Percebendo-me o espanto, Anacleto explicou: -
Nosso esforço é também educativo e não podemos desconsiderar a dor que instrui e
ajuda a transformar o homem para o bem. Nas normas do serviço que devemos
atender, nesta casa, é imprescindível ajuizar das causas na extirpação dos males
alheios. Há pessoas que procuram o sofrimento, a perturbação, o desequilíbrio, e
é razoável que sejam punidas pelas conseqüências de seus próprios atos. Quando
encontramos enfermos dessa condição, salvamo-los dos fluidos deletérios em que
se envolvem por deliberação própria, por dez vezes consecutivas, a titulo de
benemerência espiritual. Todavia, se as dez oportunidades voam sem proveito para
os interessados, temos instruções superiores para entregá-los à sua própria
obra, a fim de que aprendam consigo mesmos. Poderemos aliviá-los, mas nunca
libertá-los.
Depois de ligeira pausa e sentindo que eu não me atreveria a
interromper-lhe os preciosos ensinamentos, Anacleto prosseguiu:
- Este homem,
não obstante simpatizar com as nossas atividades espiritualizantes, é portador
dum temperamento menos simpático, por extremamente caprichoso. Estima as rixas
freqüentes, as discussões apaixonadas, o império de seus pontos de vista. Não se
acautela contra o ato de encolerizar-se e desperta incessantemente a cólera e a
mágoa dos que lhe desfrutam a companhia. Tornou-se, por isso mesmo, o centro de
convergência de intensas vibrações destruidoras. Veio ao nosso grupo em busca de
melhoras, e, desde há muitas semanas, buscamos orientá-lo no serviço do amor
cristão, chamando-lhe a consciência à prática de obrigações necessárias ao seu
Próprio bem-estar. O infeliz, porém, não nos ouve. Adquire ódios com facilidade
temível e não percebe a perigosa posição em que se confina. Freqüenta-nos há
pouco mais de três meses e, durante esse tempo, já lhe fizemos as dez operações
de socorro magnético integral, alijando-lhe as cargas malignas, não só dos
pensamentos de angústia e represália que ele provoca nos outros, mas também dos
pensamentos cruéis que fabrica para si. Agora, temos de interromper o serviço de
libertação, por algum tempo. A sós com a sua experiência forte, aprenderá lições
novas e ganhará muitos valores. Mais tarde, receberá, de novo, o socorro
completo.
Livro: Missionarios da Luz - Francisco C. Xavier
- Andre Luiz
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