A Luta pela Verdade
A verdade há sempre de
imperar. Pode demorar para se revelar, mas um dia ela chega inevitavelmente e
põe tudo no seu devido lugar.
Há pouco, nesta semana, a Comissão da Verdade
sobre os crimes praticados nos tempos da ditadura militar no Brasil entregou seu
relatório final à presidência da República.
Vi com muito entusiasmo o
restabelecimento da verdade. Ali, naquele relatório, estava contido a verdade
escondida, a verdade não revelada. O pior é que no tempo que elas ocorriam
parecia que nada estava acontecendo. Era uma hipocrisia total. Gente
desaparecendo e não mais se tendo qualquer notícia e o governo instalado, com a
maior cara de pau, anunciando que nada tinha a ver com os casos.
Foram tempos
difíceis que a memória teima em não apagar. E não deve. Os jovens de hoje
precisam ficar sabendo de tudo que aconteceu naquela época para mais tarde
evitar que aquilo venha a se repetir.
Fiquemos em alerta com qualquer tipo de
golpe, venha de qual lado vier, isto porque muitos que posam de bonzinhos hoje
só esperam o momento ideal para poder exercer a sua tirania, é sempre
assim.
Todos os governos autoritários da história democrática passaram como
guardiões dos interesses do povo e massacravam qualquer opinião contrária, tudo
aquilo que fosse de encontro com os "interesses nacionais".
Conheço bem esta
história com o que era narrado pela ditadura militar como a segurança nacional.
Pela segurança nacional tudo se podia, tudo se devia, estava até acima de Deus,
vejam só.
Aos desaparecidos a minha solidariedade irrestrita. Neste ponto a
Igreja foi altiva. Mesmo aqueles padres considerados como conservadores viam que
havia muita injustiça em jogo. Não se tratava somente de se instalar o não ao
comunismo no Brasil, mas do conjunto de atrocidades que se fazia em nome deste
perigo iminente. Verdadeira operação policial sem qualquer escrúpulo.
Do lado
de cá da vida, vejo muita gente arrependida e outras tantas ainda defendendo os
mesmos ideais. O tempo não passa para a maioria delas, devido ao impacto
negativo que lhes causaram o golpe militar de 1964 e todas as suas naturais
consequências arbitrárias.
Foram pessoas que lutavam por um vida melhor pelo
seu País, poderiam até estar equivocadas nos princípios que evocavam, mas não
era daquele jeito que se deveria atuar, violência jamais, mas no embate
democrático das ideias. O problema é naqueles tempos a paranoia norte-americana
e da União Soviética, a chamada "Guerra Fria", contaminava negativamente a tudo
e a todos. Para quê? Para dar em nada, pois os dois modelos se mostraram falidos
para o enriquecimento de todo o povo e para a melhoria das condições sociais e
humanas.
Pois bem, a verdade é que o saldo final é que ninguém saiu ganhando.
A radicalização, em momento algum, é fértil. Muitos morreram, outros foram
expulsos do País, numa ferocidade enorme. Todos perderam.
Os militares que
aqui chegam e foram os responsáveis diretos por estes atos respondem a
"tribunais" por aquilo que fizeram. A verdade se dá, nestes ambientes de justiça
que não são divinas, de maneira muito crua e cruel, muitas vezes. Inimaginável
dizer as penas que muitos recebem depois do julgamento final dos justiceiros dos
além.
Bom mesmo é amar, este sim o verdadeiro regime a ser implantado na
terra, trazido por Jesus, e que não há de cessar jamais o nosso desejo e a nossa
luta de verem presentes no dia a dia das pessoas.
A grande revolução pelo
amor aguarda a nossa ação de fé e realização. Ajamos logo, transformemos este
País a partir da nossa transformação individual. A maior das revoluções nos
espera com ações concretas e destemidas, quais foram daqueles jovens e
idealistas dos anos 60, 70 e 80 que presenciei de perto.
Abaixem as armas,
acabem de vez com a violência e, em seu lugar, implantemos o reino de Deus
proclamado por Jesus há dois mil anos. Engajemo-nos imediatamente como ativistas
da revolução pelo amor.
Em paz,
Helder Camara
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