Questão 275 do Livro dos Espíritos
O poder que um encarnado exerce na Terra não é garantia de que,
no mundo espiritual, quando de sua volta, ele conservará a sua condição de
mando. A notoriedade entre os encarnados pode ser ilusória, dependendo do modo
pelo qual ele comanda seus irmãos. Em muitos casos, os mandatários no mundo das
formas podem ser muito inferiores aos que lhes obedecem, quando no mundo dos
Espíritos.
Os Espíritos nos dão exemplos disso, nos próprios livros
psicografados. Quantas vezes encontramos servos que, depois do túmulo, passam a
assistir, por caridade, aos que foram seus senhores? Também pode ocorrer que
senhores na Terra continuem senhores no espaço, visto que o comando é moral, e
depois do túmulo permanecem dirigindo os que eram seus comandados, por amor à
causa do bem. Isso tudo depende da elevação moral das criaturas.
Os pequenos
serão elevados e os grandes rebaixados, quando os pequenos assimilam e vivem a
mensagem endereçada a eles pelo Cristo. Os grandes líderes têm mais facilidade
de errar, devido às suas posições, no entanto, atendendo e escutando a voz do
Senhor, poderão se elevar muito, pelas muitas oportunidades de servir que
guardam em suas mãos.
O Espírito elevado é qual o diamante: mesmo na lama,
não perde seu brilho; é a mesma pedra preciosa. O anjo irradia amor, mesmo em
trabalho nos umbrais. Jesus Cristo desceu ao mundo para acender luzes nos
corações e deixou milhares de Seus seguidores, no sentido de conservar acesas
essas claridades nos corações. À Doutrina dos Espíritos, igualmente, foi dada
essa missão de reavivar os valores do Evangelho em todas as nações e em todas as
criaturas, para que a Terra se torne um paraíso, onde os Espíritos possam colher
o seu plantio de paz e de luz.
Jesus convida a todos os homens, de todas as
classes, para reverem os seus feitos e, se for preciso, retificarem suas
condutas na conduta d'Ele: se comandados, procurarem cumprir seus deveres na
pauta das leis; se senhores, não se esquecerem das suas obrigações morais e não
caírem nos momentos de fraqueza, inspirados pelo orgulho e pelo
egoísmo.
Todos somos filhos de Deus, com os mesmos direitos e deveres, de
acordo com o meio onde fomos chamados a servir. Se o homem está investido do
poder e da riqueza do mundo, em prova passageira, para que guardar avaramente o
seu ouro? E se amanhã o Senhor chamar a sua alma? O poder do dinheiro deve
circular, como as águas e o vento, em favor de todos.
Se o homem veio à Terra
para ser comandado, em posição difícil como serviçal, não deve se revoltar
contra os que dirigirem; é preciso que se arme de humildade para vencer a prova.
Para que ajuntar nos celeiros da consciência, o ódio, a inveja, a violência, a
maldade, se amanhã o Senhor poderá chamar a sua alma? Levará ele para o
além-túmulo tudo o que ajuntou nesse sentido. O rico deixa no mundo a riqueza e
o poder, mas carregará esses fardos de inferioridades por onde for. E eles pesam
na consciência fazendo o coração se cansar na arritmia da ignorância.
A
supremacia que se tem no mundo dos Espíritos é aquela enraizada no amor
universal, de modo que a caridade ilumine as consciências. Os pequenos podem ser
elevados no mundo dos Espíritos e os grandes rebaixados, mas lembremo-nos: pode
acontecer o contrário. Depende do modo pelo qual o coração oriente a
vida.
Livro: Filosofia Espírita - João Nunens Maia -
Miramez
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