Questão 277 do Livro dos Espíritos
O general de
qualidades morais inatacáveis, ao encontrar com seus soldados no mundo
espiritual, pode continuar a orientá-los, para a verdadeira guerra, que se trava
no campo de batalha interno. Como no caso de Napoleão Bonaparte, Espírito de
alta esfera, que no mundo espiritual continua a comandar os que queiram seguir
seus conselhos na guerra consigo mesmo. Os inimigos combatidos por ele no plano
que habita são os inimigos internos, muito piores que aqueles que pensamos ter
nas lutas que travamos na Terra.
Por outro lado, o general de instintos
inferiores, que tem prazer em massacrar os prisioneiros, que se compraz em matar
seus irmãos em lutas, que usurpa os bens dos derrotados, que não olha as
conseqüências das guerras, sem procurar amenizar os distúrbios entre as famílias
dos falecidos nas batalhas, esse, em muitas ocasiões, ao passar para o mundo dos
Espíritos, pode estar bem abaixo dos seus comandados e precisar deles para o
guiarem, devido a sua cegueira no plano espiritual. É, pois, rebaixado a
soldado, ainda mais, de péssima categoria, porque o seu orgulho o impede de
receber melhores socorros.
O título nada vale quando não é bem compreendido;
o que vigora é a força moral, emblema divino que brilha como o sol no centro
d'alma. As posições são efêmeras, somente para marcar um ponto na disciplina do
que obedece, e servem para ele de educação, correspondendo à obediência. Quem
obedece ganha muito, se sabe obedecer.
Há muitos meios de se comandar sem
desprezar o valor humano, e as forças armadas têm muitos exemplos de grandes
comandantes que conheciam o momento da energia e a hora da ponderação, e mesmo
da amizade. O mundo está mudando, mesmo sem que certos homens percebam. A
natureza é paciente, mas, não pára, e está sempre aperfeiçoando os métodos de
educação juntamente com o saber.
Quando os homens notarem esse milagre do
progresso moral, podem ajudar na sua aceleração, de modo que os beneficiados
serão eles mesmos em todas as faixas de vida. Todos somos soldados de Deus;
general, somente Cristo o é, e Ele busca constantemente em Deus todo o Seu saber
e força para nos comandar.
O orgulho de vestir uma roupa diferente e ter
estagiado em escolas melhores não nos leva a nada, quando o coração esquece a
caridade e o amor. Todos somos iguais aos olhos do nosso Pai.
Os diferentes
planos nos quais nos posicionamos, não nos conferem vaidade nem prepotência e,
sim, mais amor; aquele que mais amar, mostrará que é superior aos que
desconhecem a verdade.
Devemos ser generais de nós mesmos, lutando contra as
nossas inferioridades, porque quando deixamos as batalhas exteriores, começamos
as de dentro, que são bem mais difíceis de serem vencidas. As armas que usamos
conosco mesmos devem ser a disciplina dos nossos impulsos, a correção das nossas
faltas e, para com os outros, usemos o amor e a benevolência, a caridade e o
perdão. Quando todos conhecerem essa tática sideral de iluminação, o mundo e a
humanidade se confundirão nas claridades de Deus, que usa sempre o Cristo para
nos dizer:
Levantai e andai!
Livro: Filosofia Espírita - João Nunes Maia -
Miramez
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