ar: não nos parece, no mínimo, curioso, que somente
João, o Evangelista, tenha registrado o diálogo de Jesus com Nicodemos, e,
posteriormente, a Sua promessa em relação ao advento do Consolador, que é o
Espiritismo?! Por que os demais Evangelistas, Mateus, Marcos e Lucas, não se
referiram a assuntos de tamanha transcendência tratados pelo Divino Mestre?!
Algo não nos induz a pensar que João, o discípulo amado, seria a reencarnação de
Allan Kardec, o Codificador, que, segundo tudo nos leva a crer, fora a única
testemunha auricular de tais ensinamentos?!
Assim posto, passemos,
rapidamente, a analisar o diálogo de Jesus com Nicodemos, considerado um dos
principais dos judeus, e que admitia a Jesus na condição de “Mestre vindo da
parte de Deus”, afirmando, em seguida, que: “... porque ninguém pode fazer estes
sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.”
Interessante é que a
palavra de Jesus a Nicodemos, sobre o tema da Reencarnação, soa espontaneamente
– sem que fosse especificamente questionado, Jesus escolheu falar a ele a
respeito das Vidas Sucessivas: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”
Claro, não poderia ver o reino
de Deus nos mundos além e, tampouco, sobre a Terra, onde, infelizmente, ele
ainda não se estabeleceu.
Na sequência daquele intrigante entendimento
verbal, a pergunta formulada pelo famoso doutor da lei, evidencia que, de fato,
estavam tratando, em seu sentido clássico, da Lei da Reencarnação: “Como pode um
homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer
segunda vez?”
Na resposta a Nicodemos, o Cristo não negou semelhante
possibilidade, admirando-se que, na condição de teólogo, ele não compreendesse a
natureza do processo reencarnatório: “Tu és mestre em Israel, e não compreendes
estas cousas?”
Ambos não estavam falando a respeito do sentido figurado
do“nascer de novo”, pois a questão formulada por Nicodemos era clara: “Como pode
um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e
nascer segunda vez?”
Cremos que o texto-chave para melhor compreensão daquilo
a que Jesus se referia, esteja nas seguintes palavras, inseridas no versículo 5,
do capítulo 3, do Evangelho de João: “Em verdade, em verdade te digo: Quem não
nascer da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus.” A referência ao
renascimento físico e moral está evidente. Toda vida sobre a face da Terra vem
da água – sem água a vida no orbe terrestre se revela impossível. O Cristo,
portanto, como muitos alegam, não estava se reportando à questão do batismo...
“Nascer da água” significa tornar a entrar no ventre materno, em novo
renascimento, com o novo corpo em formação a desenvolver-se no líquido
amniótico! Adão fora feito a partir do limo da terra, pela junção da terra com a
água, vulgarmente denominada “lodo”! O corpo é mais água do que qualquer outro
elemento material...
“Quem não nascer da água e do espírito” – eis a
sequência lógica do processo evolutivo: renascimento físico ensejando o
renascimento espiritual!
Surpreso diante da revelação, o sábio doutor da lei,
que, não obstante, havia feito a Jesus pergunta de criança, ouviu Dele a
advertência: “Se tratando de cousas terrenas não me credes, como crereis, se vos
falar das celestiais?”
Em outras palavras: Nicodemos não estava pronto para
compreender a Reencarnação nem mesmo em seu processo mais simples, que ocorre
sobre a Terra, e em orbes similares, quanto mais para o entendimento da
Reencarnação em toda a complexidade que a envolve, em seus mecanismos nos Mundos
Superiores!
Por tal motivo, ante o assunto de que temos tratado nas últimas
semanas, nada nos resta se não tomar por empréstimo as divinas palavras
proferidas pelo Senhor ao simpático doutor da lei: “Em verdade, em verdade te
digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto, contudo não
aceitais o nosso testemunho.”
Foi como se o Mestre lhe tivesse dito: assim
sendo, nada posso fazer...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 15 de
dezembro de 2014.
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